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O blefe da Rouanet
Casa Civil diz que nova lei ainda está sob análise, enquanto MinC afirma que texto está pronto e aguarda mero "protocolo"
ANA PAULA SOUSA
DA REPORTAGEM LOCAL
Primeiro, veio a festa. Depois, a saia justa. Primeiro, rodeado por artistas e batidas de
bumba-meu-boi, o ministro da
Cultura, Juca Ferreira, entregou à Câmara um maço de papéis que, no próprio site do ministério, era chamado de "projeto de lei da nova Rouanet".
Depois, a Casa Civil informou
que o projeto ainda está sob
análise e não há prazo para que
seja enviado ao Congresso.
Encenação? "Foi um ato simbólico, que não tem validade.
Atos simbólicos são comuns no
Congresso", responde o assessor do deputado Michel Temer
(PMDB-SP), presidente da Câmara. Temer recebeu, do ministro, o documento que, a esta
altura, ninguém sabe ao certo o
que era. "O deputado nem tinha conhecimento de que o
projeto não estava pronto", disse o assessor, pedindo para que
as declarações fossem atribuídas à assessoria de imprensa.
"Ele não tem como se pronunciar sem o projeto final."
O jogo de cena foi desmontado nesta semana quando, num
e-mail, o assessor de comunicação da Casa Civil, Renato Hoffmann, disse que o texto ainda
seria analisado e que, se algo
chegou ao Congresso, não partiu dali. Para não haver dúvidas,
a Folha refez a pergunta:
"O MinC diz que o projeto
que está na Casa Civil já foi
analisado e irá para o Congresso em fevereiro, ou seja, que
ainda não deu entrada no Congresso por mera questão processual. Mas, pelo que você diz,
o projeto ainda passará por
análise. É isso?" Resposta: "É
isso. O texto que chegou à Casa
Civil será analisado." Há prazo? "Não."
Ao saber da troca de e-mails,
o secretário de políticas culturais do MinC, José Luiz Herência, insistiu que o projeto já havia sido analisado. "Entregamos ao Congresso o texto finalizado. O que falta é mera processualidade."
O ministro interino, Alfredo
Manevy, que na sexta-feira
passada havia confirmado que
o projeto, em fevereiro, entraria em tramitação com pedido
de urgência urgentíssima, também negou a informação.
"Ontem alguém me disse que
a Folha tinha falado na Casa
Civil e eu, na hora, liguei pra lá
e falei com a pessoa que está finalizando a formalização do
projeto. Ele só não foi entregue
por problema de recesso parlamentar e de formalidade", justificou. "Existe um projeto de
lei, que está concluído. Vou ligar agora para a Casa Civil para
que eles emitam uma nota dizendo que não está mais em
análise. Deixa eu corrigir isso.
Vou pedir para retificarem."
Até o fechamento desta edição,
não houve, por parte da Casa
Civil, retificação ou mesmo
resposta aos telefonemas.
Questionado sobre a informação errada trazida a público
em dezembro, sobre o envio do
projeto de lei, Manevy insistiu:
"O que os jornais e revistas noticiaram é verdade. Tem uma
cobrança em torno de toda essa
parte procedimental que é secundária nesse processo que
tem substância, veracidade.
Mas, tudo bem, a palavra não
foi certa, deveríamos ter dito
que o protocolo formal sairia
em fevereiro. Deve ter sido um
erro."
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