São Paulo, sexta-feira, 21 de abril de 2000


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500 ANOS
Porto Alegre sedia "Descobrimento", show transformado em CD de música portuguesa e brasileira
Gaúchos evocam cultura d'além-mar

MARILENE FELINTO
enviada especial a Porto Alegre

Uma homenagem aos viajantes portugueses e à cultura de além-mar: essa é a tônica da comemoração dos 500 anos do Descobrimento em Porto Alegre, iniciativa da Secretaria Municipal de Cultura (SMC).
Desde o início de abril, uma série de eventos vai erguendo pontes que pretendem concretizar esse "duplo descobrimento", como explicam os organizadores.
Hoje a comemoração culmina com seção especial de "Descobrimento", show que é misto de canto e balé, com tratamento cênico teatral, em que seis atores interpretam canções evocadoras da colonização portuguesa.
O espetáculo -que estreou dia 13 e tem direção de Luciano Alabarse- foi transformado em CD de mesmo nome, lançado na noite de ontem. O repertório traz composições do cancioneiro moderno português e da música popular brasileira.
Entre os brasileiros, Milton Nascimento e Chico Buarque. Os portugueses vêm na voz de Maria João, Dulce Pontes e Mísia, que musicou poemas de Carlos Drummond de Andrade e Fernando Pessoa.
Também ontem foi lançado o livro "Outros 500 - Novas Conversas sobre o Jeito do Brasil". A edição é transcrição das palestras do seminário homônimo, realizado no ano passado no centro cultural Usina do Gasômetro, com a participação de nomes como o do político petista Tarso Genro, do crítico literário Roberto Schwartz e do historiador Décio Freitas.

Avaliação
Os pronunciamentos fazem uma avaliação crítica do Brasil. Schwartz trata do sentimento de identidade nacional percebido por Machado de Assis.
"Machado de Assis criticou um sentimento de identidade nacional superficial para propor outro mais verdadeiro", diz ele.
"Ao chegar a este outro mais verdadeiro, a identidade nacional deixou de ser algo positivo para ser algo negativo. Isso é importante, quer dizer, no primeiro momento que a literatura brasileira ganha força de grande literatura contemporânea, a identidade nacional se torna negativa, um problema."
Para Tarso Genro, o Brasil se realiza como não-nação, "um país deformado, integrado e subordinado". Genro comenta: "O Brasil não é uma nação. O Brasil é um grande país. É um belo e luminoso país com um povo generoso, maravilhoso e uma natureza pródiga e abençoada, mas não é uma nação. Uma nação se afirma pela revolução da cultura, dos costumes, da economia, pela revolução da transformação dos hábitos políticos (...)."
A agenda das comemorações do Descobrimento em Porto Alegre contou ainda com a presença da Companhia de Dança de Lisboa, que trouxe o espetáculo "Cabo da Boa Esperança - 512 Anos Depois", sob direção de José Manuel de Oliveira, uma alegoria coreográfica sobre a conquista dos mares pelos portugueses.
Inspirado em Luis de Camões e seu "Canto Nono", de "Os Lusíadas", o espetáculo está atualmente em excursão pelo Brasil e se apresentará em São Paulo amanhã, no Teatro Municipal (veja programação em quadro à pág. 5-1).
Na trilha sonora, canções de Madredeus e Amália Rodrigues.


Espetáculo: Descobrimento
Direção: Luciano Alabarse
Com: Antonio C. Brunet, Margarida Peixoto, Sandra Dani, Sandra Loureiro, Zé Adão Barbosa, Bettina Mondino e Phoênix Grupo de Dança;
Quando: hoje, às 21h
Onde: teatro Renascença (av. Érico Veríssimo, 307, Cidade Baixa, Porto Alegre, tel. 0/xx/ 51/221-6622, r. 232)

Livro: Outros 500 - Novas Conversas sobre o Jeito do Brasil
Autor: vários
Editora: Secretaria Municipal de Cultura/Coordenação de Projetos Especiais, Porto Alegre
Onde encontrar: o livro e o CD "Descobrimento" estarão à venda hoje, no saguão do teatro Renascença Informações: centro cultural Usina do Gasômetro, tel.: 0/xx/51/212-5979


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