São Paulo, sexta-feira, 21 de setembro de 2007

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De volta ao samba-rock

Seu Jorge finaliza CD independente, faz turnê inédita e diz não saber quem é o seu público depois da parceria com a cantora Ana Carolina

CRISTINA FIBE
DA REPORTAGEM LOCAL

Seu Jorge já fez um CD de exportação, "Cru" (2004), traduziu músicas consagradas do inglês David Bowie e, há dois anos, se aventurou em uma parceria inusitada com a cantora Ana Carolina. Agora, ele volta às origens com o independente "América Brasil", samba-rock talvez ainda mais samba-rock do que seu primeiro solo, "Samba Esporte Fino" (2001).
O cantor apresenta as 11 músicas do novo CD em shows hoje e amanhã no Via Funchal, em São Paulo. E promete outras 11, em espetáculo generoso, com toque teatral -o músico, lançado para a fama em "Cidade de Deus", é também ator.
Na turnê, inédita em sua carreira e idealizada e organizada por ele, Seu Jorge percorrerá o Brasil de Sul a Norte -de ônibus- para apresentar o trabalho, feito por selo próprio (o Javali Valente), e que só será lançado oficialmente (pela EMI) quando a viagem acabar.
O cantor começou a série de shows em Porto Alegre, no último dia 13, passou por Florianópolis e seguirá para outras seis cidades (além de SP), concluindo a turnê em Belém, no dia 27 de outubro. O curioso é que Seu Jorge vai pular o Rio, sua cidade natal -por não ter encontrado o "local ideal" por lá.
Radicado em São Paulo, onde mora com as duas filhas e a mulher, Mariana, o cantor conversou com a Folha antes do início da turnê, na semana passada.
Ele recebe a reportagem em sua casa, numa rua calma do bairro de Pinheiros, tocando flauta. A garagem, transformada num charmoso lounge, cheira a incenso. Oferece bebida, mostra com orgulho a pequena geladeira que cospe latas, pega um refrigerante e cigarros.

Relaxa e entrevista
"Sei como funcionam essas coisas. Daqui a pouco você relaxa", diz, gaiato, como se a pressão da entrevista nunca estivesse sobre o entrevistado.
Durante duas horas, Seu Jorge fala sobre o novo CD, a ligação com o "Cansei", a decisão de fazer uma música para a cachaça Sagatiba e as críticas que recebeu por ter gravado com Ana Carolina.
Ele afirma não saber que tipo de platéia irá encontrar pelo país. "Eu não sei mais quem é meu público depois da Ana Carolina, porque chegou muita gente nova. E eu não sei quem são essas pessoas. Eu não faço TV, não tenho muito jeito, não toco muito no rádio... o meu trabalho mesmo não toca", diz, exibindo sua modéstia.
Mas "É Isso Aí", hit da parceria, tocou nas rádios até cansar. "A Ana Carolina que tocou!", esquiva-se. Vista por parte do público de Seu Jorge como um fenômeno brega, a cantora insistiu para que o trabalho acontecesse e foi ele, segundo diz, quem ficou com medo de "comprometer" a imagem dela.
"Eu tinha um medo. Eu não queria no começo, e depois vi ela acreditando bastante, "pô, cara, vai ser legal, vambora, não é normal", e falei "tá bom, tá acreditando...". Eu tinha medo de comprometer a história, por ser essa coisa, toco do meu jeito, sem muita arrumação, um desenho mais apurado. Ela é mais apurada, mais "clean"."


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