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São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 2003

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DOCUMENTÁRIO

Cineastas "brincam" de irmãos Lumière

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO

Quando questionado "Por que você filma?", o diretor David Lynch diz (no documentário "Lumière e Companhia"): "Gosto de fazer filmes pois adoro penetrar e me perder em outro mundo".
Os primórdios e as engrenagens desse tal "outro mundo" foram buscados por 40 cineastas que, em 1995, durante as comemorações do centenário do cinema, "brincaram" de irmãos Lumière.
Usando um cinematógrafo restaurado pelo Museu de Cinema de Lyon e filmes originais reconstruídos, diretores como Costa-Gavras, Abbas Kiarostami, Michael Haneke e Peter Greenway filmaram em condições enfrentadas pelos "pais" do cinema.
Cada um fez um filmete de 52 segundos, sem som sincronizado e luz artificial. O resultado, aliado às respostas dos cineastas para perguntas como "O cinema é mortal?" e "Por que aceitaram o desafio?", é um questionamento sobre o passar do tempo, o confronto entre o novo e o velho, e a redescoberta do próprio cinema.
Da união entre a precariedade dos primeiros tempos ao conhecimento acumulado durante cem anos de história, surgem obras que, apesar de autorais, estão ligadas ao universo algo lúdico e ingênuo dos Lumière.
O norte-americano David Lynch, por exemplo, cria sua conhecida atmosfera onírica/bizarra em um filmete composto por cinco cenas curtas, que mostram policiais e uma garota nua presa numa espécie de aquário.
Há a opção pelo cômico em alguns dos melhores esquetes, como o francês Jacques Rivette, que registra uma garota de patins esbarrando em um pedestre, ou o chinês Zhang Yimou, que filma um casal com vestes típicas dançando na Muralha da China se transformar em jovens dançando ao som de Nirvana. Mundos do cinema tão espetaculares quanto a corrida tecnológica de um "Matrix Reloaded" (2003).


LUMIÈRE E COMPANHIA. Lumière et Compaigne. Quando: hoje (20h30), amanhã (12h30) e dia 26 (5h30 e 13h30) no Eurochannel.


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