São Paulo, sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

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Mônica Bergamo - bergamo@folhasp.com.br

WAGNER MOURA

João Wainer - 23.jan.2007/Folha Imagem
O ator, ao lado de Letícia Sabatella

"Um lago fedido"

O ator Wagner Moura, que apoiou a greve de fome do bispo dom Luiz Flávio Cappio, falou à coluna sobre a transposição do rio São Francisco.

 

FOLHA - Por que assinou o manifesto em favor de dom Cappio?
WAGNER MOURA -
Minha família é de Rodelas, sertão da Bahia, uma das cidades inundadas pela barragem de Itaparica na década de 80. Posso dizer que os danos ecológicos ali foram gritantes. Era uma cidade que tinha um rio caudaloso e hoje tem um lago fedido. Os peixes não existem mais. Dom Cappio é sério, preocupado com os ribeirinhos do Nordeste. Está colocando sua vida em risco. Acho que, por aí, já vale a pena a gente ouvir o que ele quer dizer.

FOLHA - Quais danos ambientais você teme?
MOURA -
Cara, se você tira um pedaço significativo de água e transporta para outro lugar, me parece evidente que haverá algum transtorno. As grandes obras não beneficiam quem necessita. Essa obra vai favorecer os grandes exportadores ou a agroindústria.

FOLHA - O que acha da postura do governo Lula diante do bispo?
MOURA -
Acho intransigente. O governo não está dialogando com os movimentos sociais que estão apoiando dom Cappio e que ajudaram a elegê-lo [Lula].

FOLHA - Você votou no Lula para presidente?
MOURA -
Votei, sempre votei no PT. Pô, a gente não espera que o governo esteja sempre de acordo com a gente. Mas podia estar um pouco mais.

FOLHA - A Letícia Sabatella diz que tentaram cortar o microfone dela quando lia carta do bispo num evento do governo da Bahia.
MOURA -
Eu soube que ela conversou com o [governador da Bahia] Jaques Wagner. E ele foi bastante ríspido. Disse qualquer coisa como "vou botar uma ambulância para o bispo". Apoiei a candidatura dele. Mas fico decepcionado por ter sido tão insensível, sabe, cara?

FOLHA - Mudando de assunto: sua participação em um comercial de cerveja, logo depois de interpretar o capitão Nascimento em "Tropa de Elite", gerou alguma polêmica por causa da cena em que a Juliana Paes te manda "matar" a bebida e você pergunta: "Matar quem?".
MOURA -
O capitão Nascimento virou uma coisa meio pop. As pessoas têm que levar isso menos a sério. Não soube da polêmica. Nem pensei que fossem achar ofensivo. Achei que era uma brincadeira com o personagem.

FOLHA - O que acha de o ministro da Saúde tentar proibir os comerciais de cerveja?
MOURA -
Não sei, sabia, cara? Eu fiz o comercial, eu gosto de cerveja, eu bebo. Acredito que haja pessoas que tenham problema com bebida e que não deve ser vendida em estradas, por exemplo. Mas não tenho opinião formada. Não sou muito a favor de proibições, sou a favor de legalizações.

FOLHA - Em caso de proibição, o cachê fará falta?
MOURA -
Você ganha um dinheiro bom. Para mim, que não sou contratado de TV, é ótimo fazer comercial. Mas muito mais importante que falar de cerveja é falar de dom Cappio.

Juca Gil
No jantar anteontem no Palácio da Alvorada, em torno de um robalo com legumes, Gilberto Gil e Lula combinaram o seguinte: se algum dia Gil deixar o Ministério da Cultura (ele, mais uma vez, adiou sua saída, prevista para janeiro), o sucessor será Juca Ferreira, atual secretário-executivo da pasta.

VÔO CEGO
As empresas aéreas estão dispostas a recorrer à Justiça caso a MP que o governo vai baixar com novas regras para o setor determine que sejam elas as únicas a receber multas por atraso nos vôos. Vão alegar que a lei não pode penalizá-las de forma diferente de órgãos estatais como a Infraero, responsável pelos serviços nos aeroportos, e o Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo), que cuida do "trânsito" nos céus do país.

VÔO CEGO 2
O governo está quebrando a cabeça para encontrar uma solução jurídica que penalize também os órgãos estatais. A complicação é: como a Infraero pagará multas se não tem dinheiro já previsto no orçamento para tanto? E como, no caso do Decea, o governo vai multar o próprio governo? A assessoria do ministro Nelson Jobim (Defesa) diz que o pacote de medidas será baixado de qualquer forma, ainda que a solução para as penalidades aos órgãos estatais não seja contemplada num primeiro momento.

ESPANTALHO
Da mesma época da obra furtada do Masp, outra tela de Portinari (o "Espantalho" de 1940) foi vendida por R$ 3,85 milhões no Rio de Janeiro há cerca de um mês. "Portinari tem muito mercado no Brasil", diz a galerista Soraia Cals, que vendeu o trabalho a um empresário paulista. "Se eu fosse levar a leilão "O Lavrador de Café" [obra furtada do Masp], venderia por R$ 2,5 milhões", completa.

LAVRADOR
E o marchand Ricardo Camargo está com três encomendas de Portinari para empresários paulistas. "Um quer algo de até US$ 200 mil, o outro não tem problema de dinheiro e assim vai", diz ele, que, só em 2007, negociou cinco obras do artista modernista.

DEU ZEBRA
A "Playboy" de Mônica Veloso, ex-amante de Renan Calheiros, não rendeu o esperado. Vendeu menos que a edição campeã do ano, com a ex-BBB Íris Stefanelli na capa, e que a da bandeirinha Ana Paula Oliveira. Disputa o bronze com a ex- BBB Fani Pacheco.

CADÊ A BRASÍLIA?
Um aposentado estuda processar a TV Record por tomar emprestada sua Brasília ano 76 e nunca mais devolver. Uma reforma do carro foi mostrada no programa "Hoje em Dia", de Ana Hickmann. "Ofereceram desmontado de volta", diz Maria do Carmo Alves, filha do dono do veículo. A TV diz que vai "resolver o problema".

SETE CHAVES
Aumentou a procura por "salas antigrampo", blindadas, com isolamento e sensores que impedem a entrada de celulares, câmeras e gravadores. A RCI First está construindo sete salas- três delas em Brasília.

CURTO-CIRCUITO

O PIANISTA YANIEL MATOS apresenta hoje o show "Cuba Jazz Samba", a partir das 22h, no Traço de União, em Pinheiros.
A DJ VIVIAN VIXEN toca amanhã no clube Pacha. A apresentação mistura eletrônica com vocal, guitarra e teclado ao vivo.
A COMÉDIA DE IMPROVISO "É Nóis na Chita" vai ser encenada amanhã e domingo, às 16h, no Sesc Pinheiros.
ALMA BRASILEIRA TRIO toca baião, choro e bossa nova amanhã, às 13h30, no Sesc Vila Mariana. A entrada é grátis.
O CHEF CHARLÔ WHATELY organiza almoço de Natal em sua casa amanhã, em torno da chef Lauretta, da Martinica.


com AUDREY FURLANETO, DIÓGENES CAMPANHA e DÉBORA BERGAMASCO

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