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A TRILHA
Rock industrial e música eletrônica se casam em saga cibernética
MARCELO NEGROMONTE
da Redação
Perseguição, muitos óculos escuros, capas pretas, clima sombrio,
suspense, cyberthriller. Visualiza-se dessa maneira o filme "Matrix"
a partir de sua trilha sonora.
Rock industrial, big beats e música de computador são o que "Matrix", o álbum, tem de mais evidente -o que o torna coerente em certo sentido, mas curiosamente asséptico, sem sangue nem poluição,
como convém ao mundo virtual.
Já começa com o porno-thrash-pseudo-glam Marilyn Manson,
com "Rock Is Dead", música de
clara inspiração do "iguana" Iggy
Pop, que, a despeito da persona
quase patética de Manson, pode
ser fundo para cenas tresloucadas
de sexo ou de ataques de hackers.
Em "Spybreak!", os Propellerheads, duo de batidas pesadas e
grandes, aceleram com suingue,
com um interessante clima bondiano, a velha-guarda dos filmes
de ação. No seu primeiro álbum,
"Decksandrumsandrockandroll"
(de onde é extraída a música), os
Propellerheads só flertavam com
tal estética 007.
Pelo decorrer da trilha, muita
coisa deve estar acontecendo ao
mesmo tempo na tela. Mas ainda
não chegamos ao que Neo (Keanu
Reeves) tanto procura.
Marilyn Manson, Ministry, Rob
Zombie e Rammstein fazem o trabalho "sujo" da trilha de "Matrix".
O industrial Ministry cede "Bad
Blood", com guitarras e vocais distorcidos, algum troço eletrônico, o
que a faz uma das mais imundas do
disco -mas a sujeira aqui é do tipo que se põe na lixeira do desktop
do computador, sem cheiro e quase inofensiva.
Rob Zombie, vocalista do White
Zombie, uma espécie de Marilyn
Manson de calças -puídas-, traz
"Dragula" remixada. Cyberthrash,
velocidade máxima, asfixiante. Terá Neo encontrado o Matrix?
Ainda não. Ainda há a eletro-heavy "Du Hast", bestinha, da banda alemã Rammstein, e "My Own
Summer (Shove It)", dos pesados e
arrastados Deftones.
O clímax deve estar perto quando é soada "Ultrasonic Sound", do
DJ norte-americano Hive, que trata de temas típicos do país onde
nasceu: paranóia e lado obscuro da
natureza humana (???).
Drum'n'bass e big beats se entrelaçam perfeitamente aqui.
Os ingleses do Meat Beat Manifesto trazem a música cibernética
"Prime Audio Soup" para mais
perto da realidade. Ótima. Do seu
último e interessante álbum "Actual Sound + Voices".
Seguem Lunatic Calm ("Leave
You Far Behind", que já esteve em
"O Chacal") e Prodigy ("Mindfields"), que chacoalham qualquer
cena de ação com os atores suspensos. O fim está próximo.
"Clubbed to Death", de Rob D., é
a música ideal para acompanhar os
letreiros. Climática, suave, um repouso depois de tanto sufoco.
Avaliação:
Disco: Trilha sonora de Matrix
Com: Marilyn Manson, Propellerheads,
Meat Beat Manifesto, Ministry, Lunatic Calm,
Prodigy, Rage Against the Machine, Hive
Lançamento: WEA
Quanto: R$ 20, em média
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