São Paulo, domingo, 21 de setembro de 2008

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Livro-CD revela "voz de veludo" de Lucio Alves

Cantor mineiro é tema do 9º volume da Coleção Folha

DA REPORTAGEM LOCAL

Em 1954, ele e Dick Farney gravaram a bem-humorada canção "Tereza da Praia", num duo vocal que já trazia elementos do estilo que anos depois ficou associado a João Gilberto e Tom Jobim. O cantor Lucio Alves (1927-1993) é o protagonista do nono volume da Coleção Folha 50 Anos de Bossa Nova, que chega às bancas no próximo domingo, dia 28.
Mineiro nascido em Cataguases, cuja família se mudou para o Rio de Janeiro quando ele ainda era criança, Lucio já era um cantor maduro e respeitado, em 1958, quando João Gilberto gravou "Chega de Saudade", um dos marcos oficiais do nascimento da bossa. Apesar de ter só quatro anos a mais que o baiano e a mesma idade de Jobim, era visto pelo público como se fosse de geração anterior à dos bossa-novistas.
Isso se devia tanto à personalidade mais sisuda e reservada de Lucio, como por ele ter iniciado sua carreira musical muito cedo. Aos 12 anos, já tinha se tornado profissional, como integrante do grupo vocal Os Namorados da Lua.
Com um timbre grave de barítono, Lucio era conhecido por sua "voz de veludo". A influência que recebeu de conjuntos vocais dos anos 30 e 40, como os Modernaires, os Mel-Tones e os Pied Pipers, era vista por alguns críticos como uma maneira "americanizada" de desvirtuar o samba.
Entre os desafetos de Lucio Alves não estavam nomes das primeiras gerações da bossa. Johnny Alf, João Donato, Luiz Bonfá, Tom Jobim, Carlos Lyra e Newton Mendonça eram só alguns dos fãs que o aplaudiam nos anos 50, por antecipar a modernidade que eles imprimiram à música posteriormente. Não foi à toa que, na década seguinte, Lucio gravou discos de essência bossa-novista, como "A Bossa é Nossa" (1961), "Balançamba" (1963) e "Bossa Session" (1964).


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