São Paulo, sexta-feira, 21 de abril de 2006

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ÚLTIMA MODA

Museu na França e livro contam a história do pioneiro da bagagem moderna

INVENÇÕES DE LOUIS VUITTON

A poucos quilômetros de Paris, Asnières-sur-Seine foi no século 19 um cenário ocasional para pintores como Van Gogh e Monet. Foi também onde Louis Vuitton (1821-1892) decidiu, em 1860, construir a sua fábrica e a sua casa, colocando a pequena cidade no mapa da moda.
A fábrica deixou de centralizar a produção em 1977 e atualmente produz apenas encomendas especiais e bolsas para os desfiles do prêt-à-porter em Paris. Na casa, rodeada por um vasto jardim, fica hoje o Museu Louis Vuitton -que a Folha visitou após os desfiles parisienses, no último mês.
O andar térreo da mansão é decorado com móveis e objetos da família. No piso superior, fica a preciosa coleção de bagagens de Gaston-Louis Vuitton (1883-1970), da terceira geração do clã.
O acervo reúne baús dos séculos 16 ao 18, peças históricas da maison Louis Vuitton -como uma valise de 1924 para o ator Douglas Fairbanks- e modelos recentes -como um baú desenhado pelo diretor de teatro Robert Wilson.
No museu (que só abre para visitas especiais), comparando os pesados baús do passado com as malas criadas pela grife francesa no século 19, entende-se por que Louis Vuitton é considerado um dos pioneiros da criação da bagagem moderna.
A partir da década de 1850, Vuitton iniciou a criação de um tipo funcional de bagagem, bem mais adequada ao novo viajante que surgia com a invenção da locomotiva e dos barcos a vapor e a expansão dos impérios coloniais. Para substituir os baús pesados, ele inventou formatos mais planos e leves. Em vez de usar couros rústicos e malcheirosos, passou a empregar lona impermeável, num design sobriamente requintado, mais ao gosto da burguesia ascendente.
"A criação da maison Louis Vuitton coincide com o nascimento do capitalismo moderno, com a euforia com as novas técnicas e o progresso. Louis Vuitton percebeu que era também o início da era moderna da viagem", conta o pesquisador Paul-Gérard Pasols, que esteve em São Paulo neste mês para lançar seu livro "Louis Vuitton - O Nascimento do Luxo Moderno" (540 págs., R$ 320, à venda nas lojas da grife).
O livro de Pasols, fartamente ilustrado, é ao mesmo tempo uma história da grife e uma narrativa sobre os diferentes estilos de vida ao longo de 150 anos. Relata como Vuitton caiu de imediato nas graças da aristocracia internacional, transformando-se em sinônimo de luxo -faltou dizer como a exibição ostensiva da marca virou também mania entre novos-ricos e fashion victims.
Um detalhado capítulo explica a criação da famosa logomarca da grife -as iniciais LV com os desenhos gráficos inspirados em motivos medievais, japonistas e art-nouveau. Criados em 1896 por Georges Vuitton (1857-1936), filho de Louis, os desenhos já faziam parte do esforço da empresa em conter as falsificações, que até hoje causam dor de cabeça aos seus donos. Atualmente, somente em Paris, 70 advogados investigam a produção de cópias ilícitas de uma das marcas mais cobiçadas do mundo.

Raquel Zimmerman, Kate Moss e Naomi fazem nova campanha

A modelo brasileira Raquel Zimmerman é uma das estrelas da nova campanha publicitária da Louis Vuitton, com Kate Moss, Naomi Campbell e Stella Tennant. A brigada de tops, fotografada nesta semana em Nova York, entra no lugar de Gisele Bündchen, que foi a imagem da LV no ano passado. Elas vão exibir tanto os acessórios quanto a linha de roupas da marca, desenhada pelo americano Marc Jacobs.
A decisão de contratar várias modelos ao mesmo tempo explicita a preocupação da grife em criar uma campanha capaz de seduzir os mercados muito heterogêneos onde ela tem negócios -com mais de 300 lojas, dos EUA à Rússia, da China ao Brasil.
O Brasil é hoje o segundo mercado na América Latina. Era o primeiro até 2004, mas foi ultrapassado pelo México, onde a marca abre uma nova loja no dia 27.
Das quatro lojas brasileiras, uma fica no Rio e as demais em São Paulo. Até 2007, a Louis Vuitton vai abrir mais três filiais no país -em São Paulo, Brasília e Belo Horizonte.

Redondinho básico

O que a top suíça Patricia Schmid, a stylist brasileira Chiara Gadaleta e a absurda Karen O., vocalista da banda Yeah Yeah Yeahs, têm em comum? O corte de cabelo mais descolado do momento. O shape é mais arredondado, com certo volume na franja e atrás. Segue a onda dos curtos, mas foge do repicado estilo Cláudia Abreu (a Vitória de "Belíssima"), que de tão copiado já ficou com cara de "do ano passado".
A inspiração vem dos anos 60, mas, dependendo da atitude, ganha um ar diferente. Patricia Schmid, nova queridinha das editoras européias e capa da "i-D" de março, é puro glamour na capa do encarte especial sobre automóveis de luxo da "Vogue" francesa de abril. Já Karen O., que está nas capas das revistas "Dazed and Confused" e "Spin" deste mês, deixou o penteado com um jeitão mais rocker. Copie já!

RAPAZ DE SORTE
A sorte bate à porta do catarinense Michael Camiloto, 20. Após estrelar campanhas da Gucci e da D&G, ele é o novo rosto da Salvatore Ferragamo e entrou na lista dos modelos mais disputados, segundo o site Models.com. Batizado como Maicon, o moço trocou o nome a pedido de sua agência, a Marilyn. Depois disso, a carreira decolou. Será a numerologia?

MCQUEEN NO BRASIL
A cobiçadíssima linha de sportswear que Alexander McQueen desenvolveu para a Puma terá lançamento especial no Brasil em junho. Os fashionistas, porém, terão de esperar um pouquinho mais para comprar as peças: a coleção só estará à venda a partir de maio de 2007, segundo o presidente da Puma no Brasil, Andrew Schmitt.


ALCINO LEITE, com Viviane Whiteman - ultima.moda@folha.com.br

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