São Paulo, Sexta-feira, 21 de Maio de 1999
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A TRILHA
Rock industrial e música eletrônica se casam em saga cibernética



MARCELO NEGROMONTE
da Redação

Perseguição, muitos óculos escuros, capas pretas, clima sombrio, suspense, cyberthriller. Visualiza-se dessa maneira o filme "Matrix" a partir de sua trilha sonora.
Rock industrial, big beats e música de computador são o que "Matrix", o álbum, tem de mais evidente -o que o torna coerente em certo sentido, mas curiosamente asséptico, sem sangue nem poluição, como convém ao mundo virtual.
Já começa com o porno-thrash-pseudo-glam Marilyn Manson, com "Rock Is Dead", música de clara inspiração do "iguana" Iggy Pop, que, a despeito da persona quase patética de Manson, pode ser fundo para cenas tresloucadas de sexo ou de ataques de hackers.
Em "Spybreak!", os Propellerheads, duo de batidas pesadas e grandes, aceleram com suingue, com um interessante clima bondiano, a velha-guarda dos filmes de ação. No seu primeiro álbum, "Decksandrumsandrockandroll" (de onde é extraída a música), os Propellerheads só flertavam com tal estética 007.
Pelo decorrer da trilha, muita coisa deve estar acontecendo ao mesmo tempo na tela. Mas ainda não chegamos ao que Neo (Keanu Reeves) tanto procura.
Marilyn Manson, Ministry, Rob Zombie e Rammstein fazem o trabalho "sujo" da trilha de "Matrix".
O industrial Ministry cede "Bad Blood", com guitarras e vocais distorcidos, algum troço eletrônico, o que a faz uma das mais imundas do disco -mas a sujeira aqui é do tipo que se põe na lixeira do desktop do computador, sem cheiro e quase inofensiva.
Rob Zombie, vocalista do White Zombie, uma espécie de Marilyn Manson de calças -puídas-, traz "Dragula" remixada. Cyberthrash, velocidade máxima, asfixiante. Terá Neo encontrado o Matrix?
Ainda não. Ainda há a eletro-heavy "Du Hast", bestinha, da banda alemã Rammstein, e "My Own Summer (Shove It)", dos pesados e arrastados Deftones.
O clímax deve estar perto quando é soada "Ultrasonic Sound", do DJ norte-americano Hive, que trata de temas típicos do país onde nasceu: paranóia e lado obscuro da natureza humana (???). Drum'n'bass e big beats se entrelaçam perfeitamente aqui.
Os ingleses do Meat Beat Manifesto trazem a música cibernética "Prime Audio Soup" para mais perto da realidade. Ótima. Do seu último e interessante álbum "Actual Sound + Voices".
Seguem Lunatic Calm ("Leave You Far Behind", que já esteve em "O Chacal") e Prodigy ("Mindfields"), que chacoalham qualquer cena de ação com os atores suspensos. O fim está próximo.
"Clubbed to Death", de Rob D., é a música ideal para acompanhar os letreiros. Climática, suave, um repouso depois de tanto sufoco.


Avaliação:



Disco: Trilha sonora de Matrix
Com: Marilyn Manson, Propellerheads, Meat Beat Manifesto, Ministry, Lunatic Calm, Prodigy, Rage Against the Machine, Hive
Lançamento: WEA
Quanto: R$ 20, em média



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