São Paulo, terça, 21 de abril de 1998

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Comprimidos verdes

VOLTAIRE DE SOUZA

A saúde é um problema sério no país. O dr. Dulcídio trabalhava num hospital da periferia. Balançava a cabeça. "Quanta gente, meu Deus." Filas e filas. Macas no corredor. O dr. Dulcídio olhou para o desempregado Natalino. Que sofria do coração. Abriu a gaveta. Deu-lhe uma pílula verde. Chamou o paciente seguinte. Mais um comprimidinho verde. "Vamos entrando, minha gente." Eram cápsulas de veneno. Trinta e dois mortos num dia de consulta. "Posso me orgulhar de uma coisa. Aqui, a fila anda." Sãos ou doentes, estamos todos na ante-sala da Eternidade.



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