|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Fotos da diretora
complementam
mostra paulista
DO CRÍTICO DA FOLHA
Além do conjunto de filmes, a mostra "O Movimento Perpétuo do Olhar" também exibirá 50 fotografias
feitas por Agnès Varda antes
de se dedicar ao cinema.
Feitos durante viagens a
Cuba, China, Portugal e
França, esses trabalhos já
evidenciam a peculiaridade
da visão de Varda sobre o individual. O melhor exemplo
é uma foto de Fidel Castro,
onde o líder cubano aparece
já com certa aura heróica,
mas devolvido ao banal graças a um meio sorriso capturado no instantâneo.
A fotografia é também o
ponto de partida para "Ulisses", um dos mais belos documentários da diretora. Nele, uma composição de um
homem nu, um garoto e um
bode morto, capturados numa praia, servem para Varda
exercitar sua investigação
sobre as transformações da
realidade, reconstruída numa fotografia e depois múltiplas vezes perdida na busca
de restaurar o momento original através das lembranças
daqueles nela retratados.
A imagem, o documentário e o procedimento memorialístico ganham o status de
símbolo do cinema de Varda,
no qual a realidade é sempre
o ponto de partida para sua
reelaboração. Através desse
processo de buscar no mundo os muitos sentidos disponíveis por uma poética pessoal é que Varda estabeleceu
um conjunto coerente no
qual transparecem as genuínas emoções.
(CSC)
Texto Anterior: Os contrastes de Varda Próximo Texto: Mônica Bergamo Índice
|