São Paulo, quinta-feira, 21 de maio de 2009

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Alain Resnais exibe mais um "corpo estranho"

DA ENVIADA A CANNES

Quando o diretor Alain Resnais, 86, exibiu em Cannes "Hiroshima Meu Amor", em 1959, os cineastas que constituíram a nouvelle vague se interrogaram se aquele seria "o primeiro filme moderno do cinema falado", e Jean-Luc Godard pronunciou uma de suas frases mais ressonantes: "O travelling [um movimento de câmera] é uma questão moral".
Esse episódio, relembrado no número que a revista "Cahiers du Cinéma" dedica ao 62º Festival de Cannes, rondou como um fantasma a estreia, ontem, de "Les Herbes Folles" (as ervas daninhas), com o qual Resnais concorre à Palma de Ouro.
Mais uma vez, o cineasta apresenta um "corpo estranho" no panorama da produção cinematográfica de seu tempo. "Les Herbes Folles" seria uma comédia romântica sobre os subterrâneos do desejo, se não fosse um filme com a assinatura de Alain Resnais e, portanto, inclassificável.
A história gira em torno do roubo da bolsa de uma mulher (Sabine Azéma). O homem (André Dussol-lier) que a encontra e devolve se apaixona imediatamente pela vítima.
Casado, ele passa a escrever e telefonar para o seu novo amor, como se ambos já tivessem uma relação. As reações dela ao afeto dele oscilam.
Confrontado com uma pergunta sobre a eventual possibilidade de "Les Herbes Folles" ser um sucesso de público, Resnais disse: "Minha maior preocupação sempre foi que o espectador fique feliz em sua poltrona e não queira sair da sala. Se eu soubesse que haveria um número maior de espectadores colocando a câmera um pouco mais para a direita ou para a esquerda, eu faria isso imediatamente". Para Resnais, o movimento da câmera continua sendo uma questão moral. (SA)


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