Prestes a iniciar seu primeiro projeto no Brasil , o arquiteto inglês Norman Foster constesta as críticas ideológicas feitas a ele e afirma que seu trabalho é norteado para satisfazer as pessoas

GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Para falar com Norman Foster, é educado colocar a palavra "lorde" antes de pronunciar seu nome.
Além de arquiteto -com portfólio cheio de aeroportos, bancos e edifícios governamentais-, ele é membro da nobreza britânica, condecorado em 1997.
Em Londres, onde mantém um escritório com cerca de mil funcionários e uma vista invejável do rio Tâmisa, tem obras espalhadas por todos os cantos.
São prédios que nunca passam despercebidos, a exemplo da sede para a Greater London Authority, na margem sul do rio que corta a capital inglesa.
O prédio, com forma de uma esfera de eixo inclinado, a fachada de aço e vidro esverdeada, entra em choque com as "antiguidades" arquitetônicas de uma paisagem essencialmente retilínea.
Nem todo mundo gostou, e os não partidários lhe deram o apelido de "cebola".
Em entrevista exclusiva à Folha, por e-mail, lorde Foster fala sobre essas particularidades, que lhe renderam questionamentos inúmeros de "colegas" que ele próprio considera "mais tímidos".
Foi justamente rompendo os limites de uma arquitetura comportada que seu trabalho ganhou reconhecimento e os prêmios Pritzker e Príncipe das Astúrias.
Foster anunciou ainda o projeto de um hotel em Paraty, no Rio, encomendado pelo grupo hoteleiro Emiliano. Será o primeiro edifício projetado por ele no Brasil.

 

Folha - O "New York Times" publicou que seus projetos para a sede do Hong Kong and Shanghai Bank são "uma resposta capitalista para a arquitetura popular do Pompidou de Paris". Arquitetura pode representar ideologias hoje?
Norman Foster - Eu não abraço nenhuma ideologia específica, sempre rejeitei escolas e estilos padronizados. Meu trabalho é em primeiro lugar criado para pessoas e suas necessidades, sejam materiais ou espirituais. Pesquisa também é algo a que dou valor.

Como foi a pesquisa de uma casa para elefantes num zoológico dinamarquês?
A prioridade ali era criar um ambiente estimulante para os elefantes, recriar aspectos de seus habitats.
A tarefa inicial foi pesquisar o modelo de vida deles. Na natureza, por exemplo, elefantes às vezes se separam de suas manadas. Então não dava para colocá-los em um espaço apenas.

O hotel Emiliano contratou seu escritório para o projeto de um hotel em Paraty. Você pode adiantar algo?
É o nosso primeiro projeto no Brasil. O desenho ainda está sendo desenvolvido, mas é um resort sustentável, projetado para se relacionar com a paisagem natural e tirar vantagem da vista que contempla o lugar.


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