São Paulo, sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

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cinema

Diretor se adapta à vida depois do Oscar

Florian Henckel diz que o efeito do prêmio ficou claro no dia em que atendeu o telefone e ouviu Angelina Jolie

Cineasta alemão que ficou conhecido por "A Vida dos Outros" segue a cartilha de Hollywood no thriller "O Turista"

Divulgação
Angelina Jolie e Johnny Depp em cena, em Veneza

ENVIADA ESPECIAL A PARIS

Um dia o telefone tocou e era ela: Angelina Jolie. Ao ouvir o alô de uma das mais bem pagas e assediadas atrizes do mundo, o diretor Florian Henckel von Donnersmarck só não achou que fosse trote porque reconheceu a voz do outro lado da linha.
Jolie, segundo Henckel, foi direto ao ponto: "Me ofereceram um projeto que tem alguns problemas, mas que traz algo que me interessa. Se você topar embarcar nele, eu adoraria fazê-lo".
É assim a vida depois do Oscar. Se antes da estatueta de melhor filme estrangeiro conquistada por "A Vida dos Outros", em 2007, o diretor alemão nem distribuição para seus filmes conseguia, depois do prêmio até Jolie passou a desejá-lo por perto. "O Turista", primeiro filme de Henckel depois do prêmio e do sucesso crítico angariado mundo afora, é consequência do Oscar. E é também um espelho do que costuma acontecer a um cineasta autoral quando Hollywood resolve abraçá-lo. Henckel, que conquistou espectadores dos mais variados perfis com "A Vida dos Outros", surge com a personalidade diluída no filme que tem não só Jolie, mas também o "pirata do Caribe" Johnny Depp no elenco.

HELICÓPTERO VIP
A Folha conversou com Henckel durante o evento de lançamento do filme para a imprensa, em Paris.
Jolie e Depp eram, obviamente, as estrelas da sequência de entrevista organizada no lendário hotel Le Maurice.
Mas Henckel era, ali, o "elemento novo", o "talent" -expressão utilizada pelos estúdios para designar os entrevistados- que ainda se espantava com a cronometragem exata de sua fala por parte dos assessores.
De natureza gentil, o diretor tentou, com o sorriso e as respostas positivas, evitar qualquer ligação entre os milhões de dólares e as amarras artísticas. "Não há nada de tão diferente em trabalhar com um grande estúdio", desconversou.
"Temos é mais possibilidades. Eu quis, por exemplo, que as tomadas de helicóptero fossem feitas pelo mesmo cara que trabalha para o Ridley Scott. Mas, ao fim do dia de filmagem, uma grande estrela é só um ator."

PELA DIVERSÃO
Foi, porém, inevitável que a crítica mundial notasse o desconforto de Henckel nesse thriller de amor que tem a beleza -de Jolie e de Veneza- como principal atrativo.
Mas Henckel diz que, mais do que profundidade, estava atrás de algo "divertido, cheio de luz". "Tinha passado um ano e meio escrevendo o roteiro de um thriller político quando Angelina [Jolie] me ligou. Achei que seria bom fazer esse filme antes de voltar para o universo escuro do meu próximo projeto, um filme sobre suicídio."

ROTEIROS AOS MONTES
Como se vê, trabalho é algo que não falta ao diretor alemão na fase pós-Oscar.
"Meu tempo passou a ser ocupado pela leitura de roteiros que chegam toda semana na minha casa. Não imaginava existir tanto roteiro no mundo. Isso torna a vida meio confusa."
Mas a confusão não é um problema para quem, em 2006, tinha um filme pronto e ninguém disposto a distribuí-lo e um monte de "nãos" recebidos de festivais.
"Um ano depois eu estava no teatro Kodak recebendo um Oscar, tinha agentes e assessores de imprensa. Agora, quando toca a campainha, meus filhos já sabem que deve ser um roteiro."

(ANA PAULA SOUSA)


A jornalista ANA PAULA SOUSA viajou a convite da Sony Pictures


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