São Paulo, sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Zeca Pagodinho faz sua "saideira" do "Acústico" e rebate polêmicas

Ele não se importa em ser procurado para falar de bebida: "É porque tô no auge"

LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Zeca Pagodinho não tem o que dizer sobre seu show de hoje e amanhã em São Paulo. Já é a terceira vez que traz o espetáculo "Acústico MTV - Gafieira" à cidade. Será a "saideira", ele diz. Isso não significa que não vale a pena ler esta entrevista.
Pagodinho topou ir além da parceria com a MTV, que vendeu mais de 1,3 milhão de CDs e DVDs. Não reclamou nem de perguntas sobre cerveja e polêmicas que envolvem seus comerciais da Brahma. Confira.

 

FOLHA - Como será seu novo disco?
ZECA PAGODINHO -
Ué, de samba.

FOLHA - Isso eu já imaginava...
PAGODINHO -
É o que faço sempre, com Zé Roberto, Arlindo, Almir Guineto, Monarco...

FOLHA - Você compôs algo?
PAGODINHO -
Deixo com a rapaziada, porque é uma caderneta de poupancinha pra eles. Tem um pessoal que tá lá atrás, precisando arrumar um qualquer.

FOLHA - Você fez 49 anos agora. Com se sente quase cinqüentão?
PAGODINHO -
Tem muita gente que eu conheci que não conseguiu chegar nem a 30 porque ficou doente, mataram, sumiu.

FOLHA - O que acha do Zé da Feira [Eri Johnson], o sambista de "Duas Caras" inspirado em você?
PAGODINHO -
As dificuldades de subir na carreira têm a ver comigo. É um cara que lutou, teve dificuldades, o vício da bebida, conheci várias pessoas assim.

FOLHA - O fato de ele ser alcoólatra não incomoda?
PAGODINHO -
Mas eu não sou alcoólatra, não ando caído de bobeira na rua. Ele é inspirado, porra, não é o Zeca Pagodinho.

FOLHA - A cerveja não atrapalha a sua vida em nenhum momento?
PAGODINHO -
Minha vida é que atrapalha a minha cerveja. Quando tô bebendo, tem sempre alguém pra falar comigo.

FOLHA - Você se irrita por sempre ser procurado para falar de cerveja?
PAGODINHO -
Não, isso é porque tô no auge. Se tivesse lá embaixo, ninguém lembrava de mim.

FOLHA - O que pensa sobre o projeto de tornar crime dirigir após tomar mais de duas latas de cerveja?
PAGODINHO -
É certo. Fizemos o bloco da Cachaça; a letra do samba dizia que "volante com cachaça não combina, sou um cachaça, mas não sou burro". Fiz um outdoor "Se beber, vá de táxi". Já tão achando que levei uma nota dos táxis, do Detran, não levei porra nenhuma, levei sim uma luta pela vida.

FOLHA - Você dirige após beber?
PAGODINHO -
Não, nem antes.

FOLHA - Você não dirige?
PAGODINHO -
É porque tô renovando minha carteira, nunca dá, e pra não ficar me aporrinhando vou andando a pé, tem motorista, entro em qualquer carro, "me deixa ali cumpade".

FOLHA - Continua irritado com o ministro da Saúde [que propôs que artistas não anunciassem bebida]?
PAGODINHO -
Não, não é um cara de bobeira não, sabe o que faz. Mas tem que ter um projeto mais de educação do que punição. Aí vai prender, e qualquer dia essa porra vai virar só grade.

FOLHA - E a reclamação dos gays que não gostaram da tradução de "happy hour" para "hora alegre" em seu comercial da Brahma?
PAGODINHO -
Falei pros caras que ia dar problema, mas eles mandam. Não tinha a intenção de ofender. Eu me dou bem com todo mundo, tem uma porrada de veado que vem aqui em casa, cada um na sua, eles pra lá, eu pra cá. Quem quer dar dá, quem quer comer come, cada um viva a sua vida.


ACÚSTICO MTV ZECA PAGODINHO 2 - GAFIEIRA
Quando:
hoje e amanhã, às 22h
Onde: Credicard Hall (av. Nações Unidas, 17.955, São Paulo, tel: 0/xx/11/6846-6010)
Quanto: de R$ 60 a R$ 150


Texto Anterior: Sofisticação jovial
Próximo Texto: Machado e João Cabral abrem "Coleção Folha"
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.