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Gramado esquarteja premiação nacional
Júri elege "Anjos do Sol" e "Serras da Desordem" como vencedores e dá a "Pro Dia Nascer Feliz" o Prêmio Especial
Na competição de longas latinos, o mexicano "El Violín" foi eleito melhor filme segundo o júri oficial, o popular e o da crítica
SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL A GRAMADO
Entre cinco longas-metragens brasileiros concorrentes,
o júri do 34º Festival de Gramado decidiu escolher dois para
dividir o Kikito de melhor filme
e um terceiro para receber o
Prêmio Especial do Júri. Os
troféus foram entregues na
noite de sábado.
"Anjos do Sol", do estreante
na direção Rudi Lagemann, e
"Serras da Desordem", do veterano Andrea Tonacci, ficaram
com o título de melhor filme. O
documentário "Pro Diz Nascer
Feliz", de João Jardim, levou o
Prêmio Especial.
"Serras da Desordem" recebeu ainda os Kikitos de melhor
direção e fotografia (Aloysio
Raulino, Alziro Barbosa e Fernando Coster), enquanto "Anjos do Sol" acumulou os prêmios de roteiro (Lagemann),
montagem (Lagemann, Felipe
Lacerda e Leo Alves), ator (Antônio Calloni), ator coadjuvante (Octávio Augusto) e atriz
coadjuvante (Mary Sheila).
"Pro Dia Nascer Feliz" foi
eleito o melhor filme do festival
pelo júri popular e pela crítica.
Recebeu o prêmio de melhor
música (Dado Villa-Lobos), segundo o júri oficial, formado
pelos cineastas Rodolfo Nanni,
Tizuka Yamasaki e Alain Fresnot e pelo exibidor Adhemar
Oliveira. "Sonhos e Desejos",
de Marcelo Santiago, teve dois
Kikitos: melhor atriz (Mel Lisboa) e direção de arte (Oswaldo
Eduardo Lioi). "Atos dos Homens", de Kiko Goifman, não
foi lembrado pelo júri.
A profusão de agraciados
com os prêmios mais nobres do
festival não indica que a disputa se deu entre candidatos especialmente fortes.
A Folha
apurou que os membros do júri
oficial entraram em acordo para abolir a necessidade de decisão unânime sobre os vencedores. Queriam evitar o eventual
constrangimento de terem de
endossar algum prêmio que
julgassem indefensável.
Ao agradecer seu Kikito de
melhor diretor, Tonacci observou que "este festival desta vez
deu oportunidade ao cinema
independente, barato".
"Serras da Desordem" e "Anjos do Sol", que estreou na última sexta, foram produzidos com prêmio do concurso de seleção de projetos de baixo orçamento (até R$ 1 milhão) do
MinC (Ministério da Cultura).
Ambos baseiam-se em fatos
reais. "Anjos do Sol" aborda a
exploração sexual de menores,
e "Serras da Desordem" reconstitui a trajetória do índio
Carapirú, cuja tribo Awá Guajá
foi vítima de ataque de fazendeiros no Maranhão.
Na competição de longas latinos, também formada por
cinco títulos, o mexicano "El
Violín", de Francisco Vargas
Quevedo, foi o vencedor absoluto. Ganhou o troféu de melhor filme segundo o júri oficial, o popular e o da crítica.
"El Violín" recebeu ainda do
júri oficial -presidido pelo cineasta brasileiro Ruy Guerra-
os Kikitos de melhor ator (Don
Ángel Tavira) e roteiro (Quevedo). O mexicano "Mezcal" ficou com o Prêmio Especial do
Júri e o de melhor direção (Ignácio Ortiz Cruz). O prêmio de
atriz foi dado às protagonistas
de "Cuatro Mujeres Descalzas", de Santiago Loza.
A jornalista SILVANA ARANTES viajou a convite da organização do festival
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