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"Roteiro é conto de fadas, e não autoajuda"
DA REPORTAGEM LOCAL
Haruki Murakami, autor cult
japonês, é o favorito da diretora
londrina Emily Young. Seu novo e maior filme, no entanto,
vem de outro tipo de literatura.
Vem de um best-seller de Paulo
Coelho, "Veronika Decide
Morrer", que ela classifica como um "conto de fadas".
"Paulo Coelho é um grande
escritor popular, acho seus livros muito instigantes", disse a
diretora à Folha, por telefone.
"Mas acho que ele realmente
encanta as pessoas que querem
saber sobre a vida, talvez mais
do que as pessoas que estão interessadas em literatura."
"Veronika" é o segundo longa da cineasta, que recebeu um
Bafta pelo trabalho de estreia,
"Kiss of Life" (2004), e foi premiada em Cannes pelo curta
"Second Hand" (1999).
Young, 39, diz que leu o livro
por acaso, ao ganhá-lo de presente de um amigo, dois anos
antes de ser convidada para o
projeto. A história segue uma
garota que tem tudo na vida,
mas decide se matar e, ao falhar, vai parar num hospital
onde descobre a vontade de viver ao lado de outro interno.
"Gosto dessa ideia do amor
como uma salvação. É também
uma questão de mágica. Quando tudo está perdido, você descobre coisas em você e no mundo que nunca pensou possível."
Seria então uma espécie de
autoajuda cinematográfica?
"Acho que é mais um conto
de fadas", disse. "Li recentemente "O Zahir" [mesmo autor]
e acho que este sim me parece
autoajuda, é sobre um homem
numa jornada e tal, é muito óbvio. Mas em "Veronika" temos
uma história de verdade."
Esta é a primeira vez que um
filme de grande porte consegue
levar ao cinema uma obra do
autor brasileiro. "Veronika" teve uma verão japonesa, mas
sem exibição internacional.
No livro, a história se passa
na Eslovênia, sobre uma bibliotecária que vive num convento.
No cinema, a trama ficou mais
moderna -uma executiva que
vive sozinha em Nova York.
"Tivemos várias conversas sobre isso e chegamos até a fazer
alguns testes na Eslovênia, mas
há o problema da língua", explicou, afirmando que o autor
não participou da roteirização.
"Uma vez que resolvemos mudar para Nova York, pensamos
numa protagonista mais fácil
de se imaginar, que qualquer
um poderia se relacionar."
Para se aproximar mais do
público jovem, o filme tem a
atriz Sarah Michelle Gellar
("Buffy: A Caça Vampiros") e
trilha sonora com Radiohead,
na hora do suicídio, e Goldfrapp, na hora da redenção.
"Gosto de Radiohead, mas é
uma música interna. E, se você
vai se matar, vai querer se manter nesse estado de mente, tocar uma música pessoal."
(FERNANDA EZABELLA)
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