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500 ANOS
Parlapatões, Patifes e Paspalhões encenam "Caguei pros 500"
Evento "anticomemora" Descobrimento do Brasil
da Redação
Antes que o leitor se indigne
com as linhas que seguem, vai
aqui uma advertência dos patifes,
ops, Parlapatões, Patifes e Paspalhões: "Cagamos para todos os
moralistas que não vão entender e
nem dar atenção às nossas ironias".
Aos apreciadores de ironias e
afins, eis aqui a reportagem. "Cagamos pros 500" é o "espetáculo-performance-festa-protesto" que
alguns artistas da cidade de São
Paulo irão protagonizar hoje, na
virada da noite, no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), para
"anticomemorar" o Descobrimento do Brasil.
"Está uma visão tão oficial de
tudo que a gente decidiu fazer
uma brincadeira", explica o ator
Hugo Possolo, 37, um dos integrantes do Parlapatões.
A inspiração partiu de um grupo colombiano que, segundo relatou o crítico e dramaturgo Aimar Labaki a Possolo, apresentou
em Bogotá, por ocasião dos 500
anos da América, em 1992, um espetáculo cômico intitulado "Me
Cago para los 500", uma sátira
rasgada.
Além do grupo, participam do
evento o Pia Fraus (com seus bonecos e números circenses), Gérson de Abreu (para lembrar Tom
Jobim), La Mínima Trupe (com
um número inédito), Circo Udi
Grudi, de Brasília (com os sons de
seu espetáculo "O Cano"), José
Rubens "Chachá" (com uma releitura da carta de Pero Vaz de Caminha), Letícia Coura (fazendo
versão de Carmem Miranda),
Bloco Cara Pintada (samba no comando do mestre Marcelo Bianca), Miguel Briamonte (no teclado) e Coral Collegium Musicum,
sob a regência de Abel Rocha.
Essas atrações serão "amarradas" segundo a visão "mais debochada possível" dos principais fatos da história do Brasil.
"É importante que a gente olhe
para o passado e tenha uma certidão de nascimento, como é o caso
da Carta de Caminha, mas não dá
para suportar essa visão tacanha e
tímida de hoje, pior do que na
época do regime militar", compara Possolo.
"O país não pode ficar olhando
para a história como os governantes olham, ignorando a realidade
e o povo. Estão fazendo uma festa
para inglês ver", critica o "parlapatão" Possolo.
Escolinha de FHC
Para Beto Andretta, 38, um dos
integrantes do grupo Pia Fraus,
não se trata de um olhar pessimista. "A gente quer apontar apenas
que temos 500 anos, tudo bem,
mas a situação não está nada legal", afirma. "A ironia ajuda a
despertar a atenção."
No texto que enviaram à imprensa, os organizadores escrevem que "o país se transformou
em uma grande escolinha em que
o professor Fernando Henrique
Raimundo mandou que fizéssemos a lição de casa, "comemorar
os 500 anos de colonização", mas
não somos trouxas e resolvemos
rir das babaquices sociais".
(VALMIR SANTOS)
Evento: Cagamos pros 500
Com: vários
Quando: hoje, à meia-noite ("à 0h05 faremos um minuto de silêncio pela entrada do dia 22!")
Onde: Teatro Brasileiro de Comédia -sala TBC (r. Major Diogo, 315, Bela Vista, tel. 0/xx/11/3115-4622)
Quanto: R$ 5
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