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Última Moda
ALCINO LEITE NETO - ultima.moda@folha.com.br
Com os pés na vanguarda
A arquiteta Zaha Hadid e a estilista Vivienne Westwood criam modelos especiais de sapatos para a Melissa
A iraquiana Zaha Hadid é um
dos principais nomes da arquitetura contemporânea. Foi a
única mulher a ganhar o Prêmio Pritzker, o Nobel dos arquitetos. Tem projetos importantes em vários países, dos
EUA à China, da Espanha a Taiwan, da Alemanha ao Qatar.
Ela também já visitou o Brasil algumas vezes, para conferir
as obras de Niemeyer, que adora. Mas nunca foi convidada para fazer um projeto arquitetônico sequer neste país onde os
edifícios neoclássicos se espalham como capim.
Não faz mal. A partir de março do ano que vem, uma obra de
Zaha Hadid estará disponível
no Brasil. Não usa aço nem cimento, mas o plástico e vai custar em torno de R$ 100. Trata-se de uma sandália Melissa que
ela projetou com zelo arquitetônico e muita audácia.
O calçado feito por Zaha Hadid não será o único projeto de
peso da Melissa em 2008. Antes, a marca lança dois calçados
feitos por Vivienne Westwood,
a estilista que introduziu o
punk na moda e é idolatrada
pelos fashionistas.
A própria Vivienne virá ao
Brasil divulgar as peças, que
custarão R$ 99 cada uma. Ela
chega em 17 de janeiro, quando
também começa a São Paulo
Fashion Week (leia mais sobre
o evento na página ao lado).
Tanto Zaha quanto Vivienne
têm um contrato de dois anos
com a Grendene, que é dona da
Melissa, e farão quatro coleções
-duas por ano.
Ambos os projetos culminam
a estratégia da Melissa de convidar estilistas, designers e até
músicos para desenhar os calçados. Já fizeram Melissas, entre outros, os irmãos Campana,
o designer Karim Rashid e a
cantora Lovefoxxx, do Cansei
de Ser Sexy. Antes deles, nos
anos 70, também os estilistas
Thierry Mugler e Jean-Paul
Gaultier foram convidados.
"Melissa não é sapato, é muito mais um objeto de design,
um acessório de moda", diz
Paulo Pedó Filho, 36, gerente
da divisão Melissa.
Na Grendene -que também
produz as sandálias Rider e
Ipanema, mais voltadas para o
mercado popular-, a Melissa
representa muito pouco das
vendas da empresa, segundo
Paulo (que não revela números). A função da marca é principalmente capitalizar prestígio junto aos formadores de
opinião. Mas nem sempre foi
assim.
Ao ser criada, em 1979, a Melissa também visava à massificação. As vendas, porém, deixaram muito a desejar. A grife
passou anos indecisa sobre o
seu futuro, até que no final dos
anos 90 resolveu apostar no design de vanguarda. A loja-conceito Galeria Melissa faz parte
dessa estratégia.
As mudanças foram bem-sucedidas, inclusive para a imagem internacional da Melissa.
Em 2006, os pontos de venda
da marca no exterior passaram
de 70 para 300, em 80 países,
freqüentemente em lojas prestigiosas e moderninhas, como a
Colette, em Paris.
Curiosamente, outro produto brasileiro feito de material
pouco nobre -a borracha- faz
também sucesso no exterior: a
Havaianas, produzidas pela Alpargatas. Mas, para Paulo Pedó,
não há como comparar a Havaianas com a Melissa.
"A Havaianas tem todo o mérito do mundo por seu sucesso,
mas ela não concorre conosco,
porque é um monoproduto, baseado num só desenho, que,
aliás, é de origem japonesa. A
Melissa é outra categoria de
produto, pois a gente se renova
em cada design", diz.
As Melissas são feitas de um
plástico macio e facilmente
moldável, o Melflex -cuja fórmula a Grendene guarda a sete
chaves.
Antes de a peça
ficar pronta, o
caldo plástico que vai
moldá-la recebe uma
mistura de
essências aromáticas -outro segredo- que dará a alguns calçados um cheirinho parecido ao de tutti-frutti.
