São Paulo, sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

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Última Moda

ALCINO LEITE NETO - ultima.moda@folha.com.br

Com os pés na vanguarda

A arquiteta Zaha Hadid e a estilista Vivienne Westwood criam modelos especiais de sapatos para a Melissa

A iraquiana Zaha Hadid é um dos principais nomes da arquitetura contemporânea. Foi a única mulher a ganhar o Prêmio Pritzker, o Nobel dos arquitetos. Tem projetos importantes em vários países, dos EUA à China, da Espanha a Taiwan, da Alemanha ao Qatar.
Ela também já visitou o Brasil algumas vezes, para conferir as obras de Niemeyer, que adora. Mas nunca foi convidada para fazer um projeto arquitetônico sequer neste país onde os edifícios neoclássicos se espalham como capim.
Não faz mal. A partir de março do ano que vem, uma obra de Zaha Hadid estará disponível no Brasil. Não usa aço nem cimento, mas o plástico e vai custar em torno de R$ 100. Trata-se de uma sandália Melissa que ela projetou com zelo arquitetônico e muita audácia.
O calçado feito por Zaha Hadid não será o único projeto de peso da Melissa em 2008. Antes, a marca lança dois calçados feitos por Vivienne Westwood, a estilista que introduziu o punk na moda e é idolatrada pelos fashionistas.
A própria Vivienne virá ao Brasil divulgar as peças, que custarão R$ 99 cada uma. Ela chega em 17 de janeiro, quando também começa a São Paulo Fashion Week (leia mais sobre o evento na página ao lado). Tanto Zaha quanto Vivienne têm um contrato de dois anos com a Grendene, que é dona da Melissa, e farão quatro coleções -duas por ano.
Ambos os projetos culminam a estratégia da Melissa de convidar estilistas, designers e até músicos para desenhar os calçados. Já fizeram Melissas, entre outros, os irmãos Campana, o designer Karim Rashid e a cantora Lovefoxxx, do Cansei de Ser Sexy. Antes deles, nos anos 70, também os estilistas Thierry Mugler e Jean-Paul Gaultier foram convidados.
"Melissa não é sapato, é muito mais um objeto de design, um acessório de moda", diz Paulo Pedó Filho, 36, gerente da divisão Melissa.
Na Grendene -que também produz as sandálias Rider e Ipanema, mais voltadas para o mercado popular-, a Melissa representa muito pouco das vendas da empresa, segundo Paulo (que não revela números). A função da marca é principalmente capitalizar prestígio junto aos formadores de opinião. Mas nem sempre foi assim.
Ao ser criada, em 1979, a Melissa também visava à massificação. As vendas, porém, deixaram muito a desejar. A grife passou anos indecisa sobre o seu futuro, até que no final dos anos 90 resolveu apostar no design de vanguarda. A loja-conceito Galeria Melissa faz parte dessa estratégia.
As mudanças foram bem-sucedidas, inclusive para a imagem internacional da Melissa. Em 2006, os pontos de venda da marca no exterior passaram de 70 para 300, em 80 países, freqüentemente em lojas prestigiosas e moderninhas, como a Colette, em Paris.
Curiosamente, outro produto brasileiro feito de material pouco nobre -a borracha- faz também sucesso no exterior: a Havaianas, produzidas pela Alpargatas. Mas, para Paulo Pedó, não há como comparar a Havaianas com a Melissa.
"A Havaianas tem todo o mérito do mundo por seu sucesso, mas ela não concorre conosco, porque é um monoproduto, baseado num só desenho, que, aliás, é de origem japonesa. A Melissa é outra categoria de produto, pois a gente se renova em cada design", diz.
As Melissas são feitas de um plástico macio e facilmente moldável, o Melflex -cuja fórmula a Grendene guarda a sete chaves.
Antes de a peça ficar pronta, o caldo plástico que vai moldá-la recebe uma mistura de essências aromáticas -outro segredo- que dará a alguns calçados um cheirinho parecido ao de tutti-frutti.
O principal segredo da Melissa, porém, parece ser este componente que falta tanto ao país: ousadia + gosto pelo novo.


