São Paulo, sábado, 21 de dezembro de 2002

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FILMES

TV ABERTA

Eddie Murphy descobre o valor da vida

Uma Canção de Natal para Todos 
SBT, 14h15.

(An All Dogs Christmas Carol). EUA, 98, 73 min. Direção: Paul Sabella. Cachorro mau recorda seu passado. Animação que aplica a cães ideário clássico: o homem nasce bom, a civilização o degenera. Inédito.

O Milagre na Rua 34  
Globo, 16h15.

(Miracle on the 34th Street). EUA, 95, 113 min. Direção: Les Mayfield. Com Richard Attenborough, Ellizabeth Perkins. Um Papai Noel de loja pretende ser o verdadeiro Papai Noel. É internado. Graças a isso, uma menina que não acreditava nele passará a crer fervorosamente. Refilmagem de "De Ilusão Também se Vive" (1947).

Até que a Fuga os Separe  
Globo, 23h10.

(Life). EUA, 99, 108 min. Direção: Ted Demme. Com Eddie Murphy, Martin Lawrence. Condenados à prisão perpétua, os criminosos, negros e sulistas Murphy e Lawrence descobrem, na cadeia, o valor da vida e da amizade. Não é conto especificamente natalino, mas quebra o galho. Inédito.

Maria e José - Uma História de Fé 
SBT, 23h45.

(Mary and Joseph - A Story of Faith). Canadá, 79. Direção: Eric Till. Com Blanche Baker, Lloyd Bochner. Ou a aventura de ser mãe e pai de Jesus. Ou Maria e José, história de fé: uma rima, não uma solução.

A Revolução do Jazz   
SBT, 2h25.

(Thelonious Monk). EUA, 97. Direção: Charlotte Zwerin. Documentário sobre o grande, enorme pianista. No mínimo vale por sua música.

Emmanuelle, Rainha da Galáxia 
Bandeirantes,1h30.

(Emmanuelle: Queen of Galaxy). França, 96, 95 min. Direção: L.L. Shapira. Com Krista Allen, Paul Michael Robinson. Rescaldo de "Emmanuelle, o Sentido do Amor", sobre as aventuras amorosas extraterrestres da heroína. A atriz não é nenhuma Sylvia Kristel, mas tem seu encanto.

Um Rapto em Família 
Globo, 3h05.

(A Kidnapping in Family). Canadá, 95, 100 min. Direção: Colin Bucksey. Com Kate Jackson, Tracey Gold. Após separar-se do marido, mulher tenta se separar também da mãe. Descobrirá que não é fácil: a desequilibrada senhora sequestra o próprio neto e vai à Justiça pedir a guarda, alegando que sua filha pretendia entregá-lo a uma seita voltada ao mal. Feito para TV. Inédito.

Amigas para Sempre  
SBT, 3h45.

(Beaches). EUA, 88, 123 min. Direção: Garry Marshall. Com Bette Midler, Barbara Hershey. A história de uma amizade de vida à maneira canônica, isto é, envolvendo duas mulheres bem diferentes, a grã-fina Hershey e a explosiva Midler, com seus momentos altos e baixos, distanciamentos e aproximações. Só para São Paulo. (IA)

TV PAGA

Brian de Palma filma obra-prima atual

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Se o filme "Um Tiro na Noite", que a MGM exibe hoje às 22h, é provavelmente o melhor filme de Brian de Palma, isso não acontece apenas por suas qualidades, que são muitas.
Ele é como o término de uma trilogia que começa com "Janela Indiscreta", de Hitchcock (1954), e prossegue com "Blow Up", de Michelangelo Antonioni (1967).
No primeiro, Hitchcock coloca em cena um fotógrafo que observa, de sua janela, a vida no pátio interno do prédio em que mora. Através de sua câmera ele detecta (ou constrói) um crime. Em todo caso, narra-o. Uma narrativa de que o próprio filme por vezes parece duvidar.
Em "Blow Up", Antonioni cria outro fotógrafo. Mais precavido, este usa filme em sua câmera e, ao clicar uma cena de amor num parque de Londres, constata ter captado um assassinato. Ele o descobre pela ampliação das fotos e pelo seu agenciamento conforme uma sequência determinada. Ou seja, mais do que as fotos, é a montagem que cria o crime. Com Antonioni, a realidade escapará sob nossos narizes e olhos, embora tenha sido registrada.
De Palma nos fala de um técnico de som de filmes pornôs que, em busca de ruídos, certa noite, capta os sons de um acidente em que se envolve um político.
Por sorte, inverossímil sorte, uma outra pessoa filma o mesmo episódio. O interessante é que o filme, sem a banda de som, não mostra nada de excepcional. E o som, sem imagem, nada significa.
De Palma detém-se, assim, no trabalho de sincronização, de articulação entre som e imagem, que instaura a verdade cinematográfica. Veremos, no entanto, que essa verdade está longe de ser final ou conclusiva. No caso, ela leva à aventura, a uma morte, a um grito. Grito esse que é expressão última de tudo que a vida pode ter ao mesmo tempo de sólido e frágil, de belo e terrível: é uma obra-prima contemporânea.


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