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Filme leva a corrida por projetores 3D
DA REPORTAGEM LOCAL
Dono de cinco cinemas no interior do Rio de Janeiro, Ricardo Celes estava com comichão
nos dedos desde a estreia de "A
Era do Gelo 3", em julho. Investir ou não investir em um projetor 3D, era essa sua questão.
"É muito arriscado. Mas quando a gente vê o resultado das salas, quer comprar na hora", diz.
Aritmética daqui, negociação
dali, Celes decidiu pagar R$
400 mil pelo projetor que, não
fossem as artes e manhas da alfândega, estaria exibindo "Avatar". Mas a corrida dos donos
de cinemas por projetores 3D
acabou esbarrando na burocracia e, em alguns casos, o filme
de James Cameron chegou antes do equipamento.
"Teve muita importação de
projetor neste final de ano. Foi
uma corrida. O meu só vai chegar na semana que vem", diz
Celes, que teve de adiar a estreia da tecnologia no pequeno
complexo que mantém em Nova Friburgo, região serrana do
Rio, para 1º de janeiro. "Se não
fosse "Avatar", teria esperado
um pouco mais para comprar."
Ele e outros. O próprio Cinemark abrirá, na próxima semana, sete novas salas em 3D.
Salas cheias
Enquanto "A Era do Gelo 3"
encontrou, no Brasil, 70 salas
em 3D, "Avatar", pelas contas
da Fox, distribuidora do filme,
encontraria cerca de cem telas.
"Aumentou em 50% o parque
exibidor em 3D. Os donos de
salas estão afoitos", diz Patrícia
Kamitsuji, diretora-presidente
da Fox. "Eles acham que essas
salas podem também trazer um
novo público para o cinema."
Em "A Era do Gelo 3", as salas em 3D, no Brasil, tiveram
uma das maiores rentabilidades do mundo. Para se ter uma
ideia, a renda foi, na França e
no México, de US$ 21 mil por
sala. No Brasil, de US$ 56 mil.
"Foi casa lotada de segunda-feira a domingo", diz a executiva da Fox.
Mas o Brasil está longe de ser
o único país a entusiasmar-se
com a nova tecnologia, vista como uma isca e tanto para levar
os espectadores de volta ao cinema. De acordo com o Movieline, boletim dedicado ao cinema norte-americano, existem
hoje, no mundo, cerca de 4,5
mil salas em 3D. No Reino Unido, por exemplo, os filmes em
3D responderam por mais de
10% da bilheteria de 2009, apesar de representarem apenas
3% dos lançamentos.
Além do interesse do público
pela novidade tecnológica, o
excelente desempenho das
produções em 3D nas bilheterias se explica pelo pequeno
número de salas -que impede
a solução da equação entre
oferta e demanda- e também
pelo ingresso mais alto.
Preço
O preço pode ser, inclusive,
um dos empecilhos para que os
donos de salas do interior ou da
periferia vejam o investimento
pagar-se. Celes, o dono do complexo em Nova Friburgo, cobra,
nas salas tradicionais, no máximo R$ 7,50 pelo ingresso. No
3D, terá de subir para R$ 12.
"Estamos apostando nisso para
"Avatar", que vai ser uma grande
novidade numa cidade de 200
mil habitantes. Mas não sei se
consigo segurar esse aumento
de 50% no ano que vem. O público talvez ache caro."
(APS)
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