com VIVIAN WHITEMAN

modinha

Nasce a Maria Bonitinha

A grife carioca Maria Bonita Extra lançou nesta semana sua linha infantil, batizada de Maria Bonitinha. A primeira coleção é formada por uma série de vestidinhos feitos com tecidos dos últimos desfiles da marca.
Por enquanto, as peças, que custam em média R$ 250, serão vendidas nas lojas da Maria Bonita Extra. Estampas de grande sucesso entre as clientes crescidas da grife, como a oncinha sobre fundo cinza (na foto acima), agora também estão disponíveis para meninas de 2 a 8 anos.
"Para o inverno, teremos calças, casaquetes e shortinhos. Uma fofura!", anima-se a estilista Ana Magalhães, 40, que assumiu a direção criativa da Extra em setembro, após a saída de Andrea Marques. A designer mineira, que fará seu primeiro desfile à frente da grife no Fashion Rio, em janeiro, também ficou responsável pela criação da linha infantil.

fast fashion

FASHION RIO
Pela primeira vez, o Fashion Business, feira de negócios do Fashion Rio, terá desfiles das marcas expositoras. As apresentações, direcionadas aos compradores, acontecem entre os dias 8 e 11 de janeiro, quando rola a temporada outono/inverno 2008 do evento. Além disso, a feira ganhará uma seção exclusiva para cosméticos e produtos de beleza.

TIME TOP
A Louis Vuitton chamou um time de seis supermodels para sua nova campanha. Entre elas, Naomi Campbell e Claudia Schiffer.

AULA PRÁTICA
Vinte alunos do curso de Design de Moda do Senac mostrarão suas criações em um desfile e em uma exposição na SP Fashion Week.

Animale e Amapô estréiam na SP Fashion Week

A grife Animale trocou o Fashion Rio pela São Paulo Fashion Week. A sexy marca carioca faz sua estréia nas passarelas paulistas na próxima edição do evento, que acontece entre os dias 16 e 21 de janeiro e terá como tema a diversidade. A outra novidade da SPFW será a estréia da grife Amapô, das estilistas Carô Gold e Pitty Taliani. No total, serão apresentados 40 desfiles de 38 grifes, como indica o quadro à esquerda.
"A história da Animale no Fashion Rio foi muito interessante, com crescimento constante a cada edição. Agora, a intenção é ampliar os negócios da grife, abrir novos mercados. E, para isso, estar na São Paulo Fashion Week será um passo estratégico muito importante", afirma Luís Fiod, diretor da Mint, agência que cuida da estratégia de imagem da Animale.
Segundo Carô Gold, a ida da Amapô para a SPFW decorre do amadurecimento comercial da grife. "Quando percebemos que já tínhamos uma estrutura mais sólida, fomos atrás do evento. O desfile vai mostrar a evolução que tivemos nos últimos anos", diz Carô.
A Amapô foi uma das grifes que mais se destacaram no extinto Amni Hot Spot, também promovido pela SPFW e dedicado a jovens estilistas.
Para o empresário Paulo Borges, diretor da SPFW, a inclusão da Animale e da Amapô fortalece dois objetivos do evento: promover os jovens estilistas e reunir as marcas mais atuantes do mercado. "A Animale faz parte de um grupo de grifes muito interessadas na construção da cultura de moda no Brasil. A Amapô, como outros jovens criadores da SPFW, é um agente de transformação desta cultura", diz.
A decisão da Animale de desfilar em São Paulo desfere um golpe forte no Fashion Rio, onde a grife fazia um dos desfiles mais aguardados.
As duas marcas entraram para o line-up da SPFW após a aprovação de um comitê formado por 12 profissionais, uma espécie de júri que seleciona os novos participantes do evento.


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