São Paulo, sábado, 21 de fevereiro de 2004

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ENTRELINHAS

A praça é nossa

CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Quase 50 anos depois da abertura da feira de livros de Porto Alegre, a cidade de São Paulo terá neste ano seu primeiro grande evento literário de rua.
O Livro na Praça é o nome provisório do projeto, que vem sendo esquadrinhado pelo diretor da Biblioteca Mário de Andrade, José Castilho Marques Neto, e pelo presidente da Liga Brasileira dos Editores (Libre), Angel Bojadsen.
A dupla trabalha para colocar de pé, provavelmente em novembro, a primeira edição de um evento anual, nos moldes da tradicional feira gaúcha.
O palco será a recém-reinaugurada praça Dom José Gaspar, ao lado da Mário de Andrade, onde ficariam estandes de mais ou menos cem editoras. O interior da maior biblioteca paulista também reuniria eventos culturais, como palestras, debates e saraus literários.
"O projeto é parte da busca da reinserção da Mário de Andrade no circuito cultural da cidade", diz Castilho. Segundo Bojadsen, para sair do papel o evento só precisa achar um patrocinador.

BUENA VISTA
O Brasil acaba de ser escolhido o "convidado de honra" da próxima edição da Feira do Livro de Havana. Ao dar a notícia, a presidente do evento cubano, marcado para fevereiro de 2005, citou de Gregório de Matos a, claro, Lula Lá.

MACONDO
A agente literária mais famosa do universo ibero-americano surpreendeu a todos. Responsável pela "descoberta" de García Márquez, Vargas Llosa & co., Carmen Balcells já havia anunciado sua aposentadoria. Agora voltou atrás para lançar sua primeira editora. O selo Alpha Decay começa com "Flashbacks", do viajandão Timothy Leary.

JORNADA DUPLA
Além de trabalhar como garçom no restaurante Cristal, no centro do Rio, Claudio Aragão se dedica a outra atividade: ele serve autógrafos. O cearense de 46 anos está lançando seu quarto livro, "A História do Botafogo em Cordel", pela editora Bom Texto.

NO CAPRICHO
A Companhia das Letras acaba de fechar a compra de um livraço: "Goya", do crítico Robert Hughes, biografia do mestre espanhol Francisco José de Goya y Lucientes (1746-1828).

GAROTOS NESTLÉ
As escolas públicas fizeram bonito em um projeto literário promovido pela Nestlé. Cerca de 12 mil escolas se inscreveram para edição atual do evento, promovido desde 1999 (e que envolve investimentos de R$ 2,5 milhões). Dos dez grupos de alunos vencedores, sete são da rede pública.

CANARINHO
Floriano Martins foi o escolhido para representar o Brasil no Festival Mundial de Poesia, que acontece a partir de 22 de março na Venezuela, com poetas como o chinês Bei Dao, eterno candidato ao Nobel.

BOLO
A editora paulistana Escrituras vai comemorar durante a Bienal do Livro seu aniversário de dez anos.

MEMOREX
Marçal Aquino escreve para lembrar que William Gaddis (cujo grande "The Recognitions" foi tema do último "Fora da Estante") já teve um livro aqui. "Alguém Parado lá Fora" saiu pela Best Seller, em 1990.

@ - elek@folhasp.com.br

FORA DA ESTANTE

Fala-se hoje um bocado de integração do Brasil com a China -e os guerreiros de terracota chineses levaram centenas de milhares de paulistanos ao parque Ibirapuera. Mas quando o assunto é literatura, não chegamos nem perto das muralhas. O mercado editorial brasileiro ignora, solene, a literatura do país mais populoso do mundo, que será homenageada no próximo Salão do Livro de Paris, a partir do dia 19 de março. Aqui não temos na prateleira nem o maior livro do "Machado de Assis" chinês. "Honglou Meng", de Cao Xueqin, conhecido como "A História da Pedra" ou "O Sonho do Pavilhão Vermelho", foi publicado em 1791, 30 anos após a morte de seu autor. Obra fundadora do romance moderno chinês, "Honglou" narra a história de quatro famílias aristocráticas, uma colméia de mais de 400 personagens. Tudo para ilustrar os 12 tipos diferentes de amor que Xueqin imaginava existirem: verdadeiro, consciente, romântico, quente, fatal, louco, silencioso, falso, obsessivo, familiar, adúltero e perdido. Tantos e tantos amores e nós aqui, chupando dedo.

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