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CRÍTICA
"Colheitas" de Erico continuam a gerar frutos saborosos
CRÍTICO DA FOLHA
No início não tinha para
ninguém. As amplas fronteiras do "Sítio do Picapau Amarelo", de Monteiro Lobato, ocultavam outras colheitas literárias na
área infanto-juvenil. Até mesmo
as plantadas por Erico Verissimo,
que embora menos fecundas do
que as do paulista, não deixavam
de fornecer frutos suculentos.
O "Sítio" ganhou várias vezes as
telas da televisão, enquanto a obra
infantil do gaúcho passou algum
tempo esquecida. No entanto, ela
já representou para gerações de
pais e filhos uma alternativa de literatura nacional de qualidade
com a qual podiam contar quando se cansavam das travessuras
da boneca Emília.
Alguns detalhes conservam a
marca de sua época. Basílio é um
paquiderme indiano que, caçado,
vai parar num zoológico inglês.
Quando "A Vida do Elefante Basílio" foi lançada (1939), a Índia fazia parte da Coroa Britânica. A
mãe do "Urso com Música na
Barriga" (1938) passa o dia "tomando conta da casa, lavando
louça, remendando a roupa do
marido e do filho" condição que
hoje pode soar opressora.
Mas não se precisa de notas de
rodapé para as crianças do século
21 apreciarem os textos de Erico.
A razão está na graça e na poesia
inseridas nas situações, como a do
ursinho que não fala, mas toca
uma música diferente para exprimir cada um de seus estados de
espírito ou a do elefante que deseja ser uma borboleta.
As histórias apresentam certa
indefinição e finais um tanto
abruptos, que lembram o estilo
dos contos de Grimm. "O Urso
com Música na Barriga" parece
mais bem resolvido ideológica e
estruturalmente. As sempre apropositadas ilustrações de Eva Furnari contribuem, porém, para dirimir qualquer problema.
(MARCELO PEN)
O Urso Com Música na Barriga e
A Vida do Elefante Basílio
Autor: Erico Verissimo
Ilustrações: Eva Furnari
Editora: Companhia das Letrinhas
Quanto: R$ 22 cada um (48 e 56 págs.)
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