São Paulo, quinta-feira, 21 de abril de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

"Ficar mais jovem é bem esquisito", diz Paul Giamatti

Ator de "Sideways" aparece moço no longa "A Minha Versão do Amor" e fica velho no decorrer da trama

Filme que estreia hoje aborda as décadas da vida errante de um produtor de televisão arrogante e ranzinza

FERNANDA EZABELLA
DE LOS ANGELES

Não foram as rugas, e sim os cabelos rebeldes, o grande desafio de Paul Giamatti ao protagonizar "A Minha Versão do Amor", filme que estreia hoje, sobre as diversas décadas da vida errante de um produtor de TV reclamão.
"Ficar jovem foi bem mais esquisito do que ficar velho", disse à Folha o ator americano de 43 anos. "É bem mais difícil ser convincente sendo jovem, tentar agir de forma jovem. Sem dúvida foi o mais complicado."
Giamatti, que ganhou um Globo de Ouro neste ano por conta deste papel, aparece bem moço no começo do filme, de peruca, casando com a primeira de suas três mulheres. Ao longo da história, vai envelhecendo, até chegar aos 65 anos, quase carecão.
"Quando você fica velho [para um filme], você tem toda aquela maquiagem linda para se esconder atrás, aquelas rugas. E quando volta no tempo, bem, não tem muito no que se esconder", disse.
Os cachinhos que ganhou, ele garante, vieram de fotografias de quando era, de fato, jovem. "Foi divertido [voltar a ter cabelo]. Mas foi meio triste quando o personagem envelheceu e eles usaram meu próprio cabelo, nada de peruca", disse, rindo.
Barney Panofsky, seu personagem, é um sujeito arrogante, briguento, difícil de se simpatizar. Pior: na própria festa de seu segundo casamento (com a personagem de Minnie Driver), ele vai atrás de outra mulher (Rosamund Pike), que acabou de conhecer e decide que é sua alma gêmea.
Para completar o cenário desastroso, surge seu pai (Dustin Hoffman), que lhe dá uma arma de presente.
"Ele faz coisas difíceis de aceitar às vezes, mas eu gosto de Barney. Gosto do comportamento impulsivo, ele mal consegue se controlar na maior parte do tempo", disse Giamatti. "Pelo menos ele é sincero. À sua maneira, é um romântico, um romântico daqueles bem esquisitos."

INSATISFAÇÃO
Indicado ao Oscar pelo papel coadjuvante no filme de boxe "A Luta pela Esperança", Giamatti ficou mais conhecido do público com a comédia de estrada banhada a vinho "Sideways - Entre Umas e Outras".
O que ele gosta mesmo de fazer são as produções históricas, como a minissérie "John Adams" (2008), sobre o ex-presidente americano e as primeiras décadas dos EUA, que lhe valeu um Emmy.
Giamatti diz que, como começou sua carreira no teatro, sempre sentiu falta das histórias do gênero no cinema. "Atores americanos não fazem muito. Mas qualquer chance que tenho, eu pego."
Na época desta entrevista, no mês passado, ele estava se preparando para filmar "The Ides of March" (idos de março), dirigido por George Clooney, que também coescreveu e atuou.
O longa, que deve estrear em outubro, narra as disputas de duas campanhas rivais do Partido Democrata pela indicação do candidato à Presidência.
Ele também gravou recentemente "Too Big to Fail" (muito grande para falhar), no qual interpreta o presidente da Federal Reserve -o banco central americano-, Ben Bernanke. "Fiz muitas pesquisas sobre ele, não sabia absolutamente nada", disse. "Nunca fico 100% satisfeito com uma performance. Acho que sou muito desleixado como ator. Gostaria de ser melhor."


Texto Anterior: Crítica/Ação: "Bróder" permite entender caos visual de bairros pobres
Próximo Texto: Crítica/Drama: Longa busca se desfazer de romance que lhe deu origem
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.