São Paulo, sábado, 21 de outubro de 2000

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

24ª MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA DE SÃO PAULO

SATYAJIT RAY
Festival exibe, a partir de hoje, seis filmes em retrospectiva do diretor indiano de "Canção da Estrada"
Cineasta mistura Ocidente e Oriente

TIAGO MATA MACHADO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Satyajit Ray se definia como um fruto híbrido das culturas ocidental e oriental, européia e indiana. Como um típico intelectual de Calcutá, cidade natal que ele nunca abandonou, desenvolveu sua consciência social a partir de uma formação humanista tipicamente européia. E foi essa contradição que fez dele o cineasta indiano mais conhecido no exterior.
Os filmes de Ray, no entanto, são desconhecidos na maior parte da Índia que, não obstante, tem a indústria cinematográfica de maior fôlego do mundo. Isto porque seus filmes são em bengali, a língua da província de Bengala, falada apenas por 15% da população indiana -o grosso da cinematografia indiana se localiza em Bombaim, onde se fala hindi.
Como os cineastas da nouvelle vague francesa, aos quais Ray se irmanaria sempre em seus escritos, ele não teve uma formação cinematográfica profissional, mas de cinéfilo. Também como eles, foi devoto do cinema clássico antes de se "converter" ao neo-realismo italiano. No exemplo italiano, Ray (e depois os franceses) encontrou seu caminho: a rua, onde passou a rodar filmes semiprofissionais de baixo orçamento e de um realismo que, como costumava dizer Rossellini, era realização. Outra influência comum foi Jean Renoir. Como ele, Ray se tornaria um realista clássico.
Rodado em mais de dois anos, "Canção da Estrada" (55), que inaugura a trilogia inicial de Ray, parte de um referencial neo-realista, mas traz elementos do cinema clássico. Trata-se da adaptação de uma obra da literatura bengali, que, estendida na trilogia de Ray, lembra os clássicos "romances de formação" europeus.

Filme: Canção da Estrada
Quando: dias 25, às 15h (Centro Cultural)
Filme: A Casa e o Mundo
Quando: dias 1º/11, às 15h (Cinemateca); e 2, às 16h45 (Centro Cultural)
Filme: A Deusa
Quando: dias 25, às 15h (Cinemateca); e 27, às 15h (Centro Cultural)
Filme: O Estrangeiro
Quando: amanhã, às 15h (Cinemateca)
Filme: Os Jogadores do Fracasso
Quando: hoje, às 21h40 (Cinemateca); e 2/11, às 14h (Cinesesc)
Filme: O Mundo de Apur
Quando: dias 28, às 15h (Cinemateca); e 2/11, às 21h25 (Centro Cultural)



Texto Anterior: Filme ilumina a onda terrorista na Alemanha
Próximo Texto: Documentário analisa relações de poeta em campo de refugiados
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.