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CINEMA
Europa domina competição pela Palma com 13 dos 19 selecionados
Festival de Cannes se volta para o velho mundo
DA REPORTAGEM LOCAL
O Festival de Cannes deixa de
lado a "onda asiática" no cinema
e se volta para a Europa em sua
59ª edição (de 17/5 a 28/5).
"A Europa relembra, se é que isso é necessário, que possui um cinema de primeira grandeza", disse o diretor-artístico da mostra,
Thierry Frémaux, ao anunciar,
ontem, os longas selecionados
(leia quadro abaixo).
Dos 19 filmes que disputarão a
Palma de Ouro, 13 são europeus.
Entre os seis restantes, há quatro
dos EUA, um do México e um da
China. O Brasil não tem representantes na Competição Oficial de
longas, mas teve dois curtas selecionados (leia abaixo).
O italiano Nanni Moretti, o espanhol Pedro Almodóvar, o inglês Ken Loach, o finlandês Aki
Kaurismäki estão na "constelação" européia de diretores veteranos em Cannes.
Moretti apresenta um libelo anti-Berlusconi ("Il Caimano"). Almodóvar, premiado em Cannes
com "Tudo sobre Minha Mãe",
retorna com outra reflexão sobre
o matriarcado ("Volver"), enquanto Loach ("Meu Nome É
Joe", "Pão e Rosas") reflete sobre
a Irlanda, e Kaurismäki ("O Homem sem Passado") fecha sua trilogia finlandesa ("Laitakaupungin Valot").
A proposta do festival, segundo
Frémaux, é misturar filmes que
"mostram as conseqüências dos
movimentos políticos e sociais do
mundo" com outros outros que
"projetam as grandes questões do
futuro do planeta", para conjugar
presente e futuro no cinema.
Um dos títulos mais esperados,
no entanto, é "Marie-Antoinette",
em que a norte-americana Sofia
Coppola se debruça sobre a personagem histórica da rainha (interpretada por Kirsten Dunst)
abatida pela Revolução Francesa.
O mexicano Alejandro González Iñárritu, revelado em Cannes
com "Amores Brutos", retorna
com um filme de produção norte-americana, que emenda histórias
ao redor de vários países, ao sabor
da globalização. E o norte-americano Richard Kelly, 30, caçula da
disputa, trata do futuro de seu
país ("Southland Tales").
Brasil
Os cineastas brasileiros Walter
Salles e Daniela Thomas participam do festival, como convidados especiais. Eles estão no time
de diretores convidados a dirigir
o longa coletivo "Paris, Je T'Aime", que abrirá a mostra "Un
Certain Regard" (um certo olhar).
Salles e Thomas assinam o episódio sobre o 16º arrondissement
(bairro) de Paris.
"Ficamos apaixonados por essa
outra Paris, dos imigrantes, que
os filmes sobre a cidade em geral
não retratam", diz Thomas. O
episódio acompanha o trajeto da
empregada Ana, vivida pela colombiana Catalina Sandino Moreno ("Maria Cheia de Graça"),
até o bairro, "que só aparece no
último minuto", conta a cineasta.
Salles relembra que as filmagens
coincidiram com os protestos de
descendentes de imigrantes, que
tomaram a capital francesa no fim
do ano passado.
"Filmamos em Bobigny, na periferia de Paris, 15 dias antes da revolta dos filhos de imigrantes que
aconteceu em outubro. Já se podia sentir no ar o que estava prestes a eclodir. Só o [ministro do Interior Nicolas] Sarkozy é que não
percebeu -ou não quis perceber", afirma.
Para Salles, "o que aconteceu ali
não é difícil de entender: é o contracampo do colonialismo".
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