São Paulo, Sexta-feira, 21 de Maio de 1999
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Longa é sobre o botão de desligar, diz Keanu Reeves

em Los Angeles

Leia a seguir trechos de entrevista com o ator Keanu Reeves, o Neo de "Matrix".
Folha - Em sua carreira, já houve algum momento em que você teve que se decidir entre uma escolha segura e uma escolha ousada?
Keanu Reeves -
No caso de "Matrix", isso nem me passou pela cabeça. Eu já estava empolgado pelo roteiro e fiquei mais ainda depois de conhecer os irmãos -eles são fantásticos. Quando os conheci, eles me mostraram o que chamavam de livrão, com muitas amostras de histórias em quadrinhos. Eles têm amigos nessa área e me mostraram as cores e as formas do que eles queriam. Queriam a forma como os quadrinhos mostram a ação e mais o movimento do cinema, o que depois resultou em uma espécie de hiper-realismo. Algo que eu nunca tinha visto antes.
Folha - Você acha que aquilo que filme mostra poderia acontecer? E que o mundo poderia ser paralisado pelas máquinas?
Reeves -
Bem, sempre ouvimos falar nisso, certo? Como mísseis lançados acidentalmente, blecautes, a coisa toda do bug do milênio. Eu diria que o filme é sobre máquinas voltando-se contra seus criadores; é sobre o botão de desligar.
O filme também é sobre evolução e mudança, e como uma máquina, ao ganhar inteligência, pode querer liberdade e fazer questionamentos.
Folha - Qual o papel da espiritualidade na sua vida?
Reeves -
Acho que houve uma mudança importante na minha vida e na forma de ver a mim e aos outros a partir do trabalho com Bertolucci em "O Pequeno Buda". Passei um tempo aprendendo com monges, lendo seus trabalhos, indo para o Nepal e Katmandu; tudo para conhecer meditação e tentar entender o sentido do sofrimento, do ego e da vida material. A experiência interior que ganhei com a meditação me ensinou muito.
Folha - Sua visão do futuro é otimista, ou pessimista, como a de tantos filmes de ficção científica?
Reeves -
Eu não acho que este filme seja pessimista. Acho que ele contém muita esperança. Uma parte do filme é sobre pensar em si próprio e não acreditar em qualquer sistema de pensamento, só por ele existir ou por ser poderoso.
Acho que o filme acaba em um grande "não". Não a quê? A escolhas sem saída. Acho que a forma pela qual os personagens interagem consiste em respeito, fé e solidariedade. E, quando você percebe esses elementos ao redor e passa a viver de acordo com eles, você abre mão de certas batalhas, mas acaba vivendo uma vida muito melhor.
Folha - Arrependimento por ter deixado de ganhar US$ 20 milhões com "Velocidade Máxima 2"?
Reeves -
Na verdade, mais que US$ 20 milhões, no fim das contas... Mas não me arrependo nem um pouco. A maior parte dos meus dias tem sido abençoada e tive a chance de trabalhar em bons filmes. Mas, por outro lado, se resolverem fazer um "Velocidade Máxima 3", com um bom roteiro (risos).


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