São Paulo, domingo, 20 de dezembro de 2009

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Crítica/cinema/"Uma Vida sem Regras"

Vampiro de "Crepúsculo" protagoniza filme inexpressivo

Ator Robert Pattinson vive músico rejeitado pela namorada em comédia dramática

RICARDO CALIL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Existe uma, e apenas uma, razão para o lançamento de "Uma Vida sem Regras" no Brasil: a presença de Robert Pattinson no papel principal. Pouco antes de estrelar o primeiro filme da série "Crepúsculo" (2008), o ator participou dessa produção inglesa quase amadora -retirada agora do escaninho do esquecimento para aproveitar o novo fenômeno de popularidade.
As jovens admiradoras de Pattinson terão seu deslumbramento colocado à prova por "Uma Vida sem Regras". O ator interpreta um sujeito não apenas sem qualquer glamour, como também sem a mínima graça -que não lembra em nada o vampiro romântico de "Crepúsculo", ou talvez apenas na palidez.
Art, o personagem de Pattinson, é um "loser", um perdedor clássico. Músico frustrado, ele é abandonado pela namorada e precisa voltar para a casa dos pais, que o tratam como um estorvo em suas vidas. As únicas pessoas que o suportam são dois amigos, um que tem medo de lugares abertos, outro que só pensa em se dar bem com as mulheres.
Para dar uma guinada em sua vida, ele gasta suas últimas economias contratando os serviços do dr. Levi Ellington, autor do livro de autoajuda "Não É Sua Culpa". O psicólogo passa a acompanhá-lo dia e noite, mas a situação de Art só piora.
"Uma Vida sem Regras" emula as comédias dramáticas do cinema independente americano, como "Retratos de Família" (2005) e "A Lula e a Baleia" (2005), na esperteza rápida e fácil de sua trama sobre personagens alienados e famílias disfuncionais. Ao mesmo tempo, o filme tem o humor duro, árido dos britânicos.
O resultado, cena após cena, é um desencontro -que a direção burocrática de Oliver Irving, em seu primeiro longa, nunca consegue evitar. Sobre a atuação de Pattinson, não há nada no filme que sugira que ele iria se tornar um fenômeno pouquíssimo tempo depois, embora ele se saia razoavelmente cantando. De qualquer forma, seria injusto exigir que ele salvasse um filme tão inexpressivo, que emprestasse algum charme a um personagem quase catatônico, com apatia que beira o insuportável. O título "Uma Vida sem Interesse" talvez fosse mais apropriado para o filme -assim como um lançamento direto para o DVD.


UMA VIDA SEM REGRAS
Direção: Oliver Irving
Produção: Reino Unido, 2008
Com: Robert Pattinson, Rebecca Pidgeon e Jeremy Hardy
Onde: Espaço Unibanco Pompeia 8, Frei Caneca Unibanco Arteplex 8 e circuito
Classificação: livre
Avaliação: ruim



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