O principal segredo da Melissa, porém, parece ser este componente que falta tanto ao país:
ousadia + gosto pelo novo.
com VIVIAN WHITEMAN
modinha
Nasce a Maria Bonitinha
A grife carioca Maria Bonita
Extra lançou nesta semana sua
linha infantil, batizada de Maria Bonitinha. A primeira coleção é formada por uma série de
vestidinhos feitos com tecidos
dos últimos desfiles da marca.
Por enquanto, as peças, que
custam em média R$ 250, serão
vendidas nas lojas da Maria Bonita Extra. Estampas de grande
sucesso entre as clientes crescidas da grife, como a oncinha sobre fundo cinza (na foto acima),
agora também estão disponíveis para meninas de 2 a 8 anos.
"Para o inverno, teremos calças, casaquetes e shortinhos.
Uma fofura!", anima-se a estilista Ana Magalhães, 40, que assumiu a direção criativa da Extra em setembro, após a saída
de Andrea Marques. A designer
mineira, que fará seu primeiro
desfile à frente da grife no Fashion Rio, em janeiro, também
ficou responsável pela criação
da linha infantil.
fast fashion
FASHION RIO
Pela primeira vez, o
Fashion Business, feira
de negócios do Fashion
Rio, terá desfiles das
marcas expositoras. As
apresentações, direcionadas aos compradores, acontecem entre os
dias 8 e 11 de janeiro,
quando rola a temporada outono/inverno
2008 do evento. Além
disso, a feira ganhará
uma seção exclusiva
para cosméticos e produtos de beleza.
TIME TOP
A Louis Vuitton chamou um time de seis supermodels para sua nova campanha. Entre
elas, Naomi Campbell e Claudia Schiffer.
AULA PRÁTICA
Vinte alunos do curso
de Design de Moda do
Senac mostrarão suas
criações em um desfile
e em uma exposição na
SP Fashion Week.
Animale e Amapô estréiam na SP Fashion Week
A grife Animale trocou o Fashion Rio pela São Paulo Fashion Week. A sexy marca carioca faz sua estréia nas passarelas
paulistas na próxima edição do
evento, que acontece entre os
dias 16 e 21 de janeiro e terá como tema a diversidade. A outra
novidade da SPFW será a estréia da grife Amapô, das estilistas Carô Gold e Pitty Taliani.
No total, serão apresentados 40
desfiles de 38 grifes, como indica o quadro à esquerda.
"A história da Animale no
Fashion Rio foi muito interessante, com crescimento constante a cada edição. Agora, a intenção é ampliar os negócios da
grife, abrir novos mercados. E,
para isso, estar na São Paulo
Fashion Week será um passo
estratégico muito importante",
afirma Luís Fiod, diretor da
Mint, agência que cuida da estratégia de imagem da Animale.
Segundo Carô Gold, a ida da
Amapô para a SPFW decorre
do amadurecimento comercial
da grife. "Quando percebemos
que já tínhamos uma estrutura
mais sólida, fomos atrás do
evento. O desfile vai mostrar a
evolução que tivemos nos últimos anos", diz Carô.
A Amapô foi uma das grifes
que mais se destacaram no extinto Amni Hot Spot, também
promovido pela SPFW e dedicado a jovens estilistas.
Para o empresário Paulo
Borges, diretor da SPFW, a inclusão da Animale e da Amapô
fortalece dois objetivos do
evento: promover os jovens estilistas e reunir as marcas mais
atuantes do mercado. "A Animale faz parte de um grupo de
grifes muito interessadas na
construção da cultura de moda
no Brasil. A Amapô, como outros jovens criadores da SPFW,
é um agente de transformação
desta cultura", diz.
A decisão da Animale de desfilar em São Paulo desfere um
golpe forte no Fashion Rio, onde a grife fazia um dos desfiles
mais aguardados.
As duas marcas entraram para o line-up da SPFW após a
aprovação de um comitê formado por 12 profissionais, uma
espécie de júri que seleciona os
novos participantes do evento.
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