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500 ANOS
Porto Alegre sedia "Descobrimento", show transformado em CD de música portuguesa e brasileira
Gaúchos evocam cultura d'além-mar
MARILENE FELINTO
enviada especial a Porto Alegre
Uma homenagem aos viajantes
portugueses e à cultura de além-mar: essa é a tônica da comemoração dos 500 anos do Descobrimento em Porto Alegre, iniciativa
da Secretaria Municipal de Cultura (SMC).
Desde o início de abril, uma série de eventos vai erguendo pontes que pretendem concretizar esse "duplo descobrimento", como
explicam os organizadores.
Hoje a comemoração culmina
com seção especial de "Descobrimento", show que é misto de canto e balé, com tratamento cênico
teatral, em que seis atores interpretam canções evocadoras da
colonização portuguesa.
O espetáculo -que estreou dia
13 e tem direção de Luciano Alabarse- foi transformado em CD
de mesmo nome, lançado na noite de ontem. O repertório traz
composições do cancioneiro moderno português e da música popular brasileira.
Entre os brasileiros, Milton
Nascimento e Chico Buarque. Os
portugueses vêm na voz de Maria
João, Dulce Pontes e Mísia, que
musicou poemas de Carlos
Drummond de Andrade e Fernando Pessoa.
Também ontem foi lançado o livro "Outros 500 - Novas Conversas sobre o Jeito do Brasil". A edição é transcrição das palestras do
seminário homônimo, realizado
no ano passado no centro cultural
Usina do Gasômetro, com a participação de nomes como o do político petista Tarso Genro, do crítico literário Roberto Schwartz e do
historiador Décio Freitas.
Avaliação
Os pronunciamentos fazem
uma avaliação crítica do Brasil.
Schwartz trata do sentimento de
identidade nacional percebido
por Machado de Assis.
"Machado de Assis criticou um
sentimento de identidade nacional superficial para propor outro
mais verdadeiro", diz ele.
"Ao chegar a este outro mais
verdadeiro, a identidade nacional
deixou de ser algo positivo para
ser algo negativo. Isso é importante, quer dizer, no primeiro
momento que a literatura brasileira ganha força de grande literatura contemporânea, a identidade nacional se torna negativa, um
problema."
Para Tarso Genro, o Brasil se
realiza como não-nação, "um país
deformado, integrado e subordinado". Genro comenta: "O Brasil
não é uma nação. O Brasil é um
grande país. É um belo e luminoso país com um povo generoso,
maravilhoso e uma natureza pródiga e abençoada, mas não é uma
nação. Uma nação se afirma pela
revolução da cultura, dos costumes, da economia, pela revolução
da transformação dos hábitos políticos (...)."
A agenda das comemorações
do Descobrimento em Porto Alegre contou ainda com a presença
da Companhia de Dança de Lisboa, que trouxe o espetáculo "Cabo da Boa Esperança - 512 Anos
Depois", sob direção de José Manuel de Oliveira, uma alegoria coreográfica sobre a conquista dos
mares pelos portugueses.
Inspirado em Luis de Camões e
seu "Canto Nono", de "Os Lusíadas", o espetáculo está atualmente em excursão pelo Brasil e se
apresentará em São Paulo amanhã, no Teatro Municipal (veja
programação em quadro à pág. 5-1).
Na trilha sonora, canções de
Madredeus e Amália Rodrigues.
Espetáculo: Descobrimento
Direção: Luciano Alabarse
Com: Antonio C. Brunet, Margarida Peixoto, Sandra Dani, Sandra Loureiro, Zé Adão Barbosa, Bettina Mondino e Phoênix Grupo de Dança;
Quando: hoje, às 21h
Onde: teatro Renascença (av. Érico Veríssimo, 307, Cidade Baixa, Porto
Alegre, tel. 0/xx/ 51/221-6622, r. 232)
Livro: Outros 500 - Novas Conversas sobre o Jeito do Brasil
Autor: vários
Editora: Secretaria Municipal de Cultura/Coordenação de Projetos Especiais, Porto Alegre
Onde encontrar: o livro e o CD "Descobrimento" estarão à venda hoje, no saguão do teatro Renascença
Informações: centro cultural Usina do Gasômetro, tel.: 0/xx/51/212-5979
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