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Exilado em Londres desde 1965, o autor de "Três Tristes Tigres" foi um dos principais críticos do regime ditatorial de Fidel Castro
Escritor Cabrera Infante morre aos 75
DA REDAÇÃO
O escritor cubano Guillermo
Cabrera Infante morreu na noite
de ontem, no hospital Chelsea
and Westminster, em Londres
(Inglaterra), onde estava internado desde a semana passada. Ele tinha 75 anos.
O escritor morreu em conseqüência de uma septicemia (infecção do sangue), derivada dos
problemas de saúde que o acometeram nos últimos meses.
Cabrera Infante tinha dado entrada no centro médico havia
uma semana, depois de quebrar o
quadril ao cair acidentalmente em
sua casa de Londres, onde residia
havia quase 40 anos.
A mulher do escritor, Myrian
Gómez, disse que Cabrera Infante
também era diabético e estava
sendo tratado de uma pneumonia, além da fratura no quadril.
Anteriormente, Gómez havia
tranqüilizado amigos do escritor,
alarmados com a internação, afirmando que a situação de Cabrera
Infante não era grave.
Em agosto de 2004, o escritor
cubano foi submetido a uma operação de by-pass que o obrigou a
convalescer por várias semanas,
interrompendo seu ritmo de trabalho.
Cinema e literatura
Cabrera Infante nasceu em 22
de abril de 1929, em Gibara, na
Província cubana de Oriente.
Quando se mudou com sua família para Havana, em 1941, fascinou-se pelo ritmo vertiginoso da
cidade e por sua inesgotável variedade de tipos humanos. Largou a
medicina para estudar jornalismo
em 1950, mas já era atraído por
suas duas paixões -o cinema e a
literatura-, às quais decidiu se
dedicar. Em 1952, escreveu seu
primeiro conto. Dois anos depois,
tornou-se crítico cinematográfico, com o pseudônimo de G. Caín,
da revista "Carteles".
O escritor colaborou na primeira etapa da Revolução Cubana,
em 1959. Foi diretor do Conselho
Nacional de Cultura, executivo do
Instituto de Cinema e ocupou o
cargo de adido cultural de Cuba
em Bruxelas, de 1962 a 1965.
Sua consagração literária veio
em 1964, quando ganhou o prêmio Biblioteca Breve por seu livro
"Três Tristes Tigres". Em 1965 teve seu confronto definitivo com o
regime de Fidel. Quando voltou a
Cuba, foi detido pelo serviço de
contra-inteligência do regime de
Fidel, mas conseguiu fugir da ilha
e chegou a Madri, na Espanha.
Mas dificuldades econômicas e a
recusa do regime franquista de regularizar sua situação o fizeram
partir para Londres, onde se instalou definitivamente.
Para além da política e da dor do
exílio, sua obra seguiu adiante.
Em "Exorcismos de Es(t)ilo"
(1976), jogou com a literatura;
"Havana para um Infante Difunto" (1979) revelou sua maestria
para o gênero autobiográfico;
"Un Oficio del Siglo 20" (1973)
reuniu suas críticas de cinema, e
"Mea Cuba" (1992), seus artigos
políticos; "Fumaça Pura" (1985) é
sua homenagem à língua inglesa.
Além destes, Cabrera Infante escreveu outros livros, fez adaptações (como a de "Sob o Vulcão",
de Malcolm Lowry), e produziu
milhares de artigos.
Em 1997, o cubano recebeu o
prêmio Cervantes, concedido pelo governo espanhol.
Em uma entrevista, citou o escritor português Eça de Queirós e
disse que, como ele,"era desses
que passam pela vida com uma
gargalhada de passagem". Sua risada agora se calou. Sua literatura
segue intacta.
Com agências internacionais
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