São Paulo, terça-feira, 20 de dezembro de 2005

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CRÍTICA

"Roots" são só uma das referências

DA REPORTAGEM LOCAL

Se a eletrônica e o hip hop pegaram muita coisa do reggae, dos sound systems de dub jamaicanos, natural que o troco fosse pedido em algum momento. Em seus álbuns, tanto Echo Sound System quanto Sapotone and the Love Rockers cobram essa dívida.
O reggae "de raiz" de Bob Marley não é totalmente descartado, mas entra apenas como mais uma das referências; daria para elencar tantas e tão diferentes entre si como Guru (o rapper conhecido por fundir o rap com o jazz, que tocou no Brasil há pouco), ou o drum'n'bass de Roni Size ou o funk de James Brown...
Até pela variedade de idiomas -conta com participação do francês Pyroman e do jamaicano General Smiley, da dupla Michigan & Smiley-, o Echo Sound System é o que vai mais além.
"Todos Um", por exemplo, não ficaria perdida no meio de um álbum do rapper carioca BNegão; "Só D'Eu Ver(de)" é um dancehall ensolarado; "Replay" é quase um breakbeat ou um drum'n'bass, com suas batidas quebradas; "Rookie Rock", com General Smiley, desacelera um pouco o ritmo para dar lugar a uma guitarra groove.
Groove é, ao que parece, o que move o combo Sapotone & the Love Rockers em seu disco homônimo. Nos shows, o grupo já chama a atenção pelo seu líder e vocalista ser o baterista Guilherme Sapotone. Ele coloca, na frente do palco, a percussão, o trumpetista e o DJ; atrás, ficam postados baixista e guitarrista. São as batidas, eletrônicas ou não, o que importa no álbum.
O disco tem a participação do DJ Marcelinho, responsável por dar um toque mais dub, dançante em várias das canções, como "Pode Me Chamar" e "Mesmo Assim". Outras, como "LQTV" e "Mais Nada Não", são movidas pelo funk e pelo soul.
Enquanto o Echo Sound System lembra Mad Professor e Jay-Z, o Sapotone and the Love Rockers por vezes soa tradicionalista, como um Skank do início dos anos 90, principalmente em "Mais Nada Não", mesmo com todos os scratches do DJ Marcelinho.
Já "Tranqüilo na Vibe" -esta com Curumin, Rodrigo Brandão e Max BO- e "Sossegado" -parceria com Daniel Ganjaman- aparecem transbordando trip hop revestido de dub.
Sintonizado com seu tempo, o álbum ainda vem com dois remix: em "Que Venha", feito pelo Instituto, e em "Mesmo Assim", por Gustavo Lenza.
(THIAGO NEY)

Tempo Vai Dizer
    
Artista: Echo Sound System
Lançamento: ST2 Records
Quanto: R$ 20, em média

Sapotone and the Love Rockers
   
Artista: Sapotone and the Love Rockers
Lançamento: Tratore
Quanto: R$ 20, em média


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