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Crítica/música/"Soldier of Love"
Em seu sexto disco, Sade alterna elegância e chatice
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Sofisticada, densa, elegante, cool. São termos
que adjetivam a música
de Sade em textos por aí. Ela
pode ser tudo isso, mas também poderíamos acrescentar:
tediosa, repetitiva, pedante.
Sade é uma das bandas (sim,
banda) mais estimadas do pop
desde que, nos anos 1980, ajudou a popularizar um certo tipo
de música que une o soul ao
jazz ao pop ao ambient.
Influenciou de Lisa Stansfield ao trip hop de Bristol; da
praga acid-jazz a Erykah Badu.
Vendeu mais de 50 milhões de
discos e produziu um hit planetário com "Smooth Operator".
Sade tornou-se praticamente
um gênero -uma marca.
Sade é o apelido de Helen Folasade Adu, nascida em Ibadan,
na Nigéria, filha de pai nigeriano e mãe inglesa. O nome foi
adotado pela banda, que conta
com Paul Denman (baixo),
Stuart Matthewman (guitarra e
sax) e Andrew Hale (teclado).
E eles ainda são uma marca
forte. Na semana retrasada,
lançaram "Soldier of Love", o
sexto disco de estúdio (o penúltimo, "Lovers Rock", é de
2000). O álbum entrou no topo
da parada norte-americana,
vendendo pouco mais de 500
mil cópias, número considerável em época de vacas magras.
O rosto, a voz e o cérebro da
banda Sade é mesmo a vocalista
Sade Adu. Ela é a principal
compositora e possui uma voz
macia, profunda, intensa.
E em "Soldier of Love" encontramos alguns dos vícios da
cantora/banda.
Em canções como "In Another Time", ela investe em um
jazz-pop, soft-soul, chame do
que for; música insossa, chata,
de tom pretensioso. Esse clima
é encontrado ainda em "Skin".
Sade é tido como um dos nomes mais chiques do pop, e ela
sabe disso. Tanto que às vezes
exagera, e o chique torna-se
kitsch, como em "Morning
Bird" -balada lenta, cansativa.
Mas Sade também sabe ser
elegantemente melancólica.
"Eu perdi o sentido do meu coração, mas ainda estou viva",
ela confessa na ótima faixa título. "Soldier of Love", a música, é
marcante, potente -um trip
hop renovado, contemporâneo,
que o Portishead não hesitaria
em tomar para si.
"Bring Me Home" segue no
tom deliciosamente meio soturno, desesperançado ("Tudo
o que está à frente de mim/ Tudo o que eu sei/ Eu não sei nada/ Então me leve para casa").
Em "Babyfather", Sade alinha-se a bons sons que ainda
permanecem escondidos para
muitos -traz um pouco de reggae, um pouco de dubstep.
E Sade também é romântica.
Na última faixa do CD, "Safest
Place", convida: "Em meu coração/ Seu amor encontrou/ O
lugar escondido mais seguro".
SOLDIER OF LOVE
Artista: Sade
Lançamento: Sony
Quanto: R$ 30, em média
Avaliação: regular
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