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Artigo/Réplica
Considerar Ibram como "escritório" é desconhecer sua história
JORGE SCHWARTZ
MÔNICA XEXÉO
VERA DE ALENCAR
ESPECIAL PARA A FOLHA
Causa estranheza que, em 30
anos, o professor Paulo Sergio
Duarte não tenha percebido
mudanças nos museus de arte
do Rio e de São Paulo, notadamente nos últimos anos, com a
formulação da Política de Museus, discutida nacionalmente.
Nunca antes neste país tivemos
uma política para a área.
A afirmação de que o Ibram
"é um escritório com uma diretoria e alguns assessores" não
passa de uma opinião que desconhece a história da instituição. Se, por um lado, o Instituto
foi criado muito recentemente,
em 7 de maio de 2009, a ação na
esfera da rede federal dos museus existe intensamente desde
a criação do Demu (Departamento de Museus), que era parte do Iphan (Instituto de Patrimônio Histórico Nacional).
É graças a este desmembramento que hoje contamos com
uma Rede Nacional de Museus,
autônoma e nos moldes do que
já existe em países com experiência museológica de excelência, e com inegável sucesso,
como a França e a Espanha.
Os orçamentos dos museus
federais aumentaram sensivelmente em todos os setores (expositivo, educativo, segurança,
restauração, aquisição e informatização de acervos), como
não se via há anos. Os planos
anuais, debatidos pelas diretorias e pelos setores técnicos nacionalmente, são prova cabal
dos orçamentos crescentes e de
visão planificada da cultura.
Sobre a delicada questão da
remuneração das diretorias em
museus que adquiriram o estatuto de organização social, o
que o Ibram defende com clareza é que os diretores dos museus públicos sejam remunerados apenas pelo Estado, e não
pela associação de amigos, cuja
função não é a de captar recursos para duplicar salários em
instituições por eles dirigidas.
Lembramos ainda que embora a Fundação Hélio Oiticica
não pertença aos quadros do
Ibram, este foi o primeiro a
prestar socorro, com envio
imediato de museólogos e restauradores para salvar o patrimônio desta grande coleção.
Lamentamos que o caráter
combativo de um intelectual do
porte de Paulo Sergio Duarte se
desgaste em afirmações que
desconhecem o histórico, a realidade e os programas do
Ibram, para os quais ele está
convidado a participar. Talvez
descubra assim espaços onde
os nossos educadores de arte
têm sim o que ensinar.
JORGE SCHWARTZ é diretor do Museu Lasar
Segall, SP;
MÔNICA XEXÉO é diretora do Museu
Nacional de Belas Artes, RJ;
VERA DE ALENCAR é diretora dos Museus Castro Maia, RJ
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