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Crítica
La Pergoletta diferencia-se de cantinas por apresentação
JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA
A
s cantinas paulistanas
têm vocação de simplicidade e bons preços,
tradição nascida com as casas
de massa e pizza da zona leste,
criadas pelos imigrantes de um
século atrás.
A La Pergoletta fica na zona
leste, mas não nos bairros tipicamente italianos. Serve pratos
tradicionais, mas não apenas.
Ao contrário das casas da região, é pequena e tem uma decoração mais do norte da Itália
do que napolitana, do sul. E
uma história curiosa: nasceu
como filial de uma casa homônima em Florianópolis.
Mas a história começou bem
antes, 20 anos atrás, com a chegada ao Brasil do milanês Elia
Seganti, 45, que veio a passeio e
terminou se casando e ficando.
Sua família tinha restaurantes
na Toscana e no Piemonte, onde ele passava férias ajudando
na cozinha; de posse dessa experiência, abriu em São Paulo
uma rotisseria. Depois foram
três anos com um café italiano
em Blumenau; e 12 anos atrás, o
primeiro La Pergoletta, em
Florianópolis.
Cinco anos atrás foi a vez do
La Pergoletta paulistano; inicialmente rotisseria, ganhou o
restaurante anexo em 2005
(um ano antes da venda da matriz catarinense). Uma casa pequena e aconchegante, com decoração toscana, lareira, quadros e objetos pelas paredes, e
um forno a lenha (para assados,
não pizza). Seu cardápio, com
itens tradicionais e alguma coisa mais moderna, diferencia-se
do das cantinas (até pela apresentação de alguns pratos, como a lasanha à bolonhesa e aos
quatro queijos e o risoto de frutos do mar, em louças especiais).
As massas caseiras vão do ravióli de mussarela de búfala
com molho de tomate ao exótico ravióli de carne-seca, abóbora e amaretto com sugo e pesto.
Há gratinados demais.
Entre as massas secas da casa, espaguete com frutos do
mar e fusilli com ragu de cordeiro e aspargo. Apesar do filé
muito fino, é gostoso o robalo
ao vinho branco com tomate e
fettuccine.
Do forno sai um pernil de
cordeiro macio, embora assado
demais (deveria ser fatiado depois de pronto); o prato é vistoso, mas as guarnições excessivas se sobrepõem (tortelli de
abóbora, tomates recheados,
batatas, mandioquinha, legumes diversos...). Como sobremesa, tiramisù e torta de limão
com frutas silvestres.
josimar@basilico.com.br
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