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"O QUE O MORDOMO VIU"
Comédia traz o teatro corrosivo de Joe Orton
da Reportagem Local
"O Que o Mordomo Viu" é uma
peça com muitas portas para entrar e sair do palco. A própria peça
comenta que tem muitas portas,
como alguma farsa francesa típica. Mas Joe Orton, o autor de "O
Que o Mordomo Viu", não é
Georges Feydeau.
Autor cômico maior dos anos
60 na Inglaterra, Orton faz uma
crítica social à maneira de Lenny
Bruce, o lendário cômico "stand-up" norte-americano da mesma
época: uma crítica sedutora de
início e depois corrosiva, até furiosa, como numa armadilha. Ele
deixou seguidores em peças como "Shopping and Fucking", de
Mark Ravenhill.
O texto "O Que o Mordomo
Viu" (67) é o seu melhor, escrito
quando iniciava o período de autor mais amadurecido, em nuances de estilo, em domínio da dramaturgia. Mas Orton foi assassinado em seguida pelo namorado,
como registra a biografia -depois também filme- "Prick Up
Your Ears", e se fixou como um
ícone dos anos 60.
A montagem brasileira, que volta para curta temporada no teatro
Sérgio Cardoso depois da passagem pelo Centro Cultural São
Paulo, vista pelo crítico, está longe
de ser furiosa, pelos próprios limites do elenco.
Não por Ary França, que faz um
psiquiatra histérico que mal controla os seus impulsos fascistas
-até lançando algumas frases involuntárias em alemão. Também
as atrizes Zuzu Abu e Suia Legaspe estão com caracterizações justas, irretocáveis, para os tipos, as
caricaturas delineadas por Joe Orton no texto.
Mas Marcos Daud, que já vinha
de um Polônio constrangedor no
"Hamlet" de Marco Ricca, dois
anos atrás, distribui sua entonação de teatro infantil, uma vez
mais, por quase tudo. Ele faz um
psiquiatra, pivô das confusões no
manicômio.
Nem Orton supera um protagonista assim -ou, por outro lado,
um cenário de confecção tão desordenada.
(NS)
Avaliação:
Peça: O Que o Mordomo Viu
Direção: Alfredo de Aguiar
Música: André Abujamra
Com: Marcos Daud, Ary França, Suia
Legaspe e outros
Quando: sex. e sáb., às 21h; dom., às 20h
Onde: Teatro Sérgio Cardoso, sala
Paschoal Carlos Magno (r. Rui Barbosa,
153, Bela Vista, região central, tel. 0/xx/
11/ 288-0136)
Quanto: R$ 15
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