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Zeca Pagodinho faz sua "saideira" do "Acústico" e rebate polêmicas
Ele não se importa em ser procurado para falar de bebida: "É porque tô no auge"
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Zeca Pagodinho não tem o
que dizer sobre seu show de hoje e amanhã em São Paulo. Já é
a terceira vez que traz o espetáculo "Acústico MTV - Gafieira"
à cidade. Será a "saideira", ele
diz. Isso não significa que não
vale a pena ler esta entrevista.
Pagodinho topou ir além da
parceria com a MTV, que vendeu mais de 1,3 milhão de CDs e
DVDs. Não reclamou nem de
perguntas sobre cerveja e polêmicas que envolvem seus comerciais da Brahma. Confira.
FOLHA - Como será seu novo disco?
ZECA PAGODINHO - Ué, de samba.
FOLHA - Isso eu já imaginava...
PAGODINHO - É o que faço sempre, com Zé Roberto, Arlindo,
Almir Guineto, Monarco...
FOLHA - Você compôs algo?
PAGODINHO - Deixo com a rapaziada, porque é uma caderneta
de poupancinha pra eles. Tem
um pessoal que tá lá atrás, precisando arrumar um qualquer.
FOLHA - Você fez 49 anos agora.
Com se sente quase cinqüentão?
PAGODINHO - Tem muita gente
que eu conheci que não conseguiu chegar nem a 30 porque ficou doente, mataram, sumiu.
FOLHA - O que acha do Zé da Feira
[Eri Johnson], o sambista de "Duas
Caras" inspirado em você?
PAGODINHO - As dificuldades de
subir na carreira têm a ver comigo. É um cara que lutou, teve
dificuldades, o vício da bebida,
conheci várias pessoas assim.
FOLHA - O fato de ele ser alcoólatra
não incomoda?
PAGODINHO - Mas eu não sou alcoólatra, não ando caído de bobeira na rua. Ele é inspirado,
porra, não é o Zeca Pagodinho.
FOLHA - A cerveja não atrapalha a
sua vida em nenhum momento?
PAGODINHO - Minha vida é que
atrapalha a minha cerveja.
Quando tô bebendo, tem sempre alguém pra falar comigo.
FOLHA - Você se irrita por sempre
ser procurado para falar de cerveja?
PAGODINHO - Não, isso é porque
tô no auge. Se tivesse lá embaixo, ninguém lembrava de mim.
FOLHA - O que pensa sobre o projeto de tornar crime dirigir após tomar
mais de duas latas de cerveja?
PAGODINHO - É certo. Fizemos
o bloco da Cachaça; a letra do
samba dizia que "volante com
cachaça não combina, sou um
cachaça, mas não sou burro".
Fiz um outdoor "Se beber, vá
de táxi". Já tão achando que levei uma nota dos táxis, do Detran, não levei porra nenhuma,
levei sim uma luta pela vida.
FOLHA - Você dirige após beber?
PAGODINHO - Não, nem antes.
FOLHA - Você não dirige?
PAGODINHO - É porque tô renovando minha carteira, nunca
dá, e pra não ficar me aporrinhando vou andando a pé, tem
motorista, entro em qualquer
carro, "me deixa ali cumpade".
FOLHA - Continua irritado com o
ministro da Saúde [que propôs que
artistas não anunciassem bebida]?
PAGODINHO - Não, não é um cara de bobeira não, sabe o que
faz. Mas tem que ter um projeto
mais de educação do que punição. Aí vai prender, e qualquer
dia essa porra vai virar só grade.
FOLHA - E a reclamação dos gays
que não gostaram da tradução de
"happy hour" para "hora alegre"
em seu comercial da Brahma?
PAGODINHO - Falei pros caras
que ia dar problema, mas eles
mandam. Não tinha a intenção
de ofender. Eu me dou bem
com todo mundo, tem uma
porrada de veado que vem aqui
em casa, cada um na sua, eles
pra lá, eu pra cá. Quem quer dar
dá, quem quer comer come, cada um viva a sua vida.
ACÚSTICO MTV ZECA PAGODINHO 2 - GAFIEIRA
Quando: hoje e amanhã, às 22h
Onde: Credicard Hall (av. Nações Unidas, 17.955, São Paulo,
tel: 0/xx/11/6846-6010)
Quanto: de R$ 60 a R$ 150
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