MÁRVIO DOS ANJOS
DA REDAÇÃO

O show "Sandra de Sá - Música Preta Brasileira", que vai ao ar amanhã, às 21h15, no Multishow, é a segunda edição de uma parceria que o canal vem arquitetando com gravadoras, promovendo a marca Multishow ao Vivo.
A exemplo da estratégia que a MTV celebrizou há anos com o "Acústico MTV", grava-se um show, lançam-se um disco e um DVD e o projeto ganha pompa e circunstância na programação do canal, com direito a exibição de um "making of" -que acontece antes do show propriamente dito.
Sandra de Sá é a segunda artista nesse projeto, que já costurou a parceria entre Raimundo Fagner e Zeca Baleiro. Aqui a cantora descortina seus 23 anos de carreira entre funk, soul e baladas black, com um vigor vocal invejável.
Há, porém, duas questões históricas nesse formato de show para TV que ficam perceptíveis em "Música Preta Brasileira". A primeira fica por conta do ambiente de gravação.
Como não se trata de um show "à vera", a apresentação se ressente de um calor que só as massas voluntariosas são capazes de dar.
Enquanto nossa melhor "soulwoman" comanda um bailão, vêem-se dancinhas tímidas e gente cochichando na primeira fila.
A segunda é a necessidade de "convidar" muita gente. Se fosse econômica nesse quesito, a produção poderia ter dado mais destaque ao fantástico trio que Sandra forma com Luciana Mello e Alcione em "Black Is Beautiful", sucesso de Marcos e Paulo Sérgio Valle na voz de Elis Regina, que ficou bem mais interessante no repertório do show do que as contribuições de Toni Garrido e Gabriel O Pensador.
Sozinha, Sandra exibe carisma e competência em (boa) música de apelo popular, de hits fáceis e abundantes. E é preciso destacar a escolha de "Enredo do Meu Samba" de Yvonne Lara e Jorge Aragão, em versão dançante. Afinal, samba também é música preta.