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Brother Amarante
Com Fabrizio Moretti, do Strokes, músico do Los Hermanos
se lança em carreira internacional com a banda Little Joy
Autumn de Wilde/Divulgação
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Binki Shapiro, Fabrizio Moretti e Rodrigo Amarante, integrantes da banda Little Joy
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
A família está crescendo.
Após as férias por tempo indeterminado da banda, os dois
mais conhecidos integrantes
do Los Hermanos pulam a cerca. Enquanto Marcelo Camelo
tenta resgatar com sambas tristes um Rio de Janeiro idílico
em "Sou", primeiro disco solo,
que chegou às lojas há pouco,
Rodrigo Amarante se lança em
carreira internacional.
Ao lado de Fabrizio Moretti,
brasileiro radicado nos EUA e
baterista dos Strokes, o guitarrista do Los Hermanos criou a
banda Little Joy, cujo disco de
estréia, homônimo, acaba de
ser lançado no exterior. (A cantora americana Binki Shapiro é
a outra integrante do grupo.)
Não é a primeira incursão de
Amarante fora das fronteiras
brasileiras. Antes, ele participara de disco do freak-folk Devendra Banhart. Agora, excursiona pelos EUA com o Little
Joy. E avisa: fará shows com a
banda no Brasil em janeiro.
A seguir, a entrevista que
Amarante concedeu à Folha.
FOLHA - Como surgiu essa parceria
com o Fabrizio Moretti?
AMARANTE - A gente se conheceu em Lisboa, num festival em
que tocaram os Strokes e o Los
Hermanos, em 2006. Ficamos
amigos naquele dia, bebemos
até as 8h na beira do rio Tejo.
Ele gostava de Los Hermanos e
eu era um grande fã deles.
Quando eu fui para Los Angeles
gravar com o Devendra, nos encontramos e mostramos músicas novas um para o outro. Nesse período, eu conheci a Binki e
a gente também fez uma música juntos. Quando voltei ao
Brasil e resolvemos dar um
tempo no Los Hermanos, ele
me chamou para ir para lá. No
começo a gente não sabia o que
queria, era mais fazer música
por fazer, para celebrar nossa
nova amizade, até que depois
de um mês a gente já tinha 15
músicas. Então resolvemos
gravar direito, fazer um disco.
FOLHA - O álbum parece ter um clima praiano, relaxado. Era essa a atmosfera que vocês queriam seguir?
AMARANTE - A música que a
gente fez foi pouco planejada,
não "seguimos atmosfera" nenhuma, o clima do disco é o clima em que ele foi feito, do lugar
onde nós estávamos. Eu acho
que o fato de ter sido feito na
Califórnia deve ter influenciado a forma como o disco soa
porque lá as coisas são bastante
relaxadas, mais emocionais do
que em outras partes dos EUA,
as pessoas sorriem para qualquer um na rua.
FOLHA - "With Strangers" parece
perfeita para ser ouvida numa tarde
na praia. Concorda? Já "Brand New
Start" lembra uma mistura de Strokes com Los Hermanos. Se preocuparam se as canções soariam como
as de suas outras bandas?
AMARANTE - Tomo como grande elogio quando alguém me
diz que uma música lhe traz
uma imagem à mente. No caso
de "With Strangers", eu particularmente não vejo praia, mas
um porto, uma taverna à noite à
beira do cais, um lugar escuro,
sujo e suspeito. Imagino esse
ambiente porque se trata de
música sombria, sobre intensões macabras e desamor,
abandono. Mas música é assim,
transcende o conteúdo lírico
no conteúdo musical e é isso
que estimula a imaginação visual. Quanto às preocupações
estilísticas, nós não precisamos
fugir ou perseguir o som das
nossas bandas porque a música
já saiu naturalmente tão diferente de Los Hermanos e dos
Strokes que a gente não se
preocupou em empurrar os arranjos para nenhum lado. Tanto que "Keep Me in Mind", que
é a música que mais se parece
com uma mistura das duas bandas, ficou com o arranjo original. Afinal, somos legitimamente uma mistura de alguma
parte de Strokes e Hermanos.
FOLHA - Vão tocar no Brasil?
AMARANTE - Vamos para a Europa no fim de dezembro e para
o Brasil em janeiro.
FOLHA - Você está envolvido em
outros projetos? Quais?
AMARANTE - Faço parte de duas
bandas fora o Los Hermanos
(Little Joy e Orquestra Imperial) e ambas lançaram disco
esse ano. Agora estou fazendo
uma turnê com o Little Joy. Toco em outras duas bandas (Devendra Banhart e Mega Puss)
que esse ano fizeram turnê pelos EUA. Arrumei tempo de ir
ao Brasil para compor e gravar
a trilha de um espetáculo de
teatro ["Hamlet", com Wagner
Moura]. Se fizer mais alguma
coisa, minha mulher me amarra no pé da mesa!
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