São Paulo, quarta-feira, 20 de outubro de 2004

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DANÇA

Projeto baiano selecionou cinco iniciantes, entre 42 inscritos, que puderam criar seus espetáculos

Ateliê oferece controle total a coreógrafos

KATIA CALSAVARA
ENVIADA ESPECIAL A SALVADOR

De repente o criador percebe-se amparado não só por sua própria idéia mas por todo o aparato que envolve o processo de maturação da obra. No caso da dança, sabe-se que elenco, música, cenário, figurinos, iluminação e palco devem estar de acordo com as idéias do coreógrafo.
O Ateliê de Coreógrafos Brasileiros, projeto idealizado em Salvador pela ex-bailarina Eliana Pedroso, incentiva a criação de coreógrafos iniciantes e está em sua terceira edição. Neste ano, selecionou cinco artistas -Kleber Damaso (GO), Luiz de Abreu (SP), Saulo Uchôa (PE), Carlos Laerte (RJ), e Clênio Magalhães (BA)- que puderam escolher a trilha sonora do espetáculo, projeto de luz, cenografia, figurinos e elenco, a partir de audições realizadas na cidade.
"Construindo Janice", do bailarino Kleber Damaso, 25, abriu o evento, que termina hoje. Ele conta que sempre quis trabalhar com um retroprojetor e levou o instrumento, que considera arcaico e "midiático", ao palco.
O artista plástico Guilherme Wohlgemuth, 21, é o responsável pelo cenário que vai sendo desenhado em tempo real durante o espetáculo. Com o retroprojetor, as imagens são projetadas no fundo branco do palco. "Nós fazemos um exercício de contaminação entre traço e movimento e, a partir daí, construímos as histórias e os personagens", conta Damaso.
Com "Samba do Crioulo Doido" o bailarino Luiz de Abreu, levou ao palco dez bailarinos negros, todos nus. Ali surgem "coisificados", com imensas botas prateadas, sacolejando ao som do samba. "Em cena está a carnavalização do negro e a relação de amor e ódio que tenho com o meu país", fala Abreu.
Em "Relações", de Carlos Laerte, os bailarinos, com movimentos precisos, que sugerem diálogos o tempo todo, escalam uma rampa instalada no centro do palco e mostram um intrigante jogo de "me segura aqui que te seguro ali", típico de relações amorosas.
"Oposto", de Clênio Magalhães, brinca com os recursos da tecnologia e leva ao palco um ambiente futurista em guerra. Hoje será apresentado "Vermelho", de Claudio Uchôa, com direito a bis de "Construindo Janice".


A jornalista Katia Calsavara viajou a convite da organização do evento

ATELIÊ DE COREÓGRAFOS BRASILEIROS. Quando: hoje, às 20h. Onde: teatro Castro Alves (pça. Dois de Julho, Salvador, tel. 0/xx/71/ 532-2323). Quanto: R$ 10.


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