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LITERATURA
Escritor lança segundo volume de coleção sobre pecados capitais
Torero usa guerra para falar da ira em seu livro
Fabiano Accorsi/Folha Imagem
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José Roberto Torero, que lança "Xadrez, Truco e Outras Guerras"
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MARCELO RUBENS PAIVA
especial para a Folha
O escritor e cineasta José Roberto Torero, 34, articulista da Folha,
é o autor do segundo volume da
coleção "Plenos Pecados", da editora Objetiva -uma série de sete
livros sobre os pecados capitais.
Zuenir Ventura foi quem abriu a
coleção. Seu livro "Mal Secreto" é
sobre a inveja. Entre os inéditos,
Luís Fernando Veríssimo escreve
sobre a gula, João Ubaldo Ribeiro
escolheu a luxúria, João Gilberto
Noll, a preguiça, o argentino Tomás Eloy Martinez, a soberba, e o
chileno Ariel Dorfman, a avareza.
O pecado de Torero é a ira. "Xadrez, Truco e Outras Guerras" é
inspirado na Guerra do Paraguai
(1865-1870), talvez o maior conflito armado em que o Brasil esteve
envolvido no continente.
Não é o primeiro romance histórico de Torero. Em 1994, ele lançou
"O Chalaça", que narra os bastidores da corte brasileira. Em 1997,
publicou "Terra Papagalli", sobre
um marinheiro que aportou no
Brasil com Pedro Álvares Cabral.
Ambos os livros foram publicados
pela Companhia das Letras.
"A história é um apoio para os
meus livros. Em "O Chalaça', 70%
era verdade. Em "Terra Papagalli',
uns 30%. Agora, é bem menos",
disse Torero.
Folha - Entre os sete pecados,
quais estavam à sua disposição?
José Roberto Torero - Já tinham
escolhido a gula, a inveja e a luxúria. Sobravam os outros. Avareza,
nos dias de hoje, sob o domínio
dos economistas, nem é mais pecado. Já, já, vai ser riscado da lista.
Folha - Por que escolheu a ira?
Torero - É o pecado mais movimentado. Até Deus teve ira, queimou cidades, inundou o mundo.
Folha - A guerra é fruto da ira?
Torero - Pensando bem, não é.
Guerra é cobiça, luxúria.
Folha - Você logo pensou na
Guerra do Paraguai?
Torero - Não. Primeiro pensei em
Duque de Caxias. Um herói, um
soldado. Sempre o vi com desconfiança. Como um cara que mata
pode ser visto como herói? Ele tinha fama de sanguinário. Era um
político de bastidores, um estrategista, mas distante da batalha.
Folha - Pesquisou sobre ele?
Torero - Pesquisei. A Guerra do
Paraguai foi a maior guerra brasileira. E é a mais bem documentada. O resto é bobagem.
Folha - Por que o livro é pouco
violento?
Torero - A guerra antiga não é tão
violenta. É uma guerra de trincheiras, muitas manobras para guardar posição. São ataques furtivos,
longas caminhadas e tomadas de
fortes.
Folha - As cenas de seu livro
aconteceram de fato, como a que o
"inimigo" usa civis como escudo?
Torero - Essa eu inventei. Mas
muitas cenas aconteceram, como
quando o "inimigo" queima a mata, provocando um incêndio onde
estavam acampados os brasileiros.
Folha - Foi intencional escrever
uma narrativa simples, com diálogos e capítulos curtos?
Torero - Os diálogos eram enormes no primeiro tratamento. Mas
percebi que, numa guerra, as conversas devem ser curtas.
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