São Paulo, segunda-feira, 21 de agosto de 2006

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Fotos da diretora complementam mostra paulista

DO CRÍTICO DA FOLHA

Além do conjunto de filmes, a mostra "O Movimento Perpétuo do Olhar" também exibirá 50 fotografias feitas por Agnès Varda antes de se dedicar ao cinema.
Feitos durante viagens a Cuba, China, Portugal e França, esses trabalhos já evidenciam a peculiaridade da visão de Varda sobre o individual. O melhor exemplo é uma foto de Fidel Castro, onde o líder cubano aparece já com certa aura heróica, mas devolvido ao banal graças a um meio sorriso capturado no instantâneo.
A fotografia é também o ponto de partida para "Ulisses", um dos mais belos documentários da diretora. Nele, uma composição de um homem nu, um garoto e um bode morto, capturados numa praia, servem para Varda exercitar sua investigação sobre as transformações da realidade, reconstruída numa fotografia e depois múltiplas vezes perdida na busca de restaurar o momento original através das lembranças daqueles nela retratados.
A imagem, o documentário e o procedimento memorialístico ganham o status de símbolo do cinema de Varda, no qual a realidade é sempre o ponto de partida para sua reelaboração. Através desse processo de buscar no mundo os muitos sentidos disponíveis por uma poética pessoal é que Varda estabeleceu um conjunto coerente no qual transparecem as genuínas emoções. (CSC)


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