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Editoras universitárias buscam maior público
Desejo de profissionalização leva seis entre as maiores editoras a criarem liga
Segundo diretores, associação que inclui editoras da USP, Unicamp e UFMG visa agilidade e visibilidade internacional
MARCOS STRECKER
DA REPORTAGEM LOCAL
Um racha inédito divide as
editoras universitárias, que estavam agrupadas há 20 anos na
Associação Brasileira das Editoras Universitárias (Abeu).
A criação da Liga das Editoras Universitárias (LEU) foi
formalizada no último dia 2 pela Edusp (Editora da USP), pela
Editora da Unicamp, Editora
UFMG, Editora da UFPA, Editora UnB e Imprensa Oficial do
Estado de São Paulo.
A ruptura tem como causa
imediata o processo de eleição
da atual diretoria da Abeu, em
2009, que levou ao desligamento de algumas delas. Mas tem
como pano de fundo diferenças
de visão sobre essas editoras,
que nasceram como apêndices
das universidades, mas estão
cada vez mais profissionalizadas e independentes, adotando
formas de gestão mais próximas das editoras comerciais.
A atual presidente da Abeu,
Flávia Rosa, diretora da Editora da Universidade Federal da
Bahia, não vê a cisão como um
sinal de esvaziamento da associação, que registra atualmente
101 filiadas. "Não creio em enfraquecimento, mas claro que o
ideal é a união de todos, e esse é
o nosso desejo", disse.
O diretor da Editora UFMG,
Wander Melo Miranda, evita
comentar as diferenças. Mas cita uma questão de "afinidades
eletivas". "Temos maior afinidade de programa. Muitas vezes a Abeu não cumpria com o
objetivo que queríamos." Ele
diz que a LEU será mais ágil, vai
permitir mais parcerias, coedições e participação em eventos.
Plinio Martins Filho, diretor-presidente da Edusp, diz que
havia "muita reunião e pouca
produção" e cita a participação
conjunta no Salão do Livro de
Paris, em março próximo, como um marco. Além de agirem
mais agressivamente na compra de títulos, as editoras da
LEU também vão buscar licenciar suas edições no exterior.
As editoras por trás da nova
liga estão entre as mais estáveis
e profissionalizadas. Os números são escassos, mas todos são
unânimes em apontar um crescimento substancial em lançamentos e vendas. A professora
Leilah Santiago Bufrem
(UFPR), que analisou o segmento em "Editoras Universitárias no Brasil" (Edusp, 2008),
diz que havia apenas 66 editoras em 1999.
"Nos dois últimos anos, crescemos muito", diz Martins Filho, da Edusp. Ele afirma que a
editora já lança 150 títulos por
ano, incluindo reedições. Ele
diz que a Edusp publica com a
renda dos seus próprios livros.
"O orçamento [da USP] paga os
funcionários e o prédio. De certa forma, temos autossuficiência. Não oneramos a universidade." O faturamento anual é
de cerca de R$ 5 milhões.
Segundo Wander Melo Miranda, a Editora UFMG lança
anualmente cerca de 90 títulos
(50 inéditos). "As receitas são
todas reaplicadas na editora,
para que ela possa crescer. Em
2000, éramos uma editora local, só com dez títulos anuais."
Uma das editoras que melhor
representa o crescimento das
universitárias, no entanto, não
faz parte da nova agremiação. A
Editora da Unesp, que em 1996
virou fundação, lançou edições
de bolso e tem se destacado ao
perseguir uma qualidade gráfica atraente, com títulos que alcançam um público maior.
Além disso, ampliou a rede
de livrarias. "Como experiência
"fundacional" somos a única, inclusive no mundo ibero-americano", diz o diretor-presidente
José Castilho.
Todas as editoras ressaltam
que não procuram competir
com as editoras comerciais e
que evitam a publicação de ficção, por exemplo.
Como importante apoio para
a LEU está a Imprensa Oficial
do Estado de São Paulo, que se
tornou uma sociedade anônima em 2003. "Já conquistamos
20 Prêmios Jabuti desde 2004,
sendo dois como Livro do Ano",
diz o diretor-presidente, Hubert Alquéres.
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