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Crítica/"A Massai Branca"
Folclore e exotismo dominam filme sobre amor na África
SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA
Casar com um guerreiro
queniano e viver durante cerca de quatro
anos em uma aldeia da África,
durante a década de 80, rendeu
o início de uma carreira literária à comerciante suíça Corinne Hofmann. O primeiro de
seus três romances autobiográficos sobre o que passou, "A
Massai Branca", reconstitui as
circunstâncias do casamento.
Uma coisa é a experiência peculiar de Corinne. Outra, a sua
transformação em literatura
pela própria protagonista. Bem
distinta das duas anteriores, no
entanto, é a tentativa de capturar o significado disso tudo em
um longa realizado por terceiros, com todas as intervenções
características do cinema.
Fruto desse processo de
adaptação distante da jornada
original, o filme "A Massai
Branca" (2005) tem mais a ver
com a leitura do que viveu Corinne pela diretora e roteirista
alemã Hermine Huntgeburth
do que com a riqueza da experiência propriamente dita.
Há algo no comportamento
da protagonista (Nina Hoss)
que as imagens não dão conta
de investigar, a começar pela
súbita fascinação por um guerreiro (Jacky Ito), que a leva a
abandonar tudo, incluindo o
namorado de dois anos, pela
permanência em um país que,
poucas cenas antes, ela considerava perigoso e traiçoeiro.
O olhar constituído pelo filme, a pretexto de sugerir o de
Corinne, se insere na mesma
perspectiva folclórica de filmes
cujo suposto interesse multicultural se traduz, no fundo, em
exploração do exotismo terceiro-mundista. Como bem deve
saber a mulher que de fato esteve no meio dessa história incomum, existem mais complexidades e sutilezas na relação entre culturas tão distintas do que
as trabalhadas de modo plano
por Huntgeburth.
A MASSAI BRANCA
Direção: Hermine Huntgeburth
Produção: Alemanha, 2005
Com: Nina Hoss, Jacky Ido e Katja Flint
Onde: em cartaz no Cine Bombril, Reserva Cultural e circuito
Avaliação: regular
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