São Paulo, domingo, 21 de fevereiro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Crítica/música/"Soldier of Love"

Em seu sexto disco, Sade alterna elegância e chatice

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Sofisticada, densa, elegante, cool. São termos que adjetivam a música de Sade em textos por aí. Ela pode ser tudo isso, mas também poderíamos acrescentar: tediosa, repetitiva, pedante. Sade é uma das bandas (sim, banda) mais estimadas do pop desde que, nos anos 1980, ajudou a popularizar um certo tipo de música que une o soul ao jazz ao pop ao ambient.
Influenciou de Lisa Stansfield ao trip hop de Bristol; da praga acid-jazz a Erykah Badu. Vendeu mais de 50 milhões de discos e produziu um hit planetário com "Smooth Operator". Sade tornou-se praticamente um gênero -uma marca.
Sade é o apelido de Helen Folasade Adu, nascida em Ibadan, na Nigéria, filha de pai nigeriano e mãe inglesa. O nome foi adotado pela banda, que conta com Paul Denman (baixo), Stuart Matthewman (guitarra e sax) e Andrew Hale (teclado).
E eles ainda são uma marca forte. Na semana retrasada, lançaram "Soldier of Love", o sexto disco de estúdio (o penúltimo, "Lovers Rock", é de 2000). O álbum entrou no topo da parada norte-americana, vendendo pouco mais de 500 mil cópias, número considerável em época de vacas magras.
O rosto, a voz e o cérebro da banda Sade é mesmo a vocalista Sade Adu. Ela é a principal compositora e possui uma voz macia, profunda, intensa.
E em "Soldier of Love" encontramos alguns dos vícios da cantora/banda.
Em canções como "In Another Time", ela investe em um jazz-pop, soft-soul, chame do que for; música insossa, chata, de tom pretensioso. Esse clima é encontrado ainda em "Skin".
Sade é tido como um dos nomes mais chiques do pop, e ela sabe disso. Tanto que às vezes exagera, e o chique torna-se kitsch, como em "Morning Bird" -balada lenta, cansativa.
Mas Sade também sabe ser elegantemente melancólica. "Eu perdi o sentido do meu coração, mas ainda estou viva", ela confessa na ótima faixa título. "Soldier of Love", a música, é marcante, potente -um trip hop renovado, contemporâneo, que o Portishead não hesitaria em tomar para si.
"Bring Me Home" segue no tom deliciosamente meio soturno, desesperançado ("Tudo o que está à frente de mim/ Tudo o que eu sei/ Eu não sei nada/ Então me leve para casa").
Em "Babyfather", Sade alinha-se a bons sons que ainda permanecem escondidos para muitos -traz um pouco de reggae, um pouco de dubstep.
E Sade também é romântica. Na última faixa do CD, "Safest Place", convida: "Em meu coração/ Seu amor encontrou/ O lugar escondido mais seguro".


SOLDIER OF LOVE

Artista: Sade
Lançamento: Sony
Quanto: R$ 30, em média
Avaliação: regular




Texto Anterior: Sertanejos distribuem álbuns gratuitamente
Próximo Texto: Erudito: Orquestra Sinfônica Municipal se apresenta hoje
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.