São Paulo, terça-feira, 20 de novembro de 2007

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Crítica

House é o canalha que todos amamos

LEONARDO CRUZ
EDITOR-ASSISTENTE DA ILUSTRADA

Lá pelas tantas na quarta temporada de "House", uma futura paciente explica por que decidiu procurar o médico que protagoniza a série: "Você é o melhor. Quebra regras. E não se importa com ninguém, exceto consigo mesmo". A fala da personagem sintetiza não só as razões que levam doentes ao hospital de Gregory House mas também os motivos que nos fazem acompanhar este programa médico.
Esquartejemos a fala em três. "Você é o melhor" resume a excelência que esperamos do protagonista -uma série totalmente centrada em um personagem, caso de "House", precisa gravitar em torno de alguém único, extremamente capaz em sua área de especialização.
"Quebra regras." O flerte com o crime, com a ilegalidade, sempre foi um bom elemento para atrair platéias na história do cinema e das séries de TV. House invade casas de pacientes e desrespeita o regulamento hospitalar e os códigos da medicina para provar que está certo, confirmar suas teorias e, se possível, salvar vidas.
"Não se importa com ninguém, exceto consigo mesmo." A House só interessa descobrir a causa da doença de seus pacientes. A obsessão leva o médico a tratar enfermos como cobaias e assistentes como mero estímulo para solucionar problemas. Tal egoísmo latente seria repulsivo se não fosse temperado com muito sarcasmo.
House humilha colegas de trabalho, ironiza pacientes, ignora o sofrimento típico do cotidiano hospitalar -e nos faz rir com tudo isso. Um humor corrosivo, quase sádico e cheio de referências da cultura pop. Hugh Laurie entendeu desde o início que seu médico manco era o oposto dos doutores bonitões e assépticos de novelinhas como "Grey's Anatomy". Em resposta, o ator britânico construiu um protagonista que se tornou maior que a série, o canalha que todos amamos.

Avaliação: ótimo


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