São Paulo, quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

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Festival de Curitiba mira estreias para se recuperar

Em março, maior mostra de teatro do país deve ter nove espetáculos inéditos

Edição de 2009 foi marcada por cancelamento de peça mais aguardada e nível fraco; Fringe, seção paralela da mostra, terá mudanças

LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O Festival de Curitiba, o maior encontro de artes cênicas do país em número de espetáculos, aposta num contingente expressivo de estreias e no fortalecimento de sua mostra paralela (o Fringe) para se recuperar do fiasco de 2009.
Neste ano, o evento acontece entre 16 e 28 de março. O diretor-geral do festival, Leandro Knopfholz, promete nove estreias na Mostra Contemporânea, a principal seção.
No ano passado, houve apenas duas -a de "Rock'n'Roll", primeira montagem brasileira do texto de Tom Stoppard, foi cancelada na última hora, quando a produção alegou que não teria tempo de montar cenários e fazer ajustes finais, já que o teatro estava ocupado por outra peça ("Maria Stuart").
A inadequação de certas salas às demandas das peças que receberam e a qualidade sofrível do grosso da programação foram outros problemas.
A lista preliminar de 2010 a que a reportagem teve acesso mostra que o público curitibano verá em primeira mão "Do Fundo do Lago Escuro", peça de Domingos Oliveira sobre sua infância. O dramaturgo também estará em cena.
Mário Bortolotto, que se recupera depois de ser atingido por três balas numa tentativa de assalto a um teatro paulistano, é outro autor que defenderá no palco sua criação. Em "Música para Ninar Dinossauros", ele contracenará com Lourenço Mutarelli (estreando como ator teatral) e Paulo de Tharso.
Novos trabalhos de Moacyr Góes, da Cia. Brasileira de Teatro e da São Paulo Cia. de Dança engrossam a ala de estreias (veja detalhes à direita).
Espetáculos bem avaliados em suas praças de origem, como o musical "O Despertar da Primavera" e o biográfico "Simplesmente Eu - Clarice Lispector", ambos do Rio, também estão escalados para a Mostra Contemporânea, que deve ter entre 25 e 27 títulos, segundo Knopfholz. Do Canadá virão o solo "Dulcinea's Lament" e seus ecos de "Dom Quixote".

Fringe
O Fringe, mostra paralela que aglutina trabalhos menos midiáticos e por vezes revela talentos, terá novidades. Nessa seção, nunca houve curadoria: todas as produções que se cadastram (e têm condições de bancar a viagem a Curitiba) são apresentadas.
Isso democratiza o acesso de grupos ao festival (293 peças compareceram em 2009), mas faz com que navegar pela programação seja frequentemente um mergulho no escuro. Tudo o que se tem em mãos para fazer escolhas são sinopses enxutas e pouco elucidativas.
Nesta edição, dois teatros (Cleon Jacques e Novelas Curitibanas) terão programadores convidados: Beto Andreetta, da companhia Pia Fraus, e Chico Pelúcio, do grupo Galpão.
"Estamos tentando indicar duas linhas: salas separadas por gênero -mas não gosto muito dessa coisa de videolocadora- e espaços programados por atores e diretores, que lhes dão uma identidade", diz Knopfholz, explicando que os curadores montaram suas grades a partir da lista de inscritos no Fringe (480) e, em alguns casos, sugeriram que espetáculos de seu agrado se cadastrassem.
A ideia, segundo o diretor-geral, que prevê gastar cerca de R$ 3 milhões nesta edição, é "deixar a programação mais inteligível para o público."


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