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ARTES PLÁSTICAS
Millan Antonio exibe esculturas de aço e telas de um dos nomes centrais da história da arte brasileira
Galeria de SP explora releituras de Amilcar de Castro
MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL
As releituras dominam a exposição "Amilcar de Castro", que a
galeria Millan Antonio abre hoje
para o público.
Formada quase inteiramente
por obras das últimas duas décadas, a mostra é aberta com uma
versão maior de "Estrela", de 1,20
m. A anterior, exibida na 2ª Bienal
de São Paulo, em 1953, tinha cerca
de 50 cm e era uma espécie de cartão de visitas do percurso artístico
que um dos maiores escultores do
Brasil trilharia. Rodrigo de Castro, artista plástico e filho de
Amilcar (1920-2002), é o curador.
Influenciado pela obra de Max
Bill (1908-1994), assim como muitos de seus pares concretistas, o
grupo mudaria a história das artes
plásticas brasileiras.
A versão ampliada de "Estrela"
dialoga com a produção de acrílicas sobre tela em preto-e-branco
que Amilcar produziu nas últimas décadas. Uma dessas telas ladeia a escultura, criando um espaço plástico privilegiado.
A grande sala seguinte abriga algumas das preciosidades da exposição. A série de "telas de linha",
de 1996, acrílicas sobre tela nas
quais Amilcar risca com delicadeza e precisão o plano, exploram
formas geométricas em preto-e-branco.
"As linhas riscam o espaço e trazem o vazio às telas, lidando com
o externo e o interno", avalia o curador. E não deixam de reler a
produção plástica que explode no
final dos anos 50. Os finos "vazios" guardam algo dos "buracos"
de Lucio Fontana (1899-1969), os
desdobramentos dos planos remetem aos "casulos" de Lygia
Clark (1920-1988) e, recentemente
vista no MAM paulista e na Dan
Galeria, dialogam com a linha de
Lothar Charoux (1912-1987).
Jardim de esculturas
No jardim da Millan Antonio,
Rodrigo mostra as extensões tridimensionais das telas de linha.
Utilizando aço sac 41, nos anos 90,
Amilcar produziu esculturas de
pequeno porte que fazem da linha
elemento essencial das obras,
criando um jogo exterior/interior
que as enriquece.
"O aço sac 41 tem a vantagem de
oxidar apenas uma vez. Essa primeira película de ferrugem, de
certa forma, protege a obra de novas transformações. O material
ganha depois uma textura mais lisa", explica o curador sobre tal tipo de aço, correntemente utilizado em navios.
Na maior sala, além das telas de
linha, a escultura de maior proporção da mostra catalisa o espaço. Com cerca de duas toneladas e
formato circular, o trabalho com
corte e dobra se impõe sobre as
outras esculturas, fazendo com
que haja apenas outros volumes
retos no local. Entre eles, alguns
"portais", como o curador frisa.
No andar superior, surge a única escultura mais vertical, datada
de 1994, com altura de 101 cm. Há
outros exemplares de corte e dobra, além de telas com força mais
gestual, nos quais os traços são
mais largos.
Ano Amilcar
Para sorte de público e crítica,
2005 tem sido um ano no qual a
obra de Amilcar ganha muitos tributos. Um dos principais nomes
homenageados no Ano do Brasil
na França, centro da 5ª Bienal do
Mercosul, em Porto Alegre, o
"dobrar o vazio" de sua arte -como Tunga fala da obra de Amilcar
no catálogo da mostra- permanece como atitude essencial.
Amilcar de Castro
Quando: seg. a sex., das 10h às 19h; sáb.,
das 11h às 15h; até 12/11
Onde: galeria Millan Antonio (r.
Fradique Coutinho, 1.360, SP, tel: 0/xx/
11/3031-6007)
Quanto: entrada gratuita (obras custam
entre R$ 42 mil e R$ 650 mil)
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