São Paulo, domingo, 21 de agosto de 2011

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Imitações de Dilma proliferam após 7 meses de governo

Humoristas que interpretam a presidente dizem penar com falta de discursos e sotaque "de lugar nenhum"

Sátiras à presidente ganham espaço na TV, enquanto na internet paródia passa de caseira a profissional


CHICO FELITTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Os primeiros sete meses do governo Dilma Rousseff foram pouco generosos para um filão que costuma florescer nos meios eletrônicos: o de imitadores presidenciais.
Enquanto uma busca no YouTube denuncia 513 resultados dos termos "imitação" mais "Lula", os resultados caem para 95 quando se substitui o nome por Dilma. E, na maioria dos vídeos, a presidente faz papel de coadjuvante para o ex-presidente.
"As Dilmas que se veem por aí são 'escadas', alguém que ajuda o humorista principal a ter graça. Ela é o Dedé, e o Lula é o Didi", diz Bruno Antive, imitador que não tem Dilma no repertório.
Mas algumas sátiras da presidente estão ganhando autonomia e audiência. Entre elas, o quadro de maior sucesso de "Zorra Total", em que Fabiana Karla interpreta Dil Maquinista, a pilota de um metrô chamado Brazil.
"Sei que será um marco na minha carreira. Mas, ao mesmo tempo, fiquei com um certo receio quando me convidaram [para o papel], pois não sou imitadora", diz Karla.
O convite veio da redação do programa, onde a acharam parecida com a política.
Para montar sua Dilma, a atriz reviu os debates presidenciais e pescou "postura firme e detalhes que poucos percebiam", como lamber os dentes ao final de cada frase.

DILMA NA REDE
Mais de 600 mil pessoas viram pela internet Dilma passar a mão no telefone e gritar com Jair Bolsonaro (PP-RJ): "Deputado Bolsonaro, franguinho é você", em defesa dos homossexuais.
A cena foi obra do imitador Gustavo Mendes, 22. O mineiro lançou Dilma Roskoff, versão boca-suja da presidente, no dia do segundo turno.
Em casa, Mendes apagou as sobrancelhas com cola branca e as refez, bem mais altas, com lápis. Passou laquê no cabelo e gravou no computador um pronunciamento da nova presidente.
Para Mendes, o fato de Dilma não demonstrar muita vaidade faz com que ela seja mais fácil de imitar do que outras mulheres.
Porém, se o visual facilita, os trejeitos jogam contra.
"A presidente fala pouco e tem um sotaque de lugar nenhum. Não é de Minas [onde ela nasceu] nem do Rio Grande do Sul [onde viveu]. É como um mineiro falando cantado, sem tomar ar entre as frases", define.
"Foi o que demorou mais para pegar."
A dezena de vídeos em que Dilma Roskoff liga para políticos como Guido Mantega, a quem prometeu "passar 'mântega' na Esplanada dos Ministérios se a inflação bater 5%", captou cliques e rendeu a Gustavo uma parceria com o site KibeLoco.
Os vídeos ganharam cenografia e roteiro, em episódios inéditos, a partir de hoje.
Já a Rede TV! não sabe se sua Dilma do Chefe ganha segundo mandato na nova temporada de "Pânico na TV".
Desde junho do ano passado, o humorista Carioca veste uma peruca, um vestido e uma sandalinha sem salto e engrossa ainda mais a voz para encarnar a sátira.
Foi com esse figurino que, durante a campanha, encontrou-se com a verdadeira Dilma e tentou convencê-la a dançar "Rebolation". Em vão.


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