São Paulo, quinta-feira, 20 de novembro de 2008

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Brother Amarante

Com Fabrizio Moretti, do Strokes, músico do Los Hermanos se lança em carreira internacional com a banda Little Joy

Autumn de Wilde/Divulgação
Binki Shapiro, Fabrizio Moretti e Rodrigo Amarante, integrantes da banda Little Joy

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

A família está crescendo. Após as férias por tempo indeterminado da banda, os dois mais conhecidos integrantes do Los Hermanos pulam a cerca. Enquanto Marcelo Camelo tenta resgatar com sambas tristes um Rio de Janeiro idílico em "Sou", primeiro disco solo, que chegou às lojas há pouco, Rodrigo Amarante se lança em carreira internacional. Ao lado de Fabrizio Moretti, brasileiro radicado nos EUA e baterista dos Strokes, o guitarrista do Los Hermanos criou a banda Little Joy, cujo disco de estréia, homônimo, acaba de ser lançado no exterior. (A cantora americana Binki Shapiro é a outra integrante do grupo.) Não é a primeira incursão de Amarante fora das fronteiras brasileiras. Antes, ele participara de disco do freak-folk Devendra Banhart. Agora, excursiona pelos EUA com o Little Joy. E avisa: fará shows com a banda no Brasil em janeiro. A seguir, a entrevista que Amarante concedeu à Folha.

 

FOLHA - Como surgiu essa parceria com o Fabrizio Moretti?
AMARANTE
- A gente se conheceu em Lisboa, num festival em que tocaram os Strokes e o Los Hermanos, em 2006. Ficamos amigos naquele dia, bebemos até as 8h na beira do rio Tejo. Ele gostava de Los Hermanos e eu era um grande fã deles. Quando eu fui para Los Angeles gravar com o Devendra, nos encontramos e mostramos músicas novas um para o outro. Nesse período, eu conheci a Binki e a gente também fez uma música juntos. Quando voltei ao Brasil e resolvemos dar um tempo no Los Hermanos, ele me chamou para ir para lá. No começo a gente não sabia o que queria, era mais fazer música por fazer, para celebrar nossa nova amizade, até que depois de um mês a gente já tinha 15 músicas. Então resolvemos gravar direito, fazer um disco.

FOLHA - O álbum parece ter um clima praiano, relaxado. Era essa a atmosfera que vocês queriam seguir?
AMARANTE
- A música que a gente fez foi pouco planejada, não "seguimos atmosfera" nenhuma, o clima do disco é o clima em que ele foi feito, do lugar onde nós estávamos. Eu acho que o fato de ter sido feito na Califórnia deve ter influenciado a forma como o disco soa porque lá as coisas são bastante relaxadas, mais emocionais do que em outras partes dos EUA, as pessoas sorriem para qualquer um na rua.

FOLHA - "With Strangers" parece perfeita para ser ouvida numa tarde na praia. Concorda? Já "Brand New Start" lembra uma mistura de Strokes com Los Hermanos. Se preocuparam se as canções soariam como as de suas outras bandas?
AMARANTE
- Tomo como grande elogio quando alguém me diz que uma música lhe traz uma imagem à mente. No caso de "With Strangers", eu particularmente não vejo praia, mas um porto, uma taverna à noite à beira do cais, um lugar escuro, sujo e suspeito. Imagino esse ambiente porque se trata de música sombria, sobre intensões macabras e desamor, abandono. Mas música é assim, transcende o conteúdo lírico no conteúdo musical e é isso que estimula a imaginação visual. Quanto às preocupações estilísticas, nós não precisamos fugir ou perseguir o som das nossas bandas porque a música já saiu naturalmente tão diferente de Los Hermanos e dos Strokes que a gente não se preocupou em empurrar os arranjos para nenhum lado. Tanto que "Keep Me in Mind", que é a música que mais se parece com uma mistura das duas bandas, ficou com o arranjo original. Afinal, somos legitimamente uma mistura de alguma parte de Strokes e Hermanos.

FOLHA - Vão tocar no Brasil?
AMARANTE
- Vamos para a Europa no fim de dezembro e para o Brasil em janeiro.

FOLHA - Você está envolvido em outros projetos? Quais?
AMARANTE
- Faço parte de duas bandas fora o Los Hermanos (Little Joy e Orquestra Imperial) e ambas lançaram disco esse ano. Agora estou fazendo uma turnê com o Little Joy. Toco em outras duas bandas (Devendra Banhart e Mega Puss) que esse ano fizeram turnê pelos EUA. Arrumei tempo de ir ao Brasil para compor e gravar a trilha de um espetáculo de teatro ["Hamlet", com Wagner Moura]. Se fizer mais alguma coisa, minha mulher me amarra no pé da mesa!


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