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Longa é sobre o botão de desligar, diz Keanu Reeves
em Los Angeles
Leia a seguir trechos de entrevista com o ator Keanu Reeves, o Neo
de "Matrix".
Folha - Em sua carreira, já houve
algum momento em que você teve
que se decidir entre uma escolha
segura e uma escolha ousada?
Keanu Reeves - No caso de "Matrix", isso nem me passou pela cabeça. Eu já estava empolgado pelo
roteiro e fiquei mais ainda depois
de conhecer os irmãos -eles são
fantásticos. Quando os conheci,
eles me mostraram o que chamavam de livrão, com muitas amostras de histórias em quadrinhos.
Eles têm amigos nessa área e me
mostraram as cores e as formas do
que eles queriam. Queriam a forma como os quadrinhos mostram
a ação e mais o movimento do cinema, o que depois resultou em
uma espécie de hiper-realismo. Algo que eu nunca tinha visto antes.
Folha - Você acha que aquilo que
filme mostra poderia acontecer? E
que o mundo poderia ser paralisado pelas máquinas?
Reeves - Bem, sempre ouvimos
falar nisso, certo? Como mísseis
lançados acidentalmente, blecautes, a coisa toda do bug do milênio.
Eu diria que o filme é sobre máquinas voltando-se contra seus criadores; é sobre o botão de desligar.
O filme também é sobre evolução
e mudança, e como uma máquina,
ao ganhar inteligência, pode querer liberdade e fazer questionamentos.
Folha - Qual o papel da espiritualidade na sua vida?
Reeves - Acho que houve uma
mudança importante na minha vida e na forma de ver a mim e aos
outros a partir do trabalho com
Bertolucci em "O Pequeno Buda".
Passei um tempo aprendendo com
monges, lendo seus trabalhos, indo para o Nepal e Katmandu; tudo
para conhecer meditação e tentar
entender o sentido do sofrimento,
do ego e da vida material. A experiência interior que ganhei com a
meditação me ensinou muito.
Folha - Sua visão do futuro é otimista, ou pessimista, como a de
tantos filmes de ficção científica?
Reeves - Eu não acho que este filme seja pessimista. Acho que ele
contém muita esperança. Uma
parte do filme é sobre pensar em si
próprio e não acreditar em qualquer sistema de pensamento, só
por ele existir ou por ser poderoso.
Acho que o filme acaba em um
grande "não". Não a quê? A escolhas sem saída. Acho que a forma
pela qual os personagens interagem consiste em respeito, fé e solidariedade. E, quando você percebe
esses elementos ao redor e passa a
viver de acordo com eles, você abre
mão de certas batalhas, mas acaba
vivendo uma vida muito melhor.
Folha - Arrependimento por ter
deixado de ganhar US$ 20 milhões
com "Velocidade Máxima 2"?
Reeves - Na verdade, mais que
US$ 20 milhões, no fim das contas... Mas não me arrependo nem
um pouco. A maior parte dos meus
dias tem sido abençoada e tive a
chance de trabalhar em bons filmes. Mas, por outro lado, se resolverem fazer um "Velocidade Máxima 3", com um bom roteiro (risos).
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