São Paulo, segunda-feira, 21 de agosto de 2006

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Gramado esquarteja premiação nacional

Júri elege "Anjos do Sol" e "Serras da Desordem" como vencedores e dá a "Pro Dia Nascer Feliz" o Prêmio Especial

Na competição de longas latinos, o mexicano "El Violín" foi eleito melhor filme segundo o júri oficial, o popular e o da crítica

SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL A GRAMADO

Entre cinco longas-metragens brasileiros concorrentes, o júri do 34º Festival de Gramado decidiu escolher dois para dividir o Kikito de melhor filme e um terceiro para receber o Prêmio Especial do Júri. Os troféus foram entregues na noite de sábado.
"Anjos do Sol", do estreante na direção Rudi Lagemann, e "Serras da Desordem", do veterano Andrea Tonacci, ficaram com o título de melhor filme. O documentário "Pro Diz Nascer Feliz", de João Jardim, levou o Prêmio Especial.
"Serras da Desordem" recebeu ainda os Kikitos de melhor direção e fotografia (Aloysio Raulino, Alziro Barbosa e Fernando Coster), enquanto "Anjos do Sol" acumulou os prêmios de roteiro (Lagemann), montagem (Lagemann, Felipe Lacerda e Leo Alves), ator (Antônio Calloni), ator coadjuvante (Octávio Augusto) e atriz coadjuvante (Mary Sheila).
"Pro Dia Nascer Feliz" foi eleito o melhor filme do festival pelo júri popular e pela crítica.
Recebeu o prêmio de melhor música (Dado Villa-Lobos), segundo o júri oficial, formado pelos cineastas Rodolfo Nanni, Tizuka Yamasaki e Alain Fresnot e pelo exibidor Adhemar Oliveira. "Sonhos e Desejos", de Marcelo Santiago, teve dois Kikitos: melhor atriz (Mel Lisboa) e direção de arte (Oswaldo Eduardo Lioi). "Atos dos Homens", de Kiko Goifman, não foi lembrado pelo júri.
A profusão de agraciados com os prêmios mais nobres do festival não indica que a disputa se deu entre candidatos especialmente fortes.
A Folha apurou que os membros do júri oficial entraram em acordo para abolir a necessidade de decisão unânime sobre os vencedores. Queriam evitar o eventual constrangimento de terem de endossar algum prêmio que julgassem indefensável.
Ao agradecer seu Kikito de melhor diretor, Tonacci observou que "este festival desta vez deu oportunidade ao cinema independente, barato".
"Serras da Desordem" e "Anjos do Sol", que estreou na última sexta, foram produzidos com prêmio do concurso de seleção de projetos de baixo orçamento (até R$ 1 milhão) do MinC (Ministério da Cultura).
Ambos baseiam-se em fatos reais. "Anjos do Sol" aborda a exploração sexual de menores, e "Serras da Desordem" reconstitui a trajetória do índio Carapirú, cuja tribo Awá Guajá foi vítima de ataque de fazendeiros no Maranhão.
Na competição de longas latinos, também formada por cinco títulos, o mexicano "El Violín", de Francisco Vargas Quevedo, foi o vencedor absoluto. Ganhou o troféu de melhor filme segundo o júri oficial, o popular e o da crítica.
"El Violín" recebeu ainda do júri oficial -presidido pelo cineasta brasileiro Ruy Guerra- os Kikitos de melhor ator (Don Ángel Tavira) e roteiro (Quevedo). O mexicano "Mezcal" ficou com o Prêmio Especial do Júri e o de melhor direção (Ignácio Ortiz Cruz). O prêmio de atriz foi dado às protagonistas de "Cuatro Mujeres Descalzas", de Santiago Loza.


A jornalista SILVANA ARANTES viajou a convite da organização do festival


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