|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ARTES PLÁSTICAS
Artista apresenta hoje na galeria São Paulo trabalhos realizados a partir de 1997
Eduardo Sued coloca as cores no lugar
CELSO FIORAVANTE
da Reportagem Local
Na juventude de seus 74 anos, o
artista plástico carioca Eduardo
Sued, pintor "reconstrutivo", como ele prefere ser chamado, volta
hoje à cidade para exibir, na galeria São Paulo, suas criações, produzidas a partir de 1997.
As pinturas de Sued possuem
uma composição bastante simples, em que um campo cromático bem determinado é envolvido
por outro, de cor ou textura diferentes, criando assim um espaço
de fruição dentro da própria tela.
Ao contrapor, por exemplo,
uma superfície fosca a uma mais
brilhante ou de cor diferente, o artista cria um espaço para a abstração do espectador.
"Meus trabalhos desejam representar uma paisagem. Trata-se de
uma figura figurante, pois não
tem uma representação objetiva,
mas interior", disse Sued.
Nessa mostra, destacam-se
composições verticais, que alteram a percepção do espectador, já
que ele as encara de maneira mais
direta e imediata.
"Sempre senti a necessidade de
reproduzir a mesma estrutura,
mas de maneira desigual, com diferenças acentuadas pelas cores,
relevos e texturas. Essas formas
que uso hoje são decorrentes de
estruturas anteriores, que foram
decantadas", explica Sued, que
herdou sua afeição às formas rígidas de seu interesse por matemática (ele estudou engenharia, antes de optar pela pintura).
São, em sua maioria, estruturas
retangulares, nas quais define
seus campos monocromáticos. É
como se as bandeirinhas de Volpi
fossem substituídas por portas e
janelas em que o espectador deve
mergulhar para provar uma experiência lúdica e de êxtase.
As cores pulsam nos trabalhos
de Sued, com sua textura, luminosidade, profundidade, volume e
tensão com o espaço.
As combinações entre dourado
e magenta, negro e roxo ou azul e
negro, por exemplo, reproduzem
ainda a configuração tradicional
de um quadro, com se a tela fosse
delimitada por uma moldura de
cor. "Tenho uma formação clássica e por isso me preocupo com a
composição e com as cores", disse
o artista.
Há também um retorno do artista ao dourado, cor com a qual
havia ensaiado anos atrás. "Há
um ano retomei o dourado. Achei
que já estava sabendo usá-lo. Ele
encontrou o seu lugar e passou
então a fazer parte do quadro",
disse.
Alguns de seus novos trabalhos
dourados são ainda enriquecidos
com furos que retomam a preocupação do artista com a profundidade do trabalho.
Os trabalhos lembram as experiências carregadas de misticismo
do mexicano Mathias Goeritz e
suas "Mensagens Metacromáticas", em que o artista perfurou
com pregos lâminas de ouro, cobre ou ferro (alusão aos estigmas
de Cristo).
Sued apresenta ainda nessa
mostra colagens pouco ortodoxas, com tiras e recortes de papel
pintados colados parcialmente
sobre outras folhas de papel, estratégia usada para acentuar a
profundidade perseguida pelo artista.
Eduardo Sued, um dos maiores
artistas brasileiros vivos, já participou da Bienal de Veneza e de
duas Bienais de São Paulo. Em
1997, foi um dos três vencedores
da primeira edição do prêmio
Johnnie Walker de artes plásticas.
Mostra: Eduardo Sued (pinturas,
colagens e uma instalação)
Onde: galeria São Paulo (r. Estados
Unidos, 1.456, Jardins, tel. 0/xx/11/852-8855)
Vernissage: hoje, às 21h
Quando: de segunda a sexta, das 10h às
20h; sábado, das 10h às 19h
Quanto: R$ 6.000 (altura mais largura)
Texto Anterior: Teatro: Ingressos para o Fiac já estão à venda Próximo Texto: Show/Crítica: Jô transfere seu humor para o jazz Índice
|