São Paulo, sexta-feira, 21 de setembro de 2007

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Crítica/"A Massai Branca"

Folclore e exotismo dominam filme sobre amor na África

SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA

Casar com um guerreiro queniano e viver durante cerca de quatro anos em uma aldeia da África, durante a década de 80, rendeu o início de uma carreira literária à comerciante suíça Corinne Hofmann. O primeiro de seus três romances autobiográficos sobre o que passou, "A Massai Branca", reconstitui as circunstâncias do casamento.
Uma coisa é a experiência peculiar de Corinne. Outra, a sua transformação em literatura pela própria protagonista. Bem distinta das duas anteriores, no entanto, é a tentativa de capturar o significado disso tudo em um longa realizado por terceiros, com todas as intervenções características do cinema.
Fruto desse processo de adaptação distante da jornada original, o filme "A Massai Branca" (2005) tem mais a ver com a leitura do que viveu Corinne pela diretora e roteirista alemã Hermine Huntgeburth do que com a riqueza da experiência propriamente dita.
Há algo no comportamento da protagonista (Nina Hoss) que as imagens não dão conta de investigar, a começar pela súbita fascinação por um guerreiro (Jacky Ito), que a leva a abandonar tudo, incluindo o namorado de dois anos, pela permanência em um país que, poucas cenas antes, ela considerava perigoso e traiçoeiro.
O olhar constituído pelo filme, a pretexto de sugerir o de Corinne, se insere na mesma perspectiva folclórica de filmes cujo suposto interesse multicultural se traduz, no fundo, em exploração do exotismo terceiro-mundista. Como bem deve saber a mulher que de fato esteve no meio dessa história incomum, existem mais complexidades e sutilezas na relação entre culturas tão distintas do que as trabalhadas de modo plano por Huntgeburth.


A MASSAI BRANCA
Direção:
Hermine Huntgeburth
Produção: Alemanha, 2005
Com: Nina Hoss, Jacky Ido e Katja Flint
Onde: em cartaz no Cine Bombril, Reserva Cultural e circuito
Avaliação: regular


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