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Análise
Juca Ferreira anuncia projeto desde 2004
DA REPORTAGEM LOCAL
No primeiro mandato do
presidente Lula, Juca Ferreira,
no cargo de secretário-executivo do Ministério da Cultura
(MinC), foi o homem responsável pela compra de brigas. No
melhor estilo "morde e assopra", Ferreira protagonizava os
ataques e Gil, com a fala zen, fazia depois as ponderações.
Ferreira vinha a público atacar o uso da Lei Rouanet para
ações de marketing, diagnosticar abusos por parte de artistas
que não precisavam de auxílio
público e provocar os bancos,
que colocavam recursos da lei
nos próprios institutos.
Já em 2003, ele deu declarações sobre a necessidade de
exigir "contrapartida privada"
dos patrocinadores e "distribuir regionalmente" os recursos. Em 2004, anunciou, pela
primeira vez, que traria a público o projeto de reforma do mecanismo de renúncia fiscal que,
por artes e manhas da política
brasileira, tornou-se praticamente a única fonte de financiamento à cultura. "Alguns
lobbies introduziram certas
distorções e, ano após ano, o governo foi reduzindo sua intervenção no fomento e virou mero passador de recibos", dizia.
Cabe lembrar que, no próprio programa de governo do
PT, constavam críticas ao modelo de renúncia e ao uso indiscriminado da lei por instituições que, com o próprio imposto, bancavam casas de cultura
que levavam seu nome.
De lá para cá, o MinC diminuiu o volume dos ataques e até
o vocabulário. Ferreira passou
a evitar o discurso contra os
"consagrados" e, debate após
debate, tentou construir uma
espécie de "consenso" em torno do tema.
Apesar de, ao assumir a pasta, ter admitido que se sentia
"envergonhado" de falar em
prazos para o envio do projeto
de lei ao Congresso, voltou a
cravá-los no ano passado. E a
descumpri-los. Mas, às vésperas do Natal, parecia respirar
aliviado. Deu entrevistas em
que comemorava a "missão
cumprida". Convidou artistas a
Brasília, bancados pelo governo, para celebrar o projeto.
Entre Natal e Ano Novo, surge a informação de que a tal entrega foi mero "ato simbólico".
Agora, a Casa Civil diz que o
projeto, que em dezembro todos acreditaram ter sido protocolado no Congresso, ainda está sob análise. Vale reproduzir,
aqui, a pergunta feita pelo produtor Paulo Pélico ao saber
desta reportagem: "Por que fazer isso? Para fingir que cumpriu o prazo?".
(APS)
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