São Paulo, sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Artigo/Réplica

Considerar Ibram como "escritório" é desconhecer sua história

JORGE SCHWARTZ
MÔNICA XEXÉO
VERA DE ALENCAR
ESPECIAL PARA A FOLHA

Causa estranheza que, em 30 anos, o professor Paulo Sergio Duarte não tenha percebido mudanças nos museus de arte do Rio e de São Paulo, notadamente nos últimos anos, com a formulação da Política de Museus, discutida nacionalmente.
Nunca antes neste país tivemos uma política para a área. A afirmação de que o Ibram "é um escritório com uma diretoria e alguns assessores" não passa de uma opinião que desconhece a história da instituição. Se, por um lado, o Instituto foi criado muito recentemente, em 7 de maio de 2009, a ação na esfera da rede federal dos museus existe intensamente desde a criação do Demu (Departamento de Museus), que era parte do Iphan (Instituto de Patrimônio Histórico Nacional).
É graças a este desmembramento que hoje contamos com uma Rede Nacional de Museus, autônoma e nos moldes do que já existe em países com experiência museológica de excelência, e com inegável sucesso, como a França e a Espanha.
Os orçamentos dos museus federais aumentaram sensivelmente em todos os setores (expositivo, educativo, segurança, restauração, aquisição e informatização de acervos), como não se via há anos. Os planos anuais, debatidos pelas diretorias e pelos setores técnicos nacionalmente, são prova cabal dos orçamentos crescentes e de visão planificada da cultura.
Sobre a delicada questão da remuneração das diretorias em museus que adquiriram o estatuto de organização social, o que o Ibram defende com clareza é que os diretores dos museus públicos sejam remunerados apenas pelo Estado, e não pela associação de amigos, cuja função não é a de captar recursos para duplicar salários em instituições por eles dirigidas.
Lembramos ainda que embora a Fundação Hélio Oiticica não pertença aos quadros do Ibram, este foi o primeiro a prestar socorro, com envio imediato de museólogos e restauradores para salvar o patrimônio desta grande coleção.
Lamentamos que o caráter combativo de um intelectual do porte de Paulo Sergio Duarte se desgaste em afirmações que desconhecem o histórico, a realidade e os programas do Ibram, para os quais ele está convidado a participar. Talvez descubra assim espaços onde os nossos educadores de arte têm sim o que ensinar.

JORGE SCHWARTZ é diretor do Museu Lasar Segall, SP;
MÔNICA XEXÉO é diretora do Museu Nacional de Belas Artes, RJ;
VERA DE ALENCAR é diretora dos Museus Castro Maia, RJ



Texto Anterior: Análise: Juca Ferreira anuncia projeto desde 2004
Próximo Texto: Diretores respondem a entrevista
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.