São Paulo, domingo, 21 de agosto de 2005

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TV PAGA

Empresa norueguesa se une a operadoras brasileiras para implantar tecnologia; opção amplia faixa de consumidores

Sistema "pay-per-view" em "raspadinha" chega ao Brasil

FERNANDA DANNEMANN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Primeiro foi o "celular de cartão". Agora, chega a vez da "TV a cabo de cartão". Uma empresa norueguesa se associou a duas operadoras de TV por assinatura no Brasil para implantar um sistema digitalizado que permitirá a venda de eventos em "pay-per-view" por meio de cartões que o assinante comprará em pontos-de-venda espalhados pela cidade. Ainda neste ano, Campos de Goytacazes e Macaé, no litoral norte do Rio de Janeiro, e Uberlândia (MG) serão os primeiros municípios a desfrutar do sistema, numa fase de três meses de teste.
"Essa tecnologia vai tornar a TV paga acessível a outras classes que não a A e a B. O assinante compra um pacote básico de canais a um preço menor e complementa sua programação comprando seus canais prediletos e eventos avulsos, como filmes e shows, conforme o bolso. É uma alternativa a pagar uma mensalidade alta e ter 60 canais dos quais ele só vai assistir a quatro ou cinco", diz Ricardo Pirola, gerente-geral da Conax, empresa que traz a "raspadinha".
Em Campos de Goytacazes, o sistema será operado pela Viacabo, que atua em oito Estados com um total de 60 mil assinantes. "A tecnologia já foi implantada em países com perfil socioeconômico semelhante ao do Brasil, como a Índia. Lá, somente uma das operadoras que trabalham com esse sistema tem 2,5 milhões de assinantes. É mais da metade do total de toda a TV paga daqui", diz Antônio Salles, diretor de tecnologia da empresa. Em Uberlândia, o sistema será implantado pela Image TV, que atua em Araguari, com cerca de 30 mil assinantes.
Depois de raspar o código do cartão que acabou de comprar na banca de jornal ou numa lotérica, o assinante manda um torpedo via celular informando o número do código à central da operadora. Três minutos depois, o decodificador de sua casa é habilitado a receber as imagens. "O assinante ainda economiza com os custos da ligação, já que o envio de uma mensagem SMS custa, em média, R$ 0,31, e levará somente o tempo de passar o código para a central. Já para um terminal de atendimento, o minuto custa cerca de R$ 0,35, e o tempo médio é de 20 minutos", diz Pirola.
Ainda não há preço estipulado para os cartões. Segundo Salles, vai variar de acordo com a programação oferecida por cada cartão e com as promoções das operadoras. "Os preços serão compatíveis com as classes que serão o nosso alvo." Já os pacotes básicos, oferecidos pelas operadoras, deverão ter, no mínimo, 30 canais. Mas a oferta de eventos esportivos vai depender de acordos no mercado de conteúdo de esportes.
O período de testes servirá para que as operadoras estipulem, junto com as programadoras -que fornecem o conteúdo- o que cada cartão oferecerá, além de definir os pontos-de-venda. Em países como Alemanha e Noruega, a compra é feita em agências dos correios, bancas de jornais e farmácias. Outra idéia é que os cartões também sorteiem prêmios.
Segundo a Associação Brasileira de TV por Assinatura (ABTA), o mercado brasileiro é caracterizado por operadoras de pequeno e médio porte, que operam em cidades distantes. Das cerca de 150 operadoras no país, mais de 140 se enquadram na definição. A idéia é que as "raspadinhas" ampliem o número de assinaturas e gerem mais receita por meio da possibilidade de intercâmbio de serviços entre operadoras e redes de telefonia, que dividirão o valor arrecadado com as ligações. E o combate à pirataria é outro ganho. "Como a Conax fornece tecnologia de segurança para sistemas de jogos on-line de cassinos, tem condições de nos disponibilizar um sistema seguro", diz Salles.


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