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FILMES
TV ABERTA
Eddie Murphy descobre o valor da vida
Uma Canção de Natal para
Todos
SBT, 14h15.
(An All Dogs Christmas Carol). EUA, 98,
73 min. Direção: Paul Sabella. Cachorro
mau recorda seu passado. Animação que
aplica a cães ideário clássico: o homem
nasce bom, a civilização o degenera.
Inédito.
O Milagre na Rua 34
Globo, 16h15.
(Miracle on the 34th Street). EUA, 95, 113
min. Direção: Les Mayfield. Com Richard
Attenborough, Ellizabeth Perkins. Um
Papai Noel de loja pretende ser o
verdadeiro Papai Noel. É internado.
Graças a isso, uma menina que não
acreditava nele passará a crer
fervorosamente. Refilmagem de "De
Ilusão Também se Vive" (1947).
Até que a Fuga os Separe
Globo, 23h10.
(Life). EUA, 99, 108 min. Direção: Ted
Demme. Com Eddie Murphy, Martin
Lawrence. Condenados à prisão
perpétua, os criminosos, negros e
sulistas Murphy e Lawrence descobrem,
na cadeia, o valor da vida e da amizade.
Não é conto especificamente natalino,
mas quebra o galho. Inédito.
Maria e José - Uma História de
Fé
SBT, 23h45.
(Mary and Joseph - A Story of Faith).
Canadá, 79. Direção: Eric Till. Com
Blanche Baker, Lloyd Bochner. Ou a
aventura de ser mãe e pai de Jesus. Ou
Maria e José, história de fé: uma rima,
não uma solução.
A Revolução do Jazz
SBT, 2h25.
(Thelonious Monk). EUA, 97. Direção:
Charlotte Zwerin. Documentário sobre o
grande, enorme pianista. No mínimo
vale por sua música.
Emmanuelle, Rainha da Galáxia
Bandeirantes,1h30.
(Emmanuelle: Queen of Galaxy). França,
96, 95 min. Direção: L.L. Shapira. Com
Krista Allen, Paul Michael Robinson.
Rescaldo de "Emmanuelle, o Sentido do
Amor", sobre as aventuras amorosas
extraterrestres da heroína. A atriz não é
nenhuma Sylvia Kristel, mas tem seu
encanto.
Um Rapto em Família
Globo, 3h05.
(A Kidnapping in Family). Canadá, 95,
100 min. Direção: Colin Bucksey. Com
Kate Jackson, Tracey Gold. Após separar-se do marido, mulher tenta se separar
também da mãe. Descobrirá que não é
fácil: a desequilibrada senhora sequestra
o próprio neto e vai à Justiça pedir a
guarda, alegando que sua filha pretendia
entregá-lo a uma seita voltada ao mal.
Feito para TV. Inédito.
Amigas para Sempre
SBT, 3h45.
(Beaches). EUA, 88, 123 min. Direção:
Garry Marshall. Com Bette Midler,
Barbara Hershey. A história de uma
amizade de vida à maneira canônica, isto
é, envolvendo duas mulheres bem
diferentes, a grã-fina Hershey e a
explosiva Midler, com seus momentos
altos e baixos, distanciamentos e
aproximações. Só para São Paulo.
(IA)
TV PAGA
Brian de Palma filma obra-prima atual
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Se o filme "Um Tiro na Noite", que a MGM exibe hoje às
22h, é provavelmente o melhor
filme de Brian de Palma, isso não
acontece apenas por suas qualidades, que são muitas.
Ele é como o término de uma
trilogia que começa com "Janela
Indiscreta", de Hitchcock (1954),
e prossegue com "Blow Up", de
Michelangelo Antonioni (1967).
No primeiro, Hitchcock coloca
em cena um fotógrafo que observa, de sua janela, a vida no pátio
interno do prédio em que mora.
Através de sua câmera ele detecta
(ou constrói) um crime. Em todo
caso, narra-o. Uma narrativa de
que o próprio filme por vezes parece duvidar.
Em "Blow Up", Antonioni cria
outro fotógrafo. Mais precavido,
este usa filme em sua câmera e, ao
clicar uma cena de amor num
parque de Londres, constata ter
captado um assassinato. Ele o
descobre pela ampliação das fotos
e pelo seu agenciamento conforme uma sequência determinada.
Ou seja, mais do que as fotos, é a
montagem que cria o crime. Com
Antonioni, a realidade escapará
sob nossos narizes e olhos, embora tenha sido registrada.
De Palma nos fala de um técnico
de som de filmes pornôs que, em
busca de ruídos, certa noite, capta
os sons de um acidente em que se
envolve um político.
Por sorte, inverossímil sorte,
uma outra pessoa filma o mesmo
episódio. O interessante é que o
filme, sem a banda de som, não
mostra nada de excepcional. E o
som, sem imagem, nada significa.
De Palma detém-se, assim, no
trabalho de sincronização, de articulação entre som e imagem, que
instaura a verdade cinematográfica. Veremos, no entanto, que essa
verdade está longe de ser final ou
conclusiva. No caso, ela leva à
aventura, a uma morte, a um grito. Grito esse que é expressão última de tudo que a vida pode ter ao
mesmo tempo de sólido e frágil,
de belo e terrível: é uma obra-prima contemporânea.
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