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Comprimidos verdes
VOLTAIRE DE SOUZA
A saúde é um problema
sério no país. O dr. Dulcídio trabalhava num hospital da periferia. Balançava a
cabeça. "Quanta gente,
meu Deus." Filas e filas.
Macas no corredor. O dr.
Dulcídio olhou para o desempregado Natalino. Que
sofria do coração. Abriu a
gaveta. Deu-lhe uma pílula
verde. Chamou o paciente
seguinte. Mais um comprimidinho verde. "Vamos
entrando, minha gente."
Eram cápsulas de veneno.
Trinta e dois mortos num
dia de consulta. "Posso me
orgulhar de uma coisa.
Aqui, a fila anda." Sãos ou
doentes, estamos todos na
ante-sala da Eternidade.
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