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SP 450
Todas as faces
"Picasso na Oca" reúne 125 peças do artista para a maior retrospectiva de sua obra realizada na América Latina
ALEXANDRA MORAES
DA REDAÇÃO
Antes de começar, a mostra de
Picasso já atrai visitantes. Na última terça-feira, em pouco mais de
15 minutos, cerca de 30 pessoas
chegaram à porta da Oca, no parque Ibirapuera, à procura da "exposição do Picasso", cujos outdoors de divulgação, sem a data
da inauguração, estão por toda
São Paulo. A mostra só abre para
o público no dia 28.
A julgar por suas predecessoras
e pela combinação Picasso/superexposição, "Picasso na Oca" deve ser mais uma mostra de longas
filas. Em 1999, "Picasso: Anos de
Guerra 1937-1945" levou ao Masp
mais de 200 mil pessoas. Uma das
superproduções recentes da BrasilConnects -que agora traz a
mostra de Picasso-, "Guerreiros
de Xi'An", no início de 2003, foi
vista por 817.782 pessoas, recorde
em números relativos em SP.
A mostra de 1999 exibia mais
obras (150), concentradas nos
"anos de guerra". "Picasso na
Oca", no entanto, constitui a
maior retrospectiva do artista feita na América Latina, com 125 peças vindas do Museu Picasso de
Paris e a intenção de abranger todas as fases da produção do pintor malaguenho, como "presente" para o aniversário de SP.
"É uma retrospectiva para mostrar a evolução do artista, sem negligenciar nenhum período", explica à Folha a curadora do Museu Picasso, Dominique Dupuis-Labée. Além disso, a exposição foi
pensada especialmente para o espaço que a abriga: a Oca, desenhada por Oscar Niemeyer. "Em razão desse imenso espaço, escolhemos obras de grandes formatos,
além de esculturas", explica.
Inicialmente, segundo Dupuis-Labée, a mostra seria menor e
ocorreria na sede do Banco Santos (cujo ponto de interseção com
a BrasilConnects é a presidência
de Edemar Cid Ferreira), mas, numa visita à Oca, a curadora sugeriu a realização de uma exposição
mais importante naquela construção -que acabou por ganhar
espaço no título. "Adoro a arquitetura de Niemeyer. Valia a pena
fazer uma grande mostra nesse
edifício", conta Dupuis-Labée.
Orçada em R$ 6 milhões, "Picasso na Oca" coloca, sobre paredes especialmente brancas "para
destacar a obra do artista", peças
produzidas entre 1895, como a
"Garota com Pés Descalços", até
uma paisagem de 1972.
As obras do Museu Picasso
-doadas pela família em 1974
para a criação da instituição, em
1985- são as que o artista guardou para si mesmo. Dentre as que
foram trazidas, há também "Retrato de Homem" (1902-3), da
"fase azul", e "Três Figuras sob
uma Árvore", de 1907, ano em
que realizou "Les Demoiselles
d'Avignon", cujo estudo vai estar
na Oca. O cubismo é representado por "Le Sacré-Coeur" (1910) e
"Homem com Bandolim" (1911).
Na segunda metade dos anos
20, ao travar contato com o surrealismo, fez "Mulher Adormecida" e "Nu sobre Fundo Branco".
No início dos anos 30, se dedicou
à escultura, como em "Mulher
Grávida" e "Os Banhistas".
Impressionado pela Guerra Civil espanhola (1936), produziu em
1937 algumas de suas maiores
obras, como "Mulher Chorando"
e "Guernica", que foi exibida na 2ª
Bienal de São Paulo, em 1953. O
impacto da Segunda Guerra
(1939-45) também ressoa na obra
de Pablo Picasso (1881-1973).
"Os períodos históricos e a importância das guerras na produção de Picasso devem ser explicados ao público. São fatos um pouco distantes da realidade brasileira, então trabalhamos um serviço
pedagógico, de monitoria, orientado para isso", diz a curadora.
Sobre o fato de ser uma megaexposição, que pode ser admirada
pela arte em si mas também glorificada apenas como "evento",
Dominique Dupuis-Labée diz
que "não acredita nisso". "Sempre se passa algo entre as pessoas
e a obra. Mesmo que venha só
porque "tem de vir", porque é o assunto da moda ou para comentar
no jantar do dia seguinte, o espectador pode se apaixonar por Picasso, e eu espero que os brasileiros realmente se apaixonem."
PICASSO NA OCA. Quando: dia 27, às
20h, abertura para convidados. A partir
do dia 28 para o público. De ter. a sex.,
das 9h às 21h; sáb. e dom., das 10h às
21h; até 2/5. Onde: pavilhão da Oca (pq.
Ibirapuera, portões 2 e 3, São Paulo, tel.
0/xx/11/ 3253-7007). Quanto: R$ 10.
Patrocinador: Bradesco.
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