São Paulo, sexta-feira, 21 de agosto de 2009

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"Roteiro é conto de fadas, e não autoajuda"

DA REPORTAGEM LOCAL

Haruki Murakami, autor cult japonês, é o favorito da diretora londrina Emily Young. Seu novo e maior filme, no entanto, vem de outro tipo de literatura. Vem de um best-seller de Paulo Coelho, "Veronika Decide Morrer", que ela classifica como um "conto de fadas".
"Paulo Coelho é um grande escritor popular, acho seus livros muito instigantes", disse a diretora à Folha, por telefone. "Mas acho que ele realmente encanta as pessoas que querem saber sobre a vida, talvez mais do que as pessoas que estão interessadas em literatura."
"Veronika" é o segundo longa da cineasta, que recebeu um Bafta pelo trabalho de estreia, "Kiss of Life" (2004), e foi premiada em Cannes pelo curta "Second Hand" (1999).
Young, 39, diz que leu o livro por acaso, ao ganhá-lo de presente de um amigo, dois anos antes de ser convidada para o projeto. A história segue uma garota que tem tudo na vida, mas decide se matar e, ao falhar, vai parar num hospital onde descobre a vontade de viver ao lado de outro interno.
"Gosto dessa ideia do amor como uma salvação. É também uma questão de mágica. Quando tudo está perdido, você descobre coisas em você e no mundo que nunca pensou possível."
Seria então uma espécie de autoajuda cinematográfica?
"Acho que é mais um conto de fadas", disse. "Li recentemente "O Zahir" [mesmo autor] e acho que este sim me parece autoajuda, é sobre um homem numa jornada e tal, é muito óbvio. Mas em "Veronika" temos uma história de verdade."
Esta é a primeira vez que um filme de grande porte consegue levar ao cinema uma obra do autor brasileiro. "Veronika" teve uma verão japonesa, mas sem exibição internacional.
No livro, a história se passa na Eslovênia, sobre uma bibliotecária que vive num convento. No cinema, a trama ficou mais moderna -uma executiva que vive sozinha em Nova York. "Tivemos várias conversas sobre isso e chegamos até a fazer alguns testes na Eslovênia, mas há o problema da língua", explicou, afirmando que o autor não participou da roteirização. "Uma vez que resolvemos mudar para Nova York, pensamos numa protagonista mais fácil de se imaginar, que qualquer um poderia se relacionar."
Para se aproximar mais do público jovem, o filme tem a atriz Sarah Michelle Gellar ("Buffy: A Caça Vampiros") e trilha sonora com Radiohead, na hora do suicídio, e Goldfrapp, na hora da redenção.
"Gosto de Radiohead, mas é uma música interna. E, se você vai se matar, vai querer se manter nesse estado de mente, tocar uma música pessoal."
(FERNANDA EZABELLA)


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