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Atriz volta ao primeiro plano nas telas
DO ENVIADO AO RIO
"Vocês estão desprezando o
maior talento nacional", disse recentemente o poderoso Michael
Barker, presidente da Sony Classics, ao cineasta Bruno Barreto.
Ele falava de Fernanda Montenegro, 72, que, com Dora, seu personagem em "Central do Brasil",
de Walter Salles, foi a primeira
brasileira a ser indicada ao Oscar
de melhor atriz (99), e recebeu o
Urso de Prata de Berlim (98) e o
Globo de Ouro (99).
Desde então, apesar de vários
convites vindos de Hollywood,
Fernanda não protagonizou nenhum filme. "Só recebi propostas
para interpretar iraquianas, chilenas, salvadorenhas, mas não tenho mais 20 anos. Isso é para atriz
estreante e eu não quero entrar na
geléia geral de atores latinos. Eles
que chamem uma chilena para interpretar uma chilena", afirma a
"old girl from Ipanema", como a
atriz se autodefiniu no programa
de David Letterman, em 1999.
Mas Barker estava certo, mesmo do Brasil, a "velha garota", cuja energia no set de filmagem é
contagiante, não tem recebido
convites para protagonizar filmes.
"Sou muito chamada para atuar
como coadjuvante, talvez para
constar meu nome no elenco, mas
não sei mais por quantos 15 minutos eu serei referência", brinca
a atriz, citando Andy Warhol.
Entretanto, o papel de Regina,
em "O Outro Lado da Rua", chegou na "hora certa": "Cinema é
exaustivo. Desde "Central" fiz
muita televisão e teatro, pois de
fato, não sou atriz de cinema, minha vida é em cima do palco".
E o que a seduziu na nova produção? "Além de ser um ótimo
roteiro, me chamou a atenção que
não fala nem de sertão nem de favela. É um filme existencialista,
que trata de Copacabana, bairro
em decadência desde que o Rio
deixou de ser capital, e é um spa
da terceira idade", conta a atriz.
De fato, é só observar nas ruas em
volta da filmagem. Há dezenas de
"velhas garotas" que movimentam o bairro com uma vitalidade,
assim como Fernanda dá vigor à
arte brasileira, seja no teatro, cinema ou televisão.
(FCY)
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