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Crítica
House é o canalha que todos amamos
LEONARDO CRUZ
EDITOR-ASSISTENTE DA ILUSTRADA
Lá pelas tantas na quarta
temporada de "House",
uma futura paciente explica por que decidiu procurar
o médico que protagoniza a série: "Você é o melhor. Quebra
regras. E não se importa com
ninguém, exceto consigo mesmo". A fala da personagem sintetiza não só as razões que levam doentes ao hospital de
Gregory House mas também os
motivos que nos fazem acompanhar este programa médico.
Esquartejemos a fala em três.
"Você é o melhor" resume a excelência que esperamos do protagonista -uma série totalmente centrada em um personagem, caso de "House", precisa gravitar em torno de alguém
único, extremamente capaz em
sua área de especialização.
"Quebra regras." O flerte
com o crime, com a ilegalidade,
sempre foi um bom elemento
para atrair platéias na história
do cinema e das séries de TV.
House invade casas de pacientes e desrespeita o regulamento
hospitalar e os códigos da medicina para provar que está certo, confirmar suas teorias e, se
possível, salvar vidas.
"Não se importa com ninguém, exceto consigo mesmo."
A House só interessa descobrir
a causa da doença de seus pacientes. A obsessão leva o médico a tratar enfermos como cobaias e assistentes como mero
estímulo para solucionar problemas. Tal egoísmo latente seria repulsivo se não fosse temperado com muito sarcasmo.
House humilha colegas de
trabalho, ironiza pacientes, ignora o sofrimento típico do cotidiano hospitalar -e nos faz
rir com tudo isso. Um humor
corrosivo, quase sádico e cheio
de referências da cultura pop.
Hugh Laurie entendeu desde o
início que seu médico manco
era o oposto dos doutores bonitões e assépticos de novelinhas
como "Grey's Anatomy". Em
resposta, o ator britânico construiu um protagonista que se
tornou maior que a série, o canalha que todos amamos.
Avaliação: ótimo
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