São Paulo, domingo, 20 de dezembro de 2009

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Filme leva a corrida por projetores 3D

DA REPORTAGEM LOCAL

Dono de cinco cinemas no interior do Rio de Janeiro, Ricardo Celes estava com comichão nos dedos desde a estreia de "A Era do Gelo 3", em julho. Investir ou não investir em um projetor 3D, era essa sua questão. "É muito arriscado. Mas quando a gente vê o resultado das salas, quer comprar na hora", diz.
Aritmética daqui, negociação dali, Celes decidiu pagar R$ 400 mil pelo projetor que, não fossem as artes e manhas da alfândega, estaria exibindo "Avatar". Mas a corrida dos donos de cinemas por projetores 3D acabou esbarrando na burocracia e, em alguns casos, o filme de James Cameron chegou antes do equipamento.
"Teve muita importação de projetor neste final de ano. Foi uma corrida. O meu só vai chegar na semana que vem", diz Celes, que teve de adiar a estreia da tecnologia no pequeno complexo que mantém em Nova Friburgo, região serrana do Rio, para 1º de janeiro. "Se não fosse "Avatar", teria esperado um pouco mais para comprar." Ele e outros. O próprio Cinemark abrirá, na próxima semana, sete novas salas em 3D.

Salas cheias
Enquanto "A Era do Gelo 3" encontrou, no Brasil, 70 salas em 3D, "Avatar", pelas contas da Fox, distribuidora do filme, encontraria cerca de cem telas. "Aumentou em 50% o parque exibidor em 3D. Os donos de salas estão afoitos", diz Patrícia Kamitsuji, diretora-presidente da Fox. "Eles acham que essas salas podem também trazer um novo público para o cinema."
Em "A Era do Gelo 3", as salas em 3D, no Brasil, tiveram uma das maiores rentabilidades do mundo. Para se ter uma ideia, a renda foi, na França e no México, de US$ 21 mil por sala. No Brasil, de US$ 56 mil. "Foi casa lotada de segunda-feira a domingo", diz a executiva da Fox.
Mas o Brasil está longe de ser o único país a entusiasmar-se com a nova tecnologia, vista como uma isca e tanto para levar os espectadores de volta ao cinema. De acordo com o Movieline, boletim dedicado ao cinema norte-americano, existem hoje, no mundo, cerca de 4,5 mil salas em 3D. No Reino Unido, por exemplo, os filmes em 3D responderam por mais de 10% da bilheteria de 2009, apesar de representarem apenas 3% dos lançamentos.
Além do interesse do público pela novidade tecnológica, o excelente desempenho das produções em 3D nas bilheterias se explica pelo pequeno número de salas -que impede a solução da equação entre oferta e demanda- e também pelo ingresso mais alto.

Preço
O preço pode ser, inclusive, um dos empecilhos para que os donos de salas do interior ou da periferia vejam o investimento pagar-se. Celes, o dono do complexo em Nova Friburgo, cobra, nas salas tradicionais, no máximo R$ 7,50 pelo ingresso. No 3D, terá de subir para R$ 12. "Estamos apostando nisso para "Avatar", que vai ser uma grande novidade numa cidade de 200 mil habitantes. Mas não sei se consigo segurar esse aumento de 50% no ano que vem. O público talvez ache caro."
(APS)


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