Banda faz shows hoje e amanhã no Via Funchal

DA REPORTAGEM LOCAL

Nos fatídicos anos 1980, o Duran Duran fez um sucesso enorme com bem elaboradas faixas pop e dançantes como "Rio", "Hungry Like the Wolf" e "Girls on Film". Mas não era apenas música. As roupas bem cuidadas e os estilosos cortes de cabelo fizeram o grupo ganhar o aposto "banda mais bonita do rock". Ainda o são?
"Hoje? Você está brincando...
Estou com 50 anos", responde, em tom de gozação, o vocalista da banda, Simon le Bon.
Mas ele não disfarça quando questionado sobre a preocupação que a banda tem com a imagem. Ainda se vestem muito bem e, se o tamanho dos cabelos diminuiu, o cuidado com os mesmos continua igual. Algo que será comprovado nos shows que a banda inglesa faz hoje e amanhã no Via Funchal, em São Paulo.
Um dos mais bem-sucedidos grupos dos anos 1980, um dos responsáveis pela popularização do videoclipe, o Duran Duran ficou meio perdido após aquela década. Os anos 1990 do grunge e do britpop não abriram espaço para a refinação pop da banda.
"Os anos 1990 foram difíceis", diz o vocalista à Folha.
"Não porque havia outras coisas, mas também porque éramos muito populares nos anos 1980, e as pessoas não querem ficar ouvindo a mesma coisa por muito tempo; querem algo novo... Mas continuamos, graças ao nossos fãs hardcore. E foi bom porque ali nasceu "Wedding Album" [de 1993], um de nossos discos mais bem-sucedidos. E graças a ele estamos aqui, agora."
Ao aliar sintetizadores a letras por vezes açucaradas, o Duran Duran ficou associado ao termo "new romantic". "Toda boa banda representa algo. Os Stones representam rebelião. Nós levantávamos a bandeira da diversão. Éramos uma banda de festa", diz.
E, hoje, quais bandas carregam essa bandeira?
"Depois de 2002, quando o Franz Ferdinand apareceu, muitas bandas seguiram essas influências dos anos 1980, e nós tivemos um papel de destaque nos anos 1980. Nesse sentido, falo de Kaiser Chiefs, Bloc Party, The Killers. Além de Gwen Stefani, que é uma grande fã. Se você ouvir Arctic Monkeys, verá que pegam algumas linhas melódicas de "Save a Prayer" e "Rio"..."
Como "banda festeira", o Duran Duran, então, se colocava na ponta oposta da sobriedade de grupos como The Cure e Smiths? "Não sei se concordo com isso... Muitas músicas alegres foram feitas pelo Cure e pelos Smiths. OK, o Morrissey muitas vezes soava... melancólico demais. Mas os Smiths têm canções felizes. O Cure, por exemplo, fez "Why Cant" I Be You", que é bem para cima." (THIAGO NEY)