|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
OUTRA FREQUÊNCIA
Agora, Favela FM tem até entrevista com presidenciáveis
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A polêmica Favela FM é o tema do filme "Uma Onda no
Ar", que estréia no dia 6 de setembro em São Paulo, trazendo de
volta aos holofotes a discussão sobre estações ilegais.
Antes de mais nada, é bom que
se diga: o longa, de Helvécio Ratton, é mais obrigatório a fãs de rádio do que a cinéfilos. Premiado
em Gramado, na semana passada,
não escapa de clichês. Mas isso,
pelo menos aqui, é o de menos. O
que importa é que lá está a história, em tom documental, de uma
estação que irradiou seus primeiros sinais direto do Aglomerado
da Serra, a maior favela de Belo
Horizonte, no fim dos anos 70.
Em pleno regime militar, jovens
tiraram do ar a "Voz do Brasil"
para transmitir, ilegalmente, programas feitos por e para moradores da região.
O que torna a trajetória dessa
rádio diferente da de tantas outras
é que ela, apesar de ter sido fechada várias vezes, nunca saiu do ar
definitivamente. E está entre as
mais ouvidas da cidade. O filme
termina contando que a Favela
FM, reconhecida por seu trabalho
social, recebeu em 2000 uma concessão de Pimenta da Veiga, então
ministro das Comunicações.
É o fim do romance de Ratton,
mas o início de um debate político, que Misael dos Santos, fundador da rádio, joga no ar.
Ponto um: "O governo só deu a
concessão porque foi obrigado. A
Justiça me condenou oito vezes.
Viu que não adiantava e obrigou o
governo a regularizar a rádio". E
aí Pimenta da Veiga, que deu a
Minas -seu reduto eleitoral- o
maior número de concessão de
rádios, subiu no morro, cercado
pela imprensa, para entregar a autorização nas mãos de Santos.
Ponto dois: "Hoje temos verba
do governo. Antes, o governo pagava anúncio num dia e mandava
fechar a rádio no outro".
Ponto três: "Agora, todo mundo
quer aparecer. Já marquei entrevista com os presidenciáveis. Minas é importante para ganhar a
eleição, e ninguém ganha aqui se
não passar pela Favela FM".
Ponto final: alguém tem alguma
dúvida de que toda a discussão
sobre rádio -favelas FMs, comunitárias, e seja o que Deus quiser- está, como sempre, a milhas
das preocupações de qualquer
um que assuma o governo?
Políticos desolados: Paulo Barboza, que comandava um dos palanques de maior audiência do
dial, na Record AM, foi demitido.
Um bispo da Igreja Universal do
Reino de Deus entrou em seu lugar. É mais uma demonstração
dos rumos que a nova direção da
Rede Record pretende dar. À rádio e à TV.
laura@folhasp.com.br
Texto Anterior: Mônica Bergamo Próximo Texto: Polêmica: Quadro copiado é premiado em concurso Índice